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Descarte de matrizes melhora preço do leite

O preço do leite recebido pelo produtor subiu em fevereiro, segundo levantamento do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP. Na “média Brasil”, que envolve Estados produtores como Goiás, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo e Bahia, o valor líquido foi de R$ 1,21 pelo litro, aumento de 2,7 centavos o litro ou de 2,2% em relação a janeiro e de 17% sobre fevereiro de 2016. Contabilizando-se frete e impostos, o preço bruto médio foi de R$ 1,32 por litro, 2% superior ao do mês anterior e 18,6% acima do de fevereiro do ano passado, em termos reais (valores deflacionados pelo IPCA de janeiro de 2017).

Segundo pesquisadores do Cepea, as reações nos preços do leite, que caíram entre setembro e dezembro e se estabilizaram em janeiro, estiveram atreladas principalmente à menor oferta. Além do clima adverso, especialmente excesso de chuvas, em algumas bacias produtoras, que vem refletindo em queda na produção desde janeiro, os menores investimentos na atividade leiteira – reforma e manutenção das pastagens, compra de animais, medicamentos – reforçam a diminuição na disponibilidade do produto. O típico aquecimento do consumo com o retorno das aulas contribuiu para as valorizações do leite, embora a demanda continue abaixo do esperado por agentes.

Descarte de matrizes

Em Itaberaí, Gilson Costa, tradicional produtor de leite, confirmou a reação nos preços do leite in natura entregues às usinas de laticínios. “Hoje, sentimos uma corrida para a soja e o milho, onde os preços estão bons pela crescente demanda”, observa. Ele atribui a reação nos preços do leite à menor oferta em decorrência das matrizes que foram descartadas. Segundo ele, a pecuária de corte está sentindo também a baixa nos preços da arroba do boi gordo.

A captação do leite pelos laticínios/cooperativas diminuiu em todos estados acompanhados pelo Cepea em janeiro. Esta perspectiva bate com a linha de pensamento do produtor goiano Gilson Costa. Em relação a dezembro/16, houve queda de 3,69% no Índice de Captação de Leite do Cepea (ICAP-L), ante um ligeiro recuo observado no mês anterior, de 0,1%, após seis meses consecutivos de aumentos. Bahia e Goiás registraram as maiores quedas em jan/17, de 5,48% e de 4,15%, respectivamente, seguidos por Santa Catarina (3,93%), São Paulo (3,21%), Minas Gerais (2,47%), Rio Grande do Sul (1,64%) e Paraná (0,27%).

Para março, a expectativa é que os preços do leite sigam em alta, ainda impulsionados pela oferta restrita de matéria-prima e pela recuperação gradativa da demanda. Dos agentes entrevistados pelo Cepea, 58,5% apostam em nova valorização do leite no próximo mês, enquanto 38,5% acreditam em estabilidade. Apenas 3,1% dos colaboradores consultados esperam queda nas cotações para março.

Pouca intensidade

Por outro lado, segundo colaboradores do Cepea, nesta entressafra, prevista para iniciar entre março e abril, não são esperados aumentos de preços na intensidade ocorrida no mesmo período do ano passado. Isso porque os menores custos, influenciados principalmente pela desvalorização dos concentrados, podem estimular produtores de leite a aumentar a quantidade de ração fornecida aos animais, elevando o volume de leite produzido.

Quanto aos derivados, o preço do leite UHT subiu 4,33% de janeiro para fevereiro no atacado do estado de São Paulo – foi o terceiro aumento seguido –, com a média mensal (até o dia 23) indo para R$ 2,472/litro. No ano, a alta desse derivado chega a 9%. Para o queijo mussarela, após seis meses de queda, devido à baixa demanda e o acúmulo de estoques na indústria, os preços reagiram, acompanhando o UHT. A média parcial de fevereiro foi de R$ 14,93/kg, aumento de 1,94% em relação à de janeiro.

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