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Goiás é polo do camarão de água doce

Goiás tem potencial para lide­rar produção de camarão de água doce. Pelo menos disposição não falta a criadores experientes e aos pioneiros. A região nortense de Serra da Mesa conta com o quin­to maior lago do Brasil. Envolve 60 municípios como Niquelândia, polo brasileiro do níquel. Está em área inundada, com 1784 km² na elevação 460 m (em relação ao ní­vel do mar), é o primeiro em volu­me de água 54,4 bilhões de metros cúbicos, tem atraído expressivo in­vestimento na área de turismo. For­mado principalmente pelos rios Tocantins, Almas e Maranhão.

Dispõe de água de qualidade, clima tropical, energia elétrica em abundância e outros fatores positi­vos, pode se tornar num dos próxi­mos polos do camarão. Pelo visto, o níquel terá forte concorrente na economia do município que tem na extração mineral a sua riqueza básica. Mas o ideal é que os pro­dutores atuem em cooperativas ou em associação, porque essa é a melhor maneira para reduzir os custos da produção.

“Sozinhos, não terão a com­pensação financeira esperada”, vaticina André Bezerra, da Coo­pBrasil (Cooperativa Brasileira de Profissionais Autônomos e Servi­ços), que abre uma parceria em Goiânia com a Fundater (Funda­ção de Assistência Técnica e Ex­tensão Rural de Goiás), presidida por Adilon de Souza, ex-prefeito de Rubiataba, ex-deputado federal e ex-diretor da SGPA. Quem vive o sistema cooperativista ou asso­ciativista conhece a força da união. O momento econômico brasilei­ro passa por incertezas em decor­rência da própria situação política e, também, jurídica. “É fácil que­brar um palito, mas juntos torna­-se bem mais difícil”, resume.

POTENCIAL GOIANO

A produção goiana de cama­rão de cativeiro se limita a 10 mil quilos. E detém um potencial de 500 toneladas por mês. Em resu­mo, seria produzir de quatro para mil camarões por metro quadra­do. A produção mundial de ca­marões atinge 2.200.000 tonela­das anuais. Desse total, mais de 700.000 toneladas são produzi­das em viveiros, ou seja, cerca de 30% de todo o camarão produzi­do no mundo vem das fazendas de cultivo. Esses números mos­tram a importância crescente da carcinicultura, nos últimos anos. Atualmente, o Brasil é o 6º produ­tor mundial, atrás do Vietnã, Tai­wan, Tailândia, Índia e Equador.

Na realidade a comercialização do camarão compreende, hoje, um nicho de mercado. Mas, esse nicho compreende uma camada de con­sumidores mais abonados e que freqüenta as grandes redes de su­permercados e restaurantes. O mer­cado internacional encontra, tam­bém, venda garantida. Ênfase para a Europa. O estado de ânimo de pro­dutores é alentador por algumas razões. Área propícia, clima, e po­dendo-se fornecer tecnologia ade­quada, gestão e manejo eficientes. “A comercialização deve compreen­der um processo integrado, pensan­do-se em cadeia produtiva”, chama a atenção novamente André Bezerra.

Em Goiás, pode-se usar pe­quenas áreas. Um hectare dá para criar bom número de camarões. No Rio Grande do Norte, um dos Estados pioneiros na criação de camarões, os criadores utilizam 50 hectares. “Podemos produzir quatro camarões por metro qua­drado”, observa Bezerra.

Rodolfo Azevedo, do municí­pio de Sanclerlândia, propõe in­vestir na criação de camarão de água doce. Seu projeto fica na re­gião da Serra da Mesa, norte goia­no. Ele está informado de que o ca­marão de água doce encontra-se em fase de extinção. Então, o pro­pósito é apostar no mercado. Ro­dolfo, cada vez mais, se cerca de informações e já fez viagens nacio­nais e internacionais para se intei­rar do criatório. Sem dúvida, não quer entrar de bobinho nessa his­tória. Ele inclusive se dispõe a ado­tar métodos científicos e tecnológi­cos para não ser surpreendido em termos de sistemas de criação, ob­servações de cunho climático, ma­nejo, contra eventuais doenças, como a temível mancha branca, e uma produção em área pequena, produzindo cerca de três quilos por metro quadrado. “Quero co­meçar com quatro camarões por metro cúbico”, revela ao DM.

Rodolfo estima os custos hoje em R$12,00 para produzir um quilo de camarão de cativeiro. O produto no consumidor final chega até R$35,00. Esses custos envolvem ração, pós-larva, mão de obra, energia elétrica, entre outros pequenos itens.

ALIMENTAÇÃO

A ração constitui um peso de mais de 50% nos custos variáveis de produção do camarão cultiva­do e por isso tem merecido aten­ção especial do setor produtivo da carcinicultura do País, quan­to o aperfeiçoamento do mane­jo do alimento e a qualidade dos insumos ofertados. Atualmente a ração é fornecida através do siste­ma de bandejas fixas no fundo do viveiro (comedouros) e distribuí­da durante todo o ciclo produtivo, conforme a densidade daquele viveiro. É essencial para o rápido crescimento do crustáceo.

A indústria brasileira de alimento balanceado de uso animal teve um crescimento acelerado nesses anos, se destacando entre as maiores do mundo e o Brasil é considerado o terceiro fornecedor, no segmento. O setor de alimentos para organismos aquáticos no ano 1997 representou apenas, 0,2% do total de rações fa­bricadas no País. Em 2001, apenas quatro anos depois, o setor aqüícola foi responsável por 4,2% da produ­ção total de rações, e por isso o Brasil passou a condição de terceiro maior fabricante mundial de rações para alimentação animal, atrás somen­te dos Estados Unidos e da China.

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