O veículo da consciência
Diário da Manhã
Publicado em 30 de agosto de 2018 às 01:43 | Atualizado há 7 anos
“O despertar de Buddhi marca o início da fase mais importante da evolução do ser humano, quando a alma passa a cooperar conscientemente com o crescimento interior”. A afirmação é do economista Raul Branco, um dos convidados do Grupo de Estudos Teosóficos (GET) Sophia, para ministrar a próxima etapa do Módulo III do Curso de Introdução ao Penamento Teosófico em Goiânia, no próximo fim de semana (01 e 02/08). Segundo o estudioso, Buddhi, ou alma espiritual, veículo do Espírito ou tma, encontra-se geralmente adormecido na maior parte da humanidade.
Raul Branco abordará os diferentes aspectos desse sexto princípio, ou veículo da Consciência, suas funções e como desenvolver Buddhi. “A força de vontade, o altruísmo e a pureza no mais alto grau são pré-requisitos para isso”, ressalta o teósofo. O motivo é que a energia de Buddhi é muito poderosa. O desenvolvimento de Buddhi é extremamente lento e se dá, conforme explica Raul Branco, na vida diária com seus problemas e tentações, “alguns dos quais orquestrados por nossos instrutores”.
Raul Branco observa que além de desenvolver o corpo búdico, é preciso purificar os demais veículos da consciência, para que a percepção da realidade alcançada através de Buddhi possa se infiltrar na consciência inferior e se manifestar, como empatia, bondade e ternura. Ele cita Gottfried de Purucker (1874-1942), teósofo americano, para quem o princípio búdico “ é a intuição, o órgão do conhecimento direto, a vestimenta da centelha divina dentro de nós, que não só conhece instantaneamente a verdade, mas, também, a comunica, se de fato as barreiras não forem demasiado densas entre ele e as nossas mentes receptivas”.
Dentre as funções do corpo búdico, Raul Branco, que foi professor em várias universidades americanas e serviu por 12 anos na Organização das Nações Unidas (ONU), destaca a compreensão, a inteligência e o discernimento. “O discernimento, viveka em sânscrito, permite distinguir entre o real e o irreal”. Ele fala dos perigos em se confundir intuição com instinto. O instinto está ligado ao subconsciente, enquanto a intuição encontra-se no supraconsciente. “Por isso, enquanto não desenvolvermos buddhi, devemos nos valer da mente”, diz.
Raul Branco destaca que o verdadeiro discípulo é humilde, não busca prestígio para sua própria glorificação, característica dos ambiciosos, como em Lucas: “Mata a ambição”. “Servir ao próximo é a forma mais prática para entrarmos na sintonia de Buddhi”, informa. Outro caminho, “é o da devoção”, com a entrega total e desapego das coisas do mundo. Os mantras também têm grande poder, segundo o teósofo, em que o Eu Superior responde fazendo com que a luz de Buddhi venha iluminar a personalidade.
O curso de Introdução ao Pensamento Teosófico já tratou do conhecimento Tradição Sabedoria, da criação e do trabalho da Sociedade Teosófica e das Leis Universais. No Módulo III, já foram apresentados os corpos físico, etérico, astral, mental inferior e mental superior, como veículo da consciência.
MÔNADA
O estudioso da Doutrina Secreta e das Cartas dos Mahatmas Marcelo Luz, membro da Loja Brasília, faz sua palestra na manhã de domingo, com o objetivo de mostrar de onde surgiu o Espírito Puro, chamado de tma, em sânscrito, e também o que é a Mônada, o “Eterno Peregrino”, que percorre sua jornada de aprendizagem e evolução ao longo de eras.
Marcelo Luz também apresentará noções sobre como tma interage com a Matéria, para gerar seres inteligentes, as hierarquias construtoras, que arquitetam, desenvolvem, ajustam e controlam cada sistema solar, incluindo seu sol e os planetas que o circundam, além dos seres que fazem sua jornada de aprendizagem em cada planeta.
Ele falará, também, sobre a correlação que existe entre a terceira proposição fundamental de A Doutrina Secreta, obra de Helena Blavatsky, cofundadora da Sociedade Teosófica, com a peregrinação obrigatória de cada alma nessa jornada. Apresenta, ainda, o conceito de Mônada, e as diferenças entre a Mônada Pitagórica e a Mônada de Leibniz, além da cobertura externa da Mônada em cada um dos sete reinos em que ela se expressa e de como ocorre a evolução da consciência nesses reinos. Marcelo Luz abordará, também, as três frentes de evolução humana: a monádica ou espiritual, a intelectual e a física.
Para a sua fala, Marcelo Luz tomou por base obras como As Cartas dos Mahatmas para A. P. Sinnett e as obras de Blavatsky “Ísis sem Véu”, “A Doutrina Secreta”, “A Chave para a Teosofia”, “The Esoteric Papers of Madame Blavatsky”, “H. P. Blavatsky – Collected Writings” e “Textos Seletos de Helena Blavatsky”; e, também, “Esoteric Writings of T. Subba Row”, de Subba Row.
“Esperamos motivar os participantes a desenvolver suas próprias pesquisas sobre temas de seu interesse, valendo-se dessas magníficas obras, que no final do século 19 representaram para a humanidade os ensinamentos dos sábios e adeptos de todos os tempos”, afirma Marcelo Luz.
A PALESTRA
Antes de falar de Buddhi, no sábado, a partir das 15h, o teósofo Raul Branco faz palestra para responder à indagação: Por que o conhecimento da verdade nos libertará? Como estudioso do Cristianismo Primitivo, o palestrante faz suas reflexões a partir de enunciados bíblicos, começando com Jo 8:32: Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará (Jesus). Lembra que o resultado será a libertação e não a salvação. Explica que salvação tem origem na noção de pecado, forte no cristianismo, e somado ao dogma de que Jesus é o salvador.
Ele observa que em Jo 10:30, Eu e o pai somos um, o Eu refere-se a todos da humanidade e não apenas a Jesus, que o relato do Jardim do Éden é alegórico e representa uma etapa da grande jornada da alma. Que somos unos com o Pai e que o pai não quer castigar, mas, corrigir. Para isso, há a lei de causa e efeito.
“A libertação do sofrimento requer nosso retorno a este mundo de sofrimento. Aqueles que se libertam da roda do sansara tornam-se Jivanmuktas e não mais geram carma pessoal, por isso é que Jesus disse que a verdade vos liberatará”, diz o teósofo.
E o que seria essa verdade? Para Raul Branco, para se conhecer a verdade, o primeiro passo é se libertar do passado, estar pleno no aqui e no agora. Mesmo assim, se estaria aproximando de uma verdade relativa, relacionada ao mundo externo, impermanente.
Para se chegar à verdade absoluta, conforme acentua Raul Branco, a natureza divina em todo ser humano é o caminho. “Mas, para que a mente divina passe a governar nossas percepções sem as distorções da mente concreta, teremos que cultivar profunda paz, uma paz que o mundo externo não possa perturbar”, destaca. Uma paz só alcançada quando se se liberta do jugo do ego, “com suas artimanhas do círculo do pecado, culpa e medo”.
Essa libertação seria obtida na aceitação e responsabilização dos erros e enfrenta-los, com amor e carinho, pois nesse campo, o vilão se confunde com o herói, pois são o mesmo ser. Perdoar seria a atitude seguinte. Perdoar a si mesmo e aos outros. Ele lembra a citação completa: “Se permanecerdes na minha palavra, sereis verdadeiramente meus discípulos e conhecereis a verdade e a verdade vos libertará” (Jo 8:31 e 32).
A força de vontade, o altruísmo e a pureza são pré-requisitos para o desenvolvimento de buddhi, a alma espiritual”Raul Branco