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Manifestações contra importação tomam o País

Cafeicultores dos três maiores Estados produtores de café conilon do Brasil (Espírito Santo, Bahia e Rondônia) estão prevendo manifestações e paralisações de rodovias em protesto à autorização para que o Brasil, maior produtor mundial, faça importação de café. O governo atendeu indústrias que alegam quebra da safra e a eventual falta do produto para moagem. As lideranças de produtores dos Estados produtores, sob a liderança de São Paulo, negam.

O Brasil, com uma produção estimada de 43 e 47 milhões de sacas beneficiadas para safra 2017, está prestes a importar café do Vietnã, a autorização está nas mãos da Camex (Câmara de Comércio Exterior), órgão do governo federal, com a próxima reunião marcada para hoje.

Goiás, ao contrário da soja, milho e algodão, é considerado pequeno produtor de café. O Estado produz anualmente 200 mil sacas, ocupando uma área de 6 mil hectares. A variedade preferida pelos cafeicultores goianos é a arábica. Mas entidades como a Faeg em princípio apoiam os produtores. A CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil), entidade mater das federações agrícolas nos Estados, manteve reunião em Brasília, ontem, e ficou de emitir comunicado a respeito.

Em pronunciamento na tribuna da Câmara Federal, o deputado Mário Heringer (PDT/MG) afirmou de forma enfática: “Coloco sob suspeita essa decisão, isso poderá vir a ser, meu presidente Michel Temer, mais um escândalo, como aqueles que a gente já assistiu, eu quero, ministro Blairo Maggi, que o senhor reflita antes de tomar esta decisão”.

Manipulação de preços

“Manipulação de preços”, uma liderança dos produtores entrevistado, que pediu para não ser identificado, avalia que a autorização para importação de café se trata de uma mega manipulação de mercado, “tendo em vista que a alegação da indústria é que está faltando café. A importação de um milhão de sacas de café, sendo autorizada agora, chegará ao Brasil em plena safra, safra que a Conab estima uma produção de conilon entre 8,64 e 9,63 milhões de sacas, então a importação não se justificativa”.

Especialistas do setor de produção consultados são unânimes em dizer que a importação de café será uma fatalidade para toda a cafeicultura brasileira, seja na área fitossanitária, com a entrada de doenças e patógenos que no longo prazo poderá destruir a cafeicultura nacional. No âmbito comercial, um produtor do sul de Minas Gerais afirma que o governo Temer estará estimulando a geração de emprego e o aumento da produção de café em outros países enquanto o Brasil passa por uma das maiores crises de sua história, afirma produtor.

Políticos de diversos Estados e partidos engrossam o coro contra a importação de café.
Ministério confirma importações

Foi publicada na edição de segunda-feira a Instrução Normativa número 7, que estabelece os requisitos fitossanitários para a importação de grãos de café conilon produzidos no Vietnã. A publicação é pré-requisito necessário à importação da cota de até 1 milhão de sacas de 60 kg, no período de fevereiro a maio de 2017, com imposto de importação de 2%.

A IN publicada determina que grãos devam estar com Certificado Fitossanitário emitido pela autoridade dessa área daquele país e que os carregamentos estão sujeitos à inspeção fitossanitária no ponto de ingresso. No caso de detecção de praga, sob hipótese, a carga poderia ser destruída ou rechaçada, sendo devolvia ao país de origem. No caso de praga quarentenária, ou seja, sem registro de ocorrência no Brasil, o Mapa pode suspender as importações até a revisão da Análise de Risco de Pragas correspondente.

Condição

Também havendo descumprimento de exigências fitossanitárias estabelecidas pelo Mapa, o produto não é importado. Ainda de acordo com a IN, o Vietnã deverá comunicar ao Brasil sobre qualquer alteração na condição fitossanitária da cultura do café nas regiões produtoras que exportam para o Brasil.

O Vietnã é um dos países que tem a Análise de Risco de Praga aprovada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e o maior produtor de conilon, seguido pelo Brasil, tendo produto disponível.

Consumo de café superou produção mundial

O consumo global de café foi superior à produção nos anos 2014, 2015 e 2016, de acordo com a Organização Internacional de Café – OIC. O relatório sobre o mercado de café – janeiro 2017, da OIC, indicou que o consumo mundial nos últimos três anos foi de 151,822 milhões de sacas de 60kg, em 2014; 155,712 milhões, em 2015; e 155,1 milhões, em 2016.

E a produção mundial, nesse mesmo período, foi de 148,724 milhões de sacas (2014); 151,438 milhões (2015); e 151,624 milhões em 2016. O saldo negativo de cada ano foi, respectivamente, de 3,098 milhões de sacas; 4,274 milhões; e de 3,476 milhões.

A organização atribuiu esse deficit sucessivo às movimentações de estoques não registrados oficialmente. No contexto da produção, especificamente em relação ao Brasil, a Secretaria de Política Agrícola – SPA do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (Mapa) estimou que o Valor Bruto da Produção Agropecuária (VBP) para 2017 será de R$ 545,91 bilhões, o qual inclui o café no montante de R$ 22,86 bilhões.

O Relatório sobre o mercado de Café – janeiro 2017, disponível no Observatório do Café do Consórcio Pesquisa Café, coordenado pela Embrapa Café, também apresentou as exportações do primeiro trimestre do ano cafeeiro de 2016/17 da OIC (outubro a dezembro), que foram de 29,8 milhões de sacas, tendo aumentado 8,3% em relação ao mesmo período de 2015/16.

Exportações do arábica

As exportações de café arábica foram 19,2 milhões de sacas e as de café robusta, 10,6 milhões, de outubro a dezembro de 2016, as quais tiveram acréscimos de 8,5% e 7,9%, respectivamente, em relação aos mesmos três meses de 2015. O Relatório também destacou que Vietnã e Indonésia – os maiores exportadores de café robusta – aumentaram as exportações desse tipo de café em 16,1% e 21,2% nesse mesmo período.

Produção brasileira

Com relação à produção brasileira, a SPA/Mapa divulgou que o calculado em janeiro de 2017, estimado para este ano, é de R$ 545,91 bilhões. O VBP é elaborado com base nos preços médios recebidos pelos produtores dos 26 maiores produtos agropecuários do Brasil e corresponde ao faturamento bruto dentro do estabelecimento. Os sete principais produtos no ranking do VBP são: soja, com R$ 123,10 bilhões; bovinos, R$ 72,41 bilhões; milho, R$ 55,45 bilhões; cana-de-açúcar, R$ 54,44 bilhões; frango, R$ 50,34 bilhões; leite, R$ 29,23 bilhões; e café, R$ 22,86 bilhões, que corresponde a 4,2% do total.

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