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Falta de democracia urbana explica descaso com ciclocidadania

O discurso principal dos ciclistas é de que eles têm direito à cidade. Em Goiânia, por exemplo, a sua expressão ecoa mais nos grupos de pedais e pesquisadores do cicloativismo. Mas a argumentação pelo que a reportagem do DM observa vem de antes, como faz parecer o aposentado Sebastião Bispo da Rocha, que trocou o cavalo pela bicicleta quando chegou de sua fazenda em Anicuns para morar na nascente capital. Para ele, o ciclismo é um direito fundamental: “A bicicleta é um estilo de vida que adquiri há muito tempo, é um pedaço de mim que não abro mão”.

Diante de narrativas apaixonadas e relatos tão expressivos, sua defesa é quase que instintiva para quem pensa a cidade como espaço de efetivação da justiça.

O tecido urbano é portador de uma realidade que fortifica os centros e isola as periferias, impondo um afastamento artificial das camadas médias e mais pobres, diz o sociólogo Lehninger Mota. A oferta de ciclovias reflete esta política, já que elas, em Goiânia, estão centralizadas.

“Tomando a máxima de que os recursos são limitados e as demandas são infinitas como verdadeira, logo, é preciso que as demandas dos ciclistas fiquem claras para os governantes, pois eles são uma alternativa viável para diminuir o caos em que se transformou o trânsito das grandes capitais”, diz Lehninger Mota.

Ele é otimista quanto à conquista de direitos que ocorrerá gradualmente. “Em tese não há motivos para não se viabilizar políticas públicas para dar segurança a quem já é ciclista”, diz.

Mas Lehninger sugere que os ciclistas não esperem sentados a conquista destes direitos nem se deixem levar por “alianças estratégicas” com outros modais: as ciclovias tornaram-se a grande causa. Mais do que ciclorotas ou ciclofaixas.

“O passo definitivo para que políticas públicas sejam viabilizadas para implementar a bicicleta como um meio de transporte viável e seguro é o ativismo dos ciclistas em cobrar dos seus governantes ações mais expressivas para desenvolver a atividade”, afirma o sociólogo.

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