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COTIDIANO

Temer anuncia R$12,5 bi para custeio da safra

O Banco do Brasil anunciou no Centro Tecnológico da Comigo (Cooperativa Mis­ta dos Produtores do Sudoeste Goia­no), ontem, em Rio Verde, região do Sudoeste de Goiás, a oferta de R$ 12,5 bilhões para contratação de custeio antecipado, destinado à aquisição de insumos e serviços agropecuários. O valor é 16% su­perior ao aplicado no ano passa­do e sinaliza o investimento do BB no setor agropecuário e nas boas perspectivas para a safra 2018/19. O presidente Michel Temer e sua delegação, composta de quatro ministros, dos quais dois ministros goianos, Henrique Meirelles e Ale­xandre Baldy, prestigiaram o ato.

Serão disponibilizados recursos controlados aos médios produto­res, no âmbito do Pronamp (Pro­grama Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural), com taxas de 7,5% ao ano, e aos demais produtores a encargos de 8,5% ao ano.

As lavouras de soja, milho, ar­roz, algodão e café poderão ser cus­teadas antecipadamente ao início da safra 2018/2019, com teto de fi­nanciamento de R$ 3 milhões por produtor. Para os clientes com de­manda superior aos tetos desses recursos, o BB oferece alternativas de financiamento com funding le­tras de crédito agropecuário (LCAs).

Em 2017, o BB liberou R$ 10,8 bi­lhões em 29 mil contratos de cus­teio antecipado. A verba proporcio­na aos produtores rurais condições diferenciadas de negociação com os fornecedores, favorecendo a aquisi­ção de insumos e serviços a preços adequados e oportunos, protegen­do-os contra possíveis elevações na época de maior demanda. A solu­ção fomenta, ainda, toda a cadeia produtiva do agronegócio, inclu­sive indústrias, com reflexos dire­tos e positivos no PIB do setor agro­pecuário e na economia brasileira.

Por meio da iniciativa, o Banco espera atingir o volume de recur­sos disponibilizados de crédito ru­ral, incrementar a dimensão de ne­gócios, cumprir a exigibilidade da modalidade e aumentar o saldo da carteira com rentabilidade espera­da, reforçando a sua posição como maior parceiro do produtor rural - reafirmando assim o compromisso com a satisfação do cliente.

DEFESA DO GOVERNO

Temer elogiou no discurso o desempenho do agronegócio e destacou que o governo federal vai lançar 50 mil casas popula­res para trabalhadores rurais. O peemedebista repetiu o roteiro de suas falas dos últimos dias, nas quais destacou as reformas imple­mentadas pelo governo, como a trabalhista e a do ensino médio.

O presidente defendeu o desem­penho da economia em sua gestão, ao citar dados como inflação baixa e redução na taxa de juros. Segundo ele, nas eleições de outubro, quem se opor à agenda do governo, terá de assumir que é “contra” o teto de gas­tos públicos, a “moralização das es­tatais”, os “ridículos 2,95% de infla­ção” e os “ridículos 7% da taxa selic”.

Temer citou o déficit primátio do governo, que ficou em R$ 124,4 bi­lhões em 2017, abaixo da meta de R$ 159 bilhões estabelecida pelo governo. Para ele, “houve uma re­dução sensível do déficit”.

O presidente aproveitou a ceri­mônia para defender, mais uma vez, a reforma da Previdência, que o go­verno pretende votar na Câmara dos Deputados a partir do próximo dia 19 de fevereiro. Até o momen­to, no entanto, o Palácio do Planal­to não dispõe do mínimo de 308 vo­tos exigidos para aprovar em dois turnos a proposta, que ainda pre­cisará ser analisadas pelo Senado.

Temer aproveitou a presença de produtores rurais na plateia para repetir que a atual versão da re­forma não afeta o trabalhador do campo.”Nós excluímos os traba­lhadores rurais, eles não serão al­cançadas pela reforma da Previ­dência, ou seja, é uma reforma que nós estamos fazendo para os mais pobres”, disse o peemedebista.

“SINAL AMARELO”

O ministro da Agricultura, Blai­ro Maggi, abordou em seu discur­so um “sinal amarelo” em rela­ção ao agronegócio e fez um alerta a Temer e ao ministro da Fazen­da, Henrique Meirelles. Ele pediu para que os dois auxiliem a barrar discussões no Congresso Nacional que visam taxar o setor.

