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Goiânia e Aparecida saem da lista de cidades mais violentas do mundo

O ranking das cidades mais violentas do mundo, rea­lizado com base nos nú­meros de homicídio em 2017, foi divulgado no início desta sema­na. Para Goiás, a novidade é que as cidades de Goiânia e Apareci­da de Goiânia não figuram mais na lista, que elenca as 50 cidades que possuem as maiores taxas de homicídio por habitante. De acordo com a Secretaria de Segu­rança Pública (SSP-GO), as duas maiores cidades de Goiás soma­ram 676 casos de homicídio em 2017. Com uma população total de 2 milhões de habitantes, as duas cidades juntas apresenta­ram uma taxa de 33,66 homicí­dios para cada 100 mil habitantes. A cidade mais violenta do mundo no ano de 2017, segundo o levan­tamento, é Los Cabos, no México, com uma taxa de 111,33.

A ONG Consejo Ciudadano para la Seguridad Pública y Jus­ticia Penal, da Cidade do Méxi­co, que realiza a pesquisa, explica que calcula conjuntamente o índi­ce de Goiânia e Aparecida porque elas formam um único aglomera­do urbano, diferente de outras re­giões metropolitanas. Mesmo que as duas cidades de Goiás tenham saído do ranking de violência, a taxa de homicídios ainda é con­siderada alta e está muito próxi­ma da última cidade da lista. Cú­cúta, na Colômbia, tem um índice de 34,78 homicídios para cada 100 mil habitantes e aparece na posi­ção 50. O número da cidade co­lombiana é apenas 3% maior que Goiânia e Aparecida. O levanta­mento só considera cidades com mais de 300 mil habitantes.

No relatório de 2015, as cida­des goianas apareciam entre as 30 mais violentas do mundo, na 29ª colocação. Naquele ano, 847 ho­micídios foram registrados, o que resultou em um índice de 43,89 ho­micídios para cada 100 mil habi­tantes, número 30% maior que o atual. Na época, a SSP-GO infor­mou, por meio de nota, que o ma­terial produzido pela ONG “fun­damenta-se em levantamento totalmente equivoca­do e que não se pres­ta para análise séria e de conteúdo”. O órgão argumentou que, em 2014, quando o levan­tamento de Goiânia era feito sem os números de Aparecida, a capital estava na 23ª posição e que, em 2015, após so­mar os números das duas cidades, elas caí­ram para a 29º posição.

Já no levantamento de 2016, as cidades apa­receram na 42ª posição, com 782 mortes conta­bilizadas e taxa de 39,48 homicídios para cada 100 mil habitantes. No relatório do ano passa­do, divulgado no início dessa semana, Goiânia e Aparecida não apareceram na lista das cidades mais violentas e o discurso da SSP sobre a pesquisa mudou. Por meio de nota, a pasta informou que “o estudo mostra que as ações do Go­verno de Goiás, por meio da SSP, para coibir o crime, estão no cami­nho certo”. O órgão disse ainda que “a atuação ostensiva das polícias, o serviço de inteligência e as ações de integração são fatores determinan­tes para a queda da criminalidade”.

No relatório, a ONG diz que o objetivo do ranking é pressionar os poderes públicos de cada cida­de para a garantia de segurança da população. ““Fazemos esse ranking com o objetivo político cidadão ma­nifesto de chamar a atenção para a violência nas cidades, particular­mente na América Latina, para que os governantes possam se ver pres­sionados a cumprir seu dever de proteger os governados, para garan­tir o seu direito de segurança públi­ca”. Dos 50 países mais violentos, 43 são da América Latina. O Brasil é o país que tem mais cidades na lista: 17. Fortaleza é a mais violenta do Brasil e a sétima no mundo, com 83,48 homicídios para cada 100 mil habitantes. Outro fator que chama atenção é que das 17 cidades bra­sileiras, 11 são nordestinas.

A ONG também ressalta que o relatório não é totalmente se­guro, por conta do pouco tem­po para levantamento dos dados. “O ranking não é 100% exato e, se fosse, perderia o sentido ou opor­tunidade principal. O ranking tal­vez seria 100% preciso se fosse fei­to dentro de 10 ou 20 anos. Desse modo, teria um valor para pes­quisa histórica, mas não exerceria pressão sobre os cidadãos nem produziria mudanças nas políti­cas públicas”. A principal queixa da ONG sobre a coleta de dados das cidades brasileiras é quanto à falta de transparência das se­cretarias de segurança pública.

O Brasil registrou 61,6 mil mor­tes violentas em 2016, de acordo com o Anuário Brasileiro da Se­gurança Pública. O número, que contabiliza latrocínios, homicí­dios e lesões seguidas de mor­te, representa um crescimento de 3,8% em comparação com 2015, sendo o maior patamar da his­tória do país. Em média, foram contabilizados 7 assassinatos por hora. Com o crescimento do nú­mero de mortes intencionais, a taxa de homicídios no Brasil por 100 mil habitantes ficou em 29,9.

Uma meta baixada em 2011 para concluir os inquéritos de ho­micídios abertos até 2007 em todo o país resultou num arquivamento em massa dessas investigações. No Estado do Rio de Janeiro, 96% dos inquéritos foram para os arquivos da Justiça, sem que as autoridades descobrissem quem foram os au­tores desses homicídios.

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