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Romeiros marcam encontro para 2018

A Festa do Divino Pai Eterno, em Trindade, terminou ontem, às 19h, com mensagem de Dom Washington, arcebispo de Goiânia, para que todos fieis estejam de volta em 2018: “Até a próxima romaria de Trindade! Que o senhor continue a fazer maravilhas em suas suas vidas. Em nossas vidas. Até a próxima romaria, queridos romeiros e queridas romeiras, se Deus quiser!”. A Praça Dom Antônio Ribeiro de Oliveira estava lotada.

Após uma maratona de missas, procissões e eventos religiosos, seguidos por movimentada vida noturna, a cidade se despediu dos religiosos e curiosos que visitaram Trindade.

Sob a bênção de Dom Washington, acompanhada por várias autoridades, a maior festa de Goiás terminou sem grandes contratempos ou violências, fora as ocorrências habituais de pequenos furtos de romeiros. A cidade permaneceu limpa a maior parte do tempo. E a Polícia Militar de Goiás (PM-GO) realizou patrulhamento ao longo da rodovia, em ação exemplar de segurança.

No último dia, virada de sábado para domingo, Trindade recebeu 1 milhão de visitantes. A Igreja Católica contabiliza que a festa possa contar a visita de 3 milhões de visitantes ou mais – aumento de 30% em relação aos últimos anos, tomados pela crise financeira.

O trânsito foi o grande problema da celebração. Quem se aventurou a atravessar o carro no portal da entrada do município gastou até três horas para sair da cidade e retornar para a Rodovia dos Romeiros.

MISSAS

Durante a manhã de ontem, a Missa Solene da Festa, celebrada pelo arcebispo de Brasília e presidente da Conferência Nacional dos Bispos dos Brasil (CNBB), cardeal Dom Sérgio da Rocha, teve a presença de três pré-candidatos ao governo de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), José Eliton (PSDB) e Daniel Vilela (PMDB).

A Procissão Luminosa marcou a festa com emoção e fé. Milhares de devotos seguiram o carro-andor com a imagem do Divino Pai Eterno.

Nesta segunda-feira, ocorre a missa em intenção pelos romeiros falecidos a partir das 5h30. O toque de despertar anuncia as celebrações na Igreja Matriz (às 7h, 9h e 19h) e no Santuário Basílica (às 5h30, 7h, 10h e 19h30).

[box title="Medalhão de barro achado ao acaso dá origem à história de fé e milagres"]

Ton Alves

Divino Pai Eterno, para os cristãos católicos, é uma das referências à imagem de Deus-Pai, a primeira pessoa da Santíssima Trindade. A segunda é o Filho de Deus, Jesus Cristo, e a terceira, o Espírito Santo de Deus.

A imagem venerada na cidade goiana de Trindade com o nome de Divino Pai Eterno é a representação de um dogma católico: a coroação da Virgem Maria pela Santíssima Trindade, no céu, para onde a mãe de Jesus foi elevada no final da sua vida na Terra.

A devoção ao Divino Pai Eterno, na cidade de Trindade, teve início por volta de 1840, com o casal de agricultores Constantino Xavier Maria e Ana Rosa de Oliveira, que vieram estabelecer nas proximidades do córrego do Barro Preto, distante aproximadamente vinte e dois quilômetros do município de Campininha das Flores, hoje Campinas, bairro de Goiânia.

Constantino e sua mulher queriam implementar uma lavoura no local e trabalhavam, eles mesmos, as terras. Certo dia, quando o marido carpia as terras macias da beira do córrego, a enxada tocou em algo mais duro. Pensou ser uma pedra. Ao conferir, percebeu ser o objeto um medalhão muito bonito, feito de barro, com mais ou menos meio palmo de circunferência.

Levou o medalhão para casa, limpou-o e notou que estava representada ali uma cena religiosa de grande beleza. Com traços meio simples e rústicos, mas muito eloquentes, estava a Santíssima Trindade coroando a Virgem Maria. Por serem pessoas piedosas, ficaram tomados de emoção, beijaram o medalhão sagrado e o colocaram em uma espécie de oratório improvisado, num lugar de destaque na sala da casa onde moravam.

A família, incentivada pelo casal, passou a rezar, todas as noites, diante do medalhão encontrado. Logo a notícia se espalhou e os poucos outros moradores locais passaram a rezar junto a eles, venerando a Santíssima Trindade. Em 1848, foi construída a primeira igreja para abrigar o precioso medalhão. Primeiramente coberta de folha de buriti, a capela foi sendo ampliada para receber os fiéis que acorriam ao local em número cada vez maior.

Em 1876, foi construída, às margens do Córrego barro Preto, uma terceira capela. O primeiro Santuário do Divino Pai Eterno, hoje conhecido como Santuário Velho. Atualmente tornou-se Igreja Matriz de Trindade, está no centro da grande cidade que se formou ao seu redor.

Para melhor venerar a imagenzinha, Constantino foi à cidade de Pirenópolis (GO) e procurou Veiga Valle, famoso artista plástico, autor de imagens sacras, pedindo que retocasse o medalhão. Veiga Valle preferiu fazer uma outra imagem em tamanho maior, em madeira policromada, como era seu estilo. Constantino não tinha dinheiro suficiente para pagar por aquele trabalho, então deu o dinheiro que possuía e seu cavalo como pagamento. Como não tinha outro meio para regressar à Vila do Barro Preto, retornou caminhando num trajeto de mais de 100 km. Foi assim a primeira grande caminhada a Trindade. Hoje, um forte costume entre católicos goianos e de outros Estados virem a pé, pelos menos os 18 quilômetros da estrada que demanda o santuário, chamada hoje Rodovia dos Romeiros. A imagem feita por Veiga Valle retrata exatamente a cena que havia no medalhão. E hoje pode ser vista no altar todo confeccionado em madeira nobre ornamentado com filetes de ouro, no antigo Santuário, no centro da cidade. A confecção da imagem a partir do medalhão não alterou nem diminuiu a fé dos devotos, nem o número das graças e milagres recebidos. (Matéria reproduzida pela segunda vez, ao longo desta semana de fé, a título informativo sobre as origens da Romaria local)

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