Home / Cotidiano

COTIDIANO

Comércio durante festival já foi melhor

O Festival Internacional de Cinema Ambiental (Fica) fomenta durante seis dias o comércio de bares, restaurantes e artesanatos na histórica Cidade de Goiás. Por outro lado, os comer­ciantes não estão entusiasmados como nas primeiras edições do festival e eles relatam que o fluxo de pessoas que vão à antiga capital de Goiás para prestigiar mesas de debates e exibição de filmes está mais baixo do que nos anos ante­riores. Embora tenha quem veja os dias de intensa movimentação cultural com bons olhos, pouco movimento foi visto nas lojas. Na manhã de ontem, o Diário da Ma­nhã conversou com proprietários de estabelecimentos que tradicio­nalmente concentram turistas e ouviu que os anos de glória do Fica ficaram para trás.

Dono de um bar em frente a Pra­ça do Coreto, no Centro Histórico de Goiás Velho, o empreendedor Wellington Barros da Silva, 43, dis­se que o movimento antigamente era melhor. Segundo ele, a expec­tativa é de que no próximo sábado (9), quando a cantora Ana Carolina irá se apresentar no encerramen­to do festival, as vendas de cerveja aumentem um pouco mais. “Deu uma caída bem grande nos últi­mos anos, porém espero que haja um aumento no número de consu­midores no final de semana”, afirma ele. Para ele, que já viveu anos em que contava com os serviços de vá­rios garçons para atender os clien­tes desde cedo, falta mais organiza­ção por parte dos responsáveis em produzir o evento. “É preciso orga­nizar melhor”, argumenta.

A artesã Ana Carolina da Silva, 19, por sua vez, relatou que suas vendas aumentam 70% em rela­ção ao restante do ano, quando não há Fica. De acordo com ela, nos primeiros dias praticamen­te não há movimentação de pes­soas nas ruas, mas “mais para o fim de semana” o movimento é maior. “Não vejo o Fica como algo extremamente ruim para a Cida­de de Goiás. Pelo contrário: acho que cumpre uma função essencial no sentido de conscientizar a po­pulação acerca da importância da temática audiovisual”, discorre ela. Ao contrário do que pode ser ouvi­do nas ruas da cidade, garante ela, o evento movimenta dinheiro em uma cidade que foi reconhecida como patrimônio histórico da hu­manidade pela Organização para a Educação, a Ciência e a Cultura das Nações Unidas (UNESCO). “Goiás precisa do Fica”.

Servindo uma mulher que estava credenciada, a cozinhei­ra Vanda Soares, 47, também vê com entusiasmo os dias de Fica e disse que a procura pelo seu res­taurante sobe bastante. “Sábado, que é o último dia de festa, rece­bemos muitas ligações à procura de comida”, conta. Natural de Lis­boa, capital de Portugal, ela mora em Goiás Velho há dez anos e, du­rante todo esse período, os dias em que o Fica está vivendo seu esplendor são os melhores. “Brin­co com minha sócia que o Fica é a galinha dos ovos loiros da cidade”, brinca. Os dias de Fica, frisa ela, fazem com que “vendamos mais e convivamos com pessoas de dife­rentes lugares que vem aqui para ver filmes e trabalhar”.

COMÉRCIO INFORMAL

Não é totalmente difícil en­contrar pessoas perambulando de mesa em mesa à noite, ofere­cendo artesanatos, doces e decla­mando poesias. De acordo com o vendedor de água Adão de As­sis, 71, durante o período do Fica é primordial “se virar” para conse­guir fechar a renda no final do mês. Aposentado desde o início desta década, ele acredita que o valor da previdência social é pouco, o que fez com que ele procurasse outra forma de complementar a renda. “Era impossível viver com aque­la miséria toda, e eu pensei: ora, por quê não vender água?”, indaga, emendando: “No Fica, minha ren­da aumenta, mas já teve anos em que foi bem melhor”, reconhece.

Deu uma caída bem grande nos últimos anos, porém espero que haja um aumento no número de consumidores no final de semana” Wellington Barros da Silva, empreendedor

Ruas evidenciam detalhes culturais e históricos típicos do século 17

As ruas de calçamento mos­tram detalhes culturais e histórico que remetem ao século XVII. Por entre vielas, becos e ladeiras, exa­tamente como foram eterniza­dos nos versos da poetisa goiana Cora Coralina, a própria cidade mostra porque é tida como ber­ço da cultura goiana. Além dis­so, Goiás Velho foi por mais de 200 anos a capital do Estado de Goiás. Fundada por bandeiran­tes que buscavam índios e ouro, a antiga Vila Boa nasceu às mar­gens do rio vermelho. Toda a ar­quitetura possui característica co­loniais. As pedras que dificultam a caminhada pelo Centro Histó­rico e as casas feitas de pau a pi­que incomodam quem é acostu­mado com a selva de pedra.

É impensável andar por Goiás e não reparar na sinuosidade dos casarões, unidos uns aos outros por meio de cores chamativas. Em dias menos movimentados, e até mesmo durante a eferves­cência provocada pelo Festival Internacional de Cinema Am­biental (Fica), é possível notar gente com braços apoiados em suas casas ao cair da noite. É um cenário perfeito para quem dese­ja unir conhecimento e descan­so. Outro ponto que precisa ser ressaltado é a paisagem. Os dias de agitação e movimentação têm como pano de fundo a imponen­te Serra Dourada.

Leia também:

edição
do dia

Capa do dia

últimas
notícias

+ notícias