Home / Cotidiano

COTIDIANO

Flúor na água está abaixo do recomendado

Um levantamento feito em 20 cidades goianas revela que, apesar do fornecimento de água fluore­tada cobrir boa parte da popula­ção desses locais, na maioria delas a concentração de fluoretos está abaixo do recomendado e, por isso, não proporciona o benefício máximo esperado para contribuir para a prevenção da cárie dentá­ria. Já em alguns municípios, a concentração está acima do re­comendado, podendo contribuir para a fluorose, que são manchas permanentes nos dentes causa­das pelo excesso de flúor.

Os dados de Goiás integram os resultados do Projeto Vigifluor, coordenado localmente pela pro­fessora Maria do Carmo Matias Freire, da Faculdade de Odonto­logia da Universidade Federal de Goiás (FO/UFG). O Projeto Vigi­fluor é uma pesquisa científica coordenada pela Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP) e envolve di­versas instituições brasileiras. O objetivo foi conhecer a cobertu­ra e os níveis de fluoreto adicio­nado às águas de abastecimento público, de 2010 a 2015, nos 614 municípios brasileiros com 50 mil habitantes ou mais.

Em Planaltina de Goiás, se­gundo a pesquisa, apenas 30% de água tratada é distribuída à população e desta, apenas 5% com água fluoretada. Nos muni­cípios de Águas Lindas de Goiás, Luziânia, Planaltina e Valparaíso de Goiás foi observado que apre­sentavam menos de 50% de co­bertura de água fluoretada. A úni­ca cidade que 100% da população recebe água com flúor é Catalão. Em Goiânia, 98% das pessoas con­somem água tratada com flúor.

LEI

A pesquisa surgiu da consta­tação de que, no Brasil, apesar de a fluoretação da água ser insti­tuída por lei desde a década de 1950, não se dispunha de infor­mações fidedignas para avaliar a extensão da cobertura e a vigi­lância dessa medida em todo o território nacional. Outro dado relativo a Goiás é a inexistência de ações de vigilância da fluo­retação da água por parte dos municípios pesquisados e pela Secretaria Estadual de Saúde. Essa ação, denominada hetero­controle, verifica se os teores de flúor adicionados estão corretos, já que o controle feito somente pelas empresas de abastecimen­to não é considerado suficiente.

“Estes resultados mostram a necessidade de estratégias para avançar na perspectiva da vigi­lância da fluoretação em Goiás, buscando manter e ampliar esta importante medida de promo­ção de saúde bucal e garantir que seja aplicada de forma ade­quada, proporcionando redução do índice de cárie na população, sem riscos para sua saúde”, afir­ma a professora da UFG. Discus­sões a esse respeito já foram ini­ciadas entre a FO e a Secretaria de Estado da Saúde de Goiás, por meio da Superintendência de Vigilância em Saúde e da Ge­rência de Saúde Bucal.

A adição de fluoretos à água de abastecimento é um método efe­tivo de prevenção da cárie dentá­ria, uma doença que causa dor e afeta a qualidade de vida, espe­cialmente entre a população eco­nomicamente menos favorecida.

FLÚOR

Estudos realizados pela Or­ganização Mundial de Saúde (OMS) revelam que, para cada dólar investido em fluoretação, são economizados US$ 50 que seriam destinados ao pagamento de tratamentos dentários e ou­tras despesas indiretas.

No Brasil, a prática de fluo­retação das águas de abasteci­mento público começou em 31 de outubro de 1953, na cidade de Baixo Guandu, no Espírito Santo. Porém, foram nos anos 70 que a fluoretação alcançou um grande progresso, com participação nos programas nacionais e estaduais.

Dentes mais fortes

Segundo o dentista Felipe Fur­quim, o flúor ajuda a fortalecer o esmalte dentário do processo de desmineralização, ou seja, a perda de minerais, por conta dos alimentos ácidos, como vinagre, suco de laranja, refrigerante, en­tre outros, que são consumidos no dia a dia. "É uma guerra para manter o dente forte. Os ácidos provenientes das bactérias e dos alimentos removem mineral do dentes e o flúor ajuda a devolver esse mineral para o esmalte", ex­plica o profissional.

Para fazer bem aos dentes o flúor precisa ser usado da for­ma e com a quantidade corre­tas. Felipe afirma que utilizado em grande quantidade ele pode, sim, causar a chamada fluorose dentária. Esse é um processo que causa má formação do esmalte dental em crianças por excesso de flúor e que ocorre no período de desenvolvimento dos dentes. "Nos casos mais leves, a flurose se apresenta na forma de manchas mais brancas sem brilho no es­malte do dente. Nos casos mais severos, é uma coloração acasta­nhada e o esmalte fica bem po­roso e sem resistência tornando­-se mais frágil", afirma Furquim.

A cárie caso não seja tratada pode evoluir e atingir o nervo do dente. “Ao atingir o nervo, as bactérias presentes na cavidade bucal podem ganhar a corrente sanguínea e se instalar em vá­rios tecidos”, explica o dentista. Essa invasão bacteriana pode le­var a doenças cardíacas, pneu­monias, e até mesmo oferecer riscos à integridade do tecido nervoso ao alcançar o cérebro.

Leia também:

edição
do dia

Capa do dia

últimas
notícias

+ notícias