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As araras-azuis não são azuis

Diferentemente do que todos pensam, as araras e borboletas não são azuis. O que vemos é uma ilusão de ótica criada pela disper­são da luz nas penas entremea­das por bolsões de ar e nas asas esponjosas das borboletas.

ARARA-AZUL

A origem da cor azulada de uma arara tipicamente tropical está associada a evolução da es­trutura de suas penas, de acordo com um estudo publicado na re­vista científica “PNAS”, da Acade­mia Americana de Ciências.

Pesquisadores da Universi­dade da Califórnia, em Berkeley, nos Estados Unidos, concluíram que o matiz lápis-lazuli encon­trado nas penas das aracangas (Ara macao) tem relação com as mudanças na estrutura de que­ratina que forma a pena.

Nas penas de aves azuis, as moléculas de queratina são entre­meadas por bolsões de ar. Essas estruturas dispersam radiações de outras cores que não o azul, cujo comprimento de onda é o único refratado. Deste modo, ape­nas a cor azul é refletida, enquan­to a estrutura da ave, composta de outras cores, as dispersam. Em estruturas não alinhadas, o azul não brilha nem muda de tom de acordo com o ângulo de incidência da luz, como aconte­ce com borboletas e pavões.

As análises mostraram que uma estrutura esponjosa encon­trada nas penas contém uma rede 3D de hastes de queratina que dispersam a luz de forma uniforme em todas as direções e contribuem para que as penas reflitam essa cor.

BORBOLETA

Em contato com a luz bran­ca, as microescamas alinhadas que formam as asas de espécies como a Morpho didius atuam como lentes. Elas anulam todas as frequências de onda visíveis, menos as do azul. Por isso, o pig­mento azul, embora não presen­te, se apresenta aos nossos olhos, como se na sua constituição, a borboleta fosse azul. Não é.

Segundo os pesquisadores de Berkeley, o estudo oferece um olhar mais atento sobre a origem evolutiva das cores na natureza e pode inspirar a fabricação de dispositivos utilizados para ma­nipular o fluxo de luz.

Por isso, é bom atentarmos para o fato de que nem sem­pre o que vemos é o que real­mente é. Nosso sistema visual interpreta uma cena em mais de um modo, o que nos leva a ponderar que nada é absoluto. A mente muitas vezes nos enga­na através da visão. E isso é ma­ravilhoso: viver em um mundo onde todas as formas e cores são disseminadas e acolhidas sem medo pela natureza.

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