A preocupação de Blairo trata da renda do produtor rural. Con­forme o ministro, os produtores brasileiros melhoram eficiência e produtividade, enquanto a mar­gem de lucro tem caído nos últimos anos.”Infelizmente, nos últimos anos o produtor rural brasileiro vem crescendo em produtivida­de e eficiência e uso de tecnologia, mas as margens para os produtores têm ficado cada vez menor”, disse.

“Isso é um sinal de alerta, isso é um sinal amarelo que está se acendendo na agricultura brasi­leira... A continuar no ritmo em que estamos, muito provavelmen­te em dois ou três anos, nós tere­mos uma situação de não renda na agricultura”, disse.

Ao discursar, Meirelles destacou a contribuição do agronegócio para auxiliar na retomada da economia brasileira, em especial no primeiro trimestre de 2017. “A agricultura foi o motor que nos ajudou a sair da cri­se de 2015 e 2016”, disse.

Meirelles também defendeu a agenda do governo e afirmou que o país cresceu em 2017 e que vai “crescer forte” em 2018.“Esse ano o país já deve crescer a uma taxa sóli­da e, muito importante, mantendo a inflação baixa”, disse. “A popula­ção com o tempo vai cada dia per­ceber que os preços estão subin­do menos, estão subindo abaixo da meta, o que é bom”, completou.

FCO

Em 2017, o BB contratou mais de R$ 8,3 bilhões em recursos do FCO (Fundo Constitucional de Fi­nanciamento do Centro-Oeste), valor 91% superior ao aplicado em 2016. No agronegócio, foram mais de R$ 6,3 bilhões, em 17 mil con­tratos. Só no estado de Goiás, fo­ram contratados mais de R$ 2,4 bi­lhões de FCO Rural. Grande parte do sucesso desse resultado é fruto das Caravanas do FCO, que encer­raram 2017 com 76 etapas no Cen­tro-Oeste e Distrito Federal.

EVENTO

O evento foi realizado no Centro Tecnológico Comigo, em Rio Verde, contou com as presenças do presi­dente da República, Michel Temer; ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Blairo Maggi; mi­nistro da Fazenda, Henrique Mei­relles; ministro da Integração, Hél­der Zahluth Barbalho; ministro das Cidades, Alexandre Baldy; governa­dor de Goiás, Marconi Perillo, pre­sidente do BB, Paulo Cafarelli e do vice-presidente de Agronegócios do BB, Tarcísio Hübner.

Produtores criam pesquisa privada para operar no campo

Uma instituição, criada pelos produtores rurais e que se dispõe a ter a sua própria arrecadação, para andar com as próprias per­nas, distante da burocracia em­perrante, é o que se pode dizer do Instituto Goiano de Agricultura (IGA). O instituto foi anunciado, oficialmente, na última sexta-feira no município de Montividiu, no Sudoeste goiano, a produtores, li­deranças rurais, políticos e outras autoridades. O IGA nasce para su­prir uma demanda dos agriculto­res acerca de pesquisas de valida­ção e transferência de tecnologia, oferecendo suporte na hora da escolha de cultivares e planos de manejo mais adequados à rea­lidade goiana. O foco inicial são as culturas de algodão, soja, mi­lho e feijão. Na oportunidade, os participantes também puderam conferir o andamento de algu­mas pesquisas durante o 1º tour da soja realizado no local.

Com 242 hectares, a Fazenda Rancho Velho é a sede do IGA, e oferece toda estrutura para a rea­lização de pesquisas e testes vol­tados a validar tecnologias ofe­recidas pelo mercado. O instituto visa ainda captar incentivos e li­nhas especiais de crédito para o desenvolvimento de suas ativi­dades, além de treinamentos, ca­pacitação técnica e serviços de certificação de produtores agrí­colas, gestão e execução de tare­fas em programas fitossanitários próprios ou em parcerias com instituições públicas e privadas. Caberá ainda ao IGA realizar a ex­perimentação de produtos agríco­las e contribuir para o desenvol­vimento de ensaios de pesquisa.

Para o presidente do IGA e da Associação Goiana de Produto­res de Algodão, Carlos Alberto Moresco, a instituição chega em um importante momento para o agronegócio e servirá para le­var conhecimento científico de forma sintetizada ao produtor. “Se olharmos para trás, a agri­cultura deu um salto enorme em produtividade. Vamos dar outro salto tecnológico, para produzir mais com menos recursos”, diz. Para Carlos Moresco, a escolha de uma fazenda no município de Montividiu foi estratégica porque a região possibilita duas safras e está perto do maior polo produ­tor de algodão de Goiás.

HISTÓRICO

O IGA foi idealizado em 2013, e o primeiro passo foi a compra da Fazenda Rancho Velho, em 2014. Os estudos para se criar a estrutura e definir os objetivos foram desen­volvidos em 2015 e 2016. As obras iniciaram em janeiro de 2017 e, no dia 4 de agosto, o Instituto foi oficialmente criado. Ao todo, são 30 milhões de reais investidos no projeto, com recursos do Institu­to Brasileiro do Algodão. Para o ex-presidente da Agopa à épo­ca da conceitualização do IGA, Luiz Renato Zapparoli, a propos­ta é proporcionar uma produção cada vez mais rentável e susten­tável. “Para o produtor, fica difícil realizar experimentos com meto­dologia científica, por isso toma­mos essa tarefa para nós”, explica.

Presidente do Fundo de Incen­tivo à Cultura do Algodão (Fialgo), Marcelo Swart participou de todo o processo de criação do IGA e es­clarece que esta era uma ambi­ção dos produtores por um insti­tuto de pesquisas que atendesse unicamente aos interesses do se­tor. “Agora temos estudos de maior confiabilidade. Os resultados vão ajudar o produtor a tomar deci­sões mais assertivas”, prevê. Para o pesquisador-chefe do IGA, Elio de La Torre, há um modelo de gestão voltado para o desempenho e para a sustentabilidade. “Abarcamos to­das as linhas de pesquisa, sejam com pragas, uso de maquinários, cultivares e defensivos. Quem lu­cra é a sociedade”, resume.

Para o diretor executivo da Agopa, Dulcimar Pessatto Filho, o desafio foi sair de um conceito e colocá-lo em prática. “Manti­vemos sempre o foco nos objeti­vos definidos quando a ideia foi concebida”, recorda.

Já para o superintendente exe­cutivo para a Agricultura e Pe­cuária de Goiás, Antônio Fla­vio de Lima, o momento vivido pela agricultura exige tecnolo­gia e pesquisa aplicada. “Iniciati­vas como o IGA trazem conforto ao produtor e cria um ambien­te que favorece a atividade”, co­menta. O presidente da Agrodefe­sa de Goiás, José Manoel Caixeta, vê nas pesquisas de combate a pragas da lavoura um ponto em comum, já que “ambas as ins­tituições buscam o controle de doenças e pragas. O vazio sani­tário é um desses elementos que vêm a somar a outras iniciativas”.

Os chefes gerais da Embrapa Algodão, Sebastião Barbosa, e da Embrapa Arroz e Feijão, Alcindo Wander, estiveram na inaugura­ção para saber mais sobre os pro­jetos que o IGA pode desenvolver. Para Sebastião Barbosa, a agricul­tura sempre precisará de institui­ções de apoio, e o IGA surge para fazer frente ao desafio de se pro­duzir melhor. Por sua vez, para Alcindo Wander, o IGA e a Em­brapa se complementam, sobre­tudo em âmbito regional.

Para o prefeito de Montividiu, Ademir Guerreiro, o município só tem a ganhar com a inicia­tiva. “Ganhamos em qualidade nos serviços que nossos produ­tores vão oferecer”, declara. De­putado estadual e presidente da Frente Parlamentar de Agrope­cuária, Lissauer Vieira destacou o potencial que o IGA oferece ao setor, ao trazer informações e subsídios que serão utilizados diretamente na lavoura.

O IGA é uma instituição cria­da por produtores rurais para pro­dutores rurais, proporcionando um diálogo aberto e de reconhe­cimento dos desafios em comum.

1º Tour da Soja reúne grandes empresas e produtores

Paralelo à inauguração do instituto, o 1º Tour da Soja reu­niu empresas fornecedoras de sementes para apresentar o de­senvolvimento dos ensaios de suas cultivares sob manejo da equipe do IGA. Ao todo, 14 em­presas possuem ensaios com cultivares no local, mas oito apresentaram as vantagens de seus produtos ao público. Re­presentantes da Brasmax, TMG, Bayer, Monsoy, Nidera, Pioneer, Syngenta e KWS explicaram as características intrínsecas de cada cultivar e responderam perguntas do público.

Os ensaios produzidos no IGA são um exemplo do tipo de informação que o Instituto pode proporcionar. Sob um mesmo manejo, essas cultivares podem apresentar resultados diferentes em produtividade, seja no cres­cimento, na adaptação ao solo goiano ou na resistência a pra­gas. Todas essas informações são repassadas ao produtor para que ele possa escolher qual tipo de semente utilizar em sua proprie­dade, conforme as característi­cas de sua região. O IGA já possui outros estudos em andamento com milho, algodão e feijão, cul­turas que mais se revezam na ro­tatividade das lavouras.

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