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Rebelião na unidade prisional em Aparecida de Goiânia deixa cinco mortos

Nesta quinta-feira (23/2), desavenças entre os detentos da unidade prisional Odenir Guimarães, em Aparecida de Goiânia, causou cinco mortes. A Polícia identificou três deles: Willian Seixas Silva Barbosa, "o Tomate", Thiago César de Souza, "Thiago Topete", Alexandre Batista França. Os outros dois ainda tem suas identidades sob investigação.

Segundo nota da Secretaria de Segurança Pública e Administração Penitenciaria (SSPAP), a rebelião também deixou 35 feridos que já foram levados para unidades hospitalares da Região Metropolitana de Goiânia. A SSPAP também informou em nota que duas armas foram encontradas na unidade com os detentos, um revolver e uma pistola.

Em entrevista à imprensa na noite desta quinta-feira (23/2), o Tenente Coronel Ricardo Mendes informou que dos 35 feridos 11 foram atendidos e estão de volta à unidade prisional. “Estamos agora aguardando o desfecho em relação aos outros feridos que devem retornar tão logo sejam liberados dessas unidades hospitalares”, afirmou o Tenente-Coronel.

Sobre a presença das armas na unidade, o secretário da SSPAP, Edson Costa, lamentou as falhas no sistema. “Infelizmente essa é a realidade do país, com todos esforços que temos ainda não conseguimos zerar essas situação, pois onde tem um ser humano nós temos corrupção, temos deficiências que resultam essa situação”, justificou.

Para conter a rebelião foram somadas forças do Corpo de Bombeiros, da Policia Militar com o Batalhão de Operações Especiais (BOPE), a Cavalaria e a Polícia Civil, que seguiu durante a noite junto com a Polícia Técnica-Científica, investigando o ocorrido e realizando a perícia na unidade prisional. O Tenente-Coronel Ricardo Mendes garantiu ainda que nenhuma das mortes foi ocasionada em decorrência da ação da Polícia, mas pela disputa entre as facções da unidade.

Também presente na coletiva de imprensa, o Comandante Geral da Polícia Militar, Divino Alves, explicou a operação estratégica para conter a situação. “A nossa determinação foi no sentido de fazermos a contenção, dividirmos as áreas conflitantes e impedirmos que a situação tivesse um resultado pior”, contou.

O secretário da SSPAP garantiu ainda que os detentos envolvidos na rebelião já estão sendo encaminhados para outras unidades prisionais de forma que fiquem separados a fim de evitar novas rebeliões. Ele alertou sobre os áudios divulgados nas mídias sociais e afirmou que muitas delas só aterrorizam a população. “Parem de replicar essas mensagens, elas são só especulações. A garantia que nós damos é a polícia nas ruas e com foco especial em alguns bairros que são mais preocupantes”, ressalta.

Número de agentes penitenciários insuficiente

Para o DM Online, Gilles Gomes, coordenador da Subcomissão de Monitoramento do Sistema Prisional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), afirmou que a rebelião ocorrida nesta terça-feira (23/2) mostra as falhas das antigas soluções para o sistema prisional. Ele alega que o que aconteceu foi uma tentativa de tomada de poder dentro da unidade devido à ausência do Estado.

“As condições indignas no cumprimento da pena geram esse ambiente permissivo no qual o reeducando tenta reencontrar outras formas de exercer sua dignidade, seja no domínio da ala do presídio ou alastrando tentáculos para fora do presídio”, explica. Ele conta que apesar do grande grupo de forças especiais mobilizadas pelo Estado, havia apenas 12 agentes penitenciários na unidade quando a rebelião começou.

O secretário da SSPAP Edson Costa garantiu, durante a coletiva com a imprensa, que o efetivo presente na unidade é suficiente e que a rebelião foi resultado de uma rixa entre duas gangues conhecidas na região, não tendo nenhuma relação com alimentação ou com a contenção dos presos.

Entretanto, Gomes afirma que menos de 20% dos agentes que estavam no momento são de carreira. “São pessoas que não tem um treinamento adequado, nem renumeração condizente com a atividade que desenvolvem. Eles não têm condições mínimas para tomar conta de 1700 presos, que é o contingente que estava hoje”, argumenta.

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