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Seja você o autor das leis

Quando o assunto é governo não há quem diga ou pelo menos pensa: “esses po­líticos não me representam”, ou, “essas leis são só para um grupo pequeno da sociedade”. A verda­de é que muito se discute sobre a representação política brasileira e pouco se sabe que há mecanismos para que os cidadãos possam estar mais perto do poder público.

O portal e-Cidadania do Sena­do Federal é um exemplo. Lá as pessoas podem sugerir e apoiar projetos de lei. No ano passado, seis sugestões de novas leis ou emendas à Constituição propostas diretamente por cidadãos foram aceitas pela Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participa­tiva (CDH) e começam 2018 tra­mitando na Casa. De 2012, quan­do a ferramenta foi criada, até 2016 nenhuma ideia havia prosperado.

“O e-Cidadania é um portal criado em 2012 pelo Senado Fe­deral com o objetivo de estimular e possibilitar maior participação dos cidadãos nas atividades legis­lativas, orçamentárias, de fiscali­zação e de representação do Se­nado”, explica o próprio site.

Qualquer pessoa pode apre­sentar ideias para o portal, aquelas que alcançarem, em até 120 dias, o apoio de mais 20 mil pessoas são transformadas em sugestões le­gislativas e enviadas para a aná­lise dos senadores integrantes da CDH. Desde que a ferramenta foi criada, 78 sugestões alcançaram o apoio de 20 mil pessoas

Depois da análise dessa co­missão, a sugestão pode ser trans­formada em projeto de lei ou ser arquivada. Não são aceitas as ideias flagrantemente inconsti­tucionais ou que tratem de ques­tões não relacionadas àquilo que o Senado pode votar.

De maio de 2012 até dezembro de 2017, mais de 38 mil sugestões le­gislativas foram apresentadas pelo site. Só no ano passado, 26.672 su­gestões foram feitas por mais de 18 mil brasileiros. Em 2016, cerca de 6 mil pessoas apresentaram aproxi­madamente 8 mil propostas, núme­ros bem superiores aos registrados no primeiro ano de funcionamen­to, quando o portal recebeu 398 su­gestões de 227 cidadãos.

SUGESTÕES

Quando chegam à CDH, essas propostas legislativas são debati­das pelos senadores e ao final re­cebem um parecer que pode ser por sua rejeição ou por sua trans­formação em projeto de lei.

O ano de 2018 começa com seis projetos de lei iniciados por meio do canal de interação. O mais an­tigo é o PLS 100/2017 criado com base em sugestão enviada por Alessandro de Almeida Cyrino da Silva, de Minas Gerais. A ideia dele foi encaminhada para o e-Ci­dadania no dia 12 de abril de 2016, e após seis dias a proposta havia alcançado os 20 mil apoios de ou­tras pessoas. Um ano depois, em abril do ano passado, a sugestão foi aprovada pela CDH e passou a tramitar como projeto de lei.

O projeto tem o objetivo de im­pedir a imposição de franquias de internet nos planos de banda lar­ga fixa. O senador João Capiberi­be (PSB-AP) é o relator da matéria, que está em análise na Comissão de Transparência, Governança, Fiscalização e Controle e Defesa do Consumidor.

Em novembro de 2017, a CDH acolheu mais duas sugestões: a primeira propõe piso salarial para psicólogos de R$ 4,8 mil por 30 ho­ras semanais e foi convertida em PLS 511/2017. A segunda propõe a criação de lei que estabeleça des­conto de 30% no preço de auto­móveis adquiridos por professo­res e tramita como PLS 512/2017.

Já em dezembro outras três ideias legislativas apresentadas pelo portal e-cidadania passarem pelo crivo do colegiado: a que tra­ta da descriminalização do culti­vo da maconha (PLS 514/2017); a que criminaliza a homofobia; e a que reduz os impostos sobre ga­mes (PEC 51/2017).

OUTRAS SUGESTÕES

Outras 58 ideias aguardam o aval da CDH, entre elas está a que propõe o fim do auxílio-moradia para deputados, senadores e juízes. Apresentada pela Marcela Tavares, do Rio de Janeiro, a proposta de dar fim ao benefício conseguiu, em me­nos de 24 horas, número suficiente de assinaturas para entrar na pauta da Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa do Sena­do. Ao todo foram 253.807 apoios.

REJEITADAS

Além das sugestões acolhidas, a CDH já rejeitou 14 ideias legisla­tivas desde 2012. Foi o caso da su­gestão para tipificar o funk como crime à saúde pública, que rece­beu mais de 20 mil apoios, mas não foi aceita pela comissão. O re­lator, senador Romário (Pode-RJ), alegou que matéria é inconstitu­cional por cercear a livre manifes­tação cultural e de pensamento.

SEM APOIO

Algumas propostas do portal não receberam tanto apoio da so­ciedade após a sua publicação, é o caso da sugestão do carro rebai­xado não ser crime, do fim das co­tas raciais, a inclusão do nome da Imperatriz D. Leopoldina no li­vro dos Heróis da Pátria, a extin­ção dos cursos de humanas nas fa­culdades federais, a reconstrução da arquitetura interna do estádio Maracanã com dinheiro da Ode­brecht e a garantia do direito dos homossexuais de doarem sangue.

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