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Faeg se posiciona

A Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg) lamenta a decisão dos Estados Unidos de suspender a importação de carne bovina fresca brasileira. Isso porque os EUA é um mercado novo e importante para a carne do Brasil, aberto há, praticamente, um ano. Somente nos primeiros cinco meses de 2017, a exportação brasileira de carne representou 28,5% de todas as exportações de carne bovina feitas pelos norte-americanos.

O anúncio da interrupção da importação de carne in natura do Brasil para os EUA foi feito na última quinta-feira (22) pelo secretário de Agricultura do país, Sonny Perdue. A suspensão ocorreu após o Estados Unidos obter resultados negativos em testes de qualidade de carne bovina brasileira que entra no país. Segundo comunicado do Departamento de Agricultura do EUA (USDA), a suspensão deve continuar até que o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) tome medidas corretivas que o departamento considere satisfatória.

Segundo o presidente da Faeg, José Mário Schreiner, a medida tomada pelo governo norte-americano agravará ainda mais a situação da pecuária de corte no País. Isso porque os pecuaristas brasileiros vêm sofrendo com a queda no preço da arroba, provocada por problemas como a crise econômica, queda no consumo e denúncias de corrupção política que repercutem no mercado interno e mundial. Ele afirma que os pecuaristas goianos e brasileiros cumprem as mais rigorosas exigências sanitárias e contribuem com a economia na geração de empregos, renda e alimentos de qualidade.

Medidas 

Na sexta-feira (23), o ministro Blairo Maggi também lamentou a suspensão da importação de carne bovina fresca vinda do Brasil. Segundo ele, o governo brasileiro vai tentar resolver este assunto o mais rápido possível. “Como é uma suspensão temporária, vamos trabalhar para finalizar os planos que já iniciados pelo ministério e pretendo, assim que possível, viajar aos Estados Unidos para resolver essa questão”, afirmou. Para ele, é necessário reabrir o mais rápido possível este mercado.

A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) também divulgou nota, na sexta-feira, informando que os elementos utilizados pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos para o fechamento do mercado não apresentam risco para a saúde dos consumidores norte-americanos. A entidade manifestou que aguarda que o governo dos Estados Unidos divulgue as justificativas técnicas e científicas que fundamentaram a decisão, que também pode ser vista como uma medida protecionista de mercado.

A Faeg apoia as ações do Mapa, tanto que continuará trabalhando junto à CNA, às autoridades competentes e aos pecuaristas para tentar minimizar os prejuízos causados por essa avalanche de problemas que vem enfrentando a pecuária goiana e nacional. Isso porque os números revelam a importância deste segmento para abastecer os mercados internos e externos, já que apenas no ano passado, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic), os Estados Unidos importaram US$ 3,35 milhões em carne bovina congelada, resfriada e fresca. Ao todo, o Brasil exportou US$ 4,3 bilhões desse produto em 2016.

Pecuaristas gastam até 600 milhões por ano com vacina da aftosa

boi

Sebastião Guedes, vice-presidente do Conselho Nacional de Pecuária de Corte (CNPC), afirma que o embargo de carne brasileira pelos Estados Unidos, pela formação de abscessos ou outras lesões causadas pela vacina da febre aftosa, é um erro primário e que deve levantar novamente as discussões em relação ao fim da vacinação.

“Já temos mais de 118 milhões de cabeças em áreas onde a doença não é diagnosticada há mais de quatro anos. Esse é o prazo estabelecido pela a Panaftosa (Centro Panamericano de Febre Aftosa)”, pondera Guedes, lembrando que os grandes países em produção pecuária já não possuem mais a vacinação.

Para ele, o Brasil poderá alcançar o status de livre, sem vacinação, até 2021, iniciando o processo a partir do primeiro semestre de 2019, pelo Estados do Acre e Rondônia. “Temos todas as condições de fazer, os países da América do Sul possuem um bom controle sanitário e isso só beneficiaria a pecuária nacional”, diz.

A medida garantiria melhor rentabilidade aos produtores, que além de ter problemas com a vacinação, chegam a gastar por ano 600 milhões com doses para aplicação.

"São problemas que diminuíram a rentabilidade do criador nos últimos anos, na chamada toalete da carcaça. Muitos perderam até 6 kg de peso morto no abate dos bovinos, onerando de R$ 20 a R$ 30 na comercialização", acrescenta.

Além de propiciar ganho aos produtores, o status de livre de vacinação também garantirá acesso a mercados de melhor remuneração. Como exemplo, Guedes cita o preço pago pela tonelada da língua bovina no Japão, que chega a 20 mil dólares, contra os US$ 4 mil ofertados por outros países que aceitam a entrada de produto com a vacina.

Guedes também ressalta que as medidas para o controle de foco da doença foram atualizados, dispensando grandes matanças como ocorreram em outros anos. "Hoje a OIE recomenda a interdição no raio de 6 km do foco abatendo somente os animais infectados, depois a vacinação perifocal da região, recuperando o status em apenas seis meses", explica.

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