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Coronel é promovido e aposentado mesmo após assédio

A ex-soldado Jéssica Paulo do Nascimento, de 29 anos, lamenta sobre a promoção e aposentadoria do coronel Cássio Novaes, denunciado por assédio sexual e ameaças de morte contra ela, quando ainda atuava na Polícia Militar.

"Ele é promovido. Eu tive que pedir demissão" , lamenta.

Na Polícia Militar, ao se aposentar, o policial é promovido ao posto superior. A publicação da promoção de patente e da aposentadoria do coronel estão no Diário Oficial do Estado deste último sábado (17).

 "O sentimento é de repulsa e impunidade. Decepção mesmo. Só fortalece essas pessoas que cometem abuso e assédio a continuarem, porque percebem que sempre saem na vantagem", comenta.

Ela foi exonerada da Polícia Militar no fim de maio, quando decidiu deixar a corporação. Segundo Jéssica, ela teve que tomar essa decisão pois se sentia pressionada após a repercussão do caso, entre os episódios que classifica como perseguição está o desarmamento dela; escalas de trabalho na rua à noite, mesmo denunciando ameaças de morte; negativa para pedidos de transferência e chantagem com as férias ao qual ela teria direito.

“Eu quero que seja feita a Justiça. Nem que puxe para o meu lado, nem para o lado dele. A justiça tem tudo o que ela precisa ter", comentou a ex-soldado.

Assédio

As investidas pessoais do então tenente-coronel à soldado Jéssica começaram em 2018, segundo ela. Ele havia acabado de assumir o comando do Batalhão da Zona Sul de São Paulo, quando passou pelas companhias para se apresentar aos policiais militares e a conheceu, chamando-a para sair assim que conseguiu ficar a sós com ela.

Ela disse ao superior que era casada e tinha filhos, recusando o convite.

"Depois desse dia, minha vida virou um inferno", desabafa.

A ex-soldado relata episódios de investidas sexuais, principalmente, por mensagens, ameaças por áudio, humilhação em frente aos seus colegas e até mesmo sabotagem quando se recusou a ceder aos pedidos do superior.

Polícia Militar

O advogado de defesa da ex-soldado, Sidney Henrique, informou que solicitou medidas protetