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COTIDIANO

Prepare-se: gasolina a R$ 5; etanol por R$ 3

Está cada vez mais próximo dos postos de combustíveis da capital venderem o litro de gasolina com preço superior a R$ 5,00. No interior do Estado, em alguns municípios como Jataí, este valor já está sendo cobrado. Em Goiânia parece que agora é só questão de tempo já que tem pos­to vendendo o litro de gasolina a R$ 4,99 e, ontem, a Petrobras anun­ciou novo aumento do combustí­vel comercializado nas refinarias, desta vez de 1,02%.

O aumento começa a valer a partir desta quinta-feira e será repassado ao consumidor quan­do o posto for reabastecido con­forme diz Márcio Andrade, presi­dente do Sindicato do Comércio Varejistas de Derivados de Pe­tróleo no Estado de Goiás (Sin­diposto). Márcio afirma que os empresários do setor de com­bustíveis já trabalham como uma margem reduzida de lucro e que não tem como segurar mais os preços diante de um novo au­mento nas refinarias.

“Tempos atrás quando era ta­belado, a nossa margem de lucro chegava a 22%. Hoje ela gira em torno de 10 a 15%, dependendo da região e da estrutura onde está instalado o posto. Ou seja, não tem como não repassar o aumen­to da Petrobras”, diz o presidente do Sindiposto. Além disso, conta Márcio Andrade, o reajuste rece­be influências de outros setores que também estão majorando os preços devido a instabilidade po­lítica e econômica do Brasil e das oscilações do preço do barril do petróleo no mundo.

Neste mês o litro do combus­tível nas refinarias já subiu nove centavos, ou seja, 4,3% a mais do que custava no fim de agosto. Se­gundo Márcio, os postos pagam hoje pelo litro gasolina, em média, R$ 4,46 já calculando todos os im­postos. “Estamos trabalhando com uma margem de lucro no limite, cerca de 50 centavos por litro. Até gostaríamos de vender mais bara­to, mas não tem como, estamos pa­gando um preço alto pelo litro que vem das refinarias”, afirma.

ETANOL

A expectativa, de acordo com o presidente do Sindiposto, é que o etanol também suba de preço e ultrapasse os 3 reais na capital nos próximos dias. ”Se houver novo aumento no litro de etanol por parte das usinas, já há rumo­res, certamente isso irá aconte­cer. Já tem postos na capital ven­dendo o litro do etanol a R$ 2,89 e R$ 2,99. Não tem como os donos de postos segurarem mais os pre­ços”, diz Márcio Andrade.

Atualmente 70% dos consu­midores de Goiânia abastecem o carro com etanol já que está, em média, 60% do valor de custo em relação ao litro de gasolina. O li­mite percentual compensatório do etanol em relação à gasolina é de até 70%. Sobre o alto preço dos combustíveis em Goiás, Márcio afirma que esta situação está ocor­rendo em virtude da crise econô­mica que teve influências ainda da greve dos caminhoneiros no se­mestre passado e nega qualquer possibilidade de formação de um cartel de combustíveis.

“No ano passado a Agência Na­cional de Petróleo (ANP), em par­ceria com o Procon e o Ministério Público, fez uma intensa fiscaliza­ção na rede de postos de combus­tíveis de Goiânia e não encontrou nenhuma irregularidade. Não foi detectada a existência de um cartel e nem foi constatado preço abusi­vo. É a crise mesmo. Estamos viven­do um novo período inflacionário, infelizmente”, conclui o presidente do Sindiposto.

 Motoristas mudam rotina para economizar combustível

Diante da crise e dos aumentos constantes da gasolina e do etanol muita gente está mudando a rotina, diminuindo a utilização de veícu­los para se locomover. As alterna­tivas são muitas, entre elas os apli­cativos e até voltar a utilizar o velho ônibus em algumas situações.

O estudante João Carlos, 54 anos, é um destes. “Voltei a es­tudar recentemente. Aí diante da crise e dos aumentos constantes dos combustíveis resolvi reduzir o gasto com combustíveis de duas formas: fiz o passe livre estudantil e passei a ir de bike para a acade­mia. Só para o trabalho continua­rei indo de carro”, afirma.

O diagramador José Sales, 42, também resolveu diminuir a uti­lização do veículo para econo­mizar um pouco. “Como posso fazer muito serviço de casa mes­mo, trabalhando no meu com­putador, quando é possível, evito sair de carro e faço todo o servi­ço na minha residência. Tá mui­to caro o combustível. Se a gen­te não diminuir o uso do carro, o dinheiro vai embora”, diz

A bancária aposentada Maria Helena, 55, resolveu ser mais ra­dical e vendeu o carro para eco­nomizar um pouco. “Com o car­ro em casa toda hora arrumava motivo para usar mesmo em re­giões próximas da minha mora­dia. Agora temos só um carro, o do meu marido. Quando pre­ciso de algo mais distante vou de aplicativo. Assim economi­zo mais um pouco e melhoro a minha saúde já que passei a an­dar mais depois que vendi o car­ro”, conclui.

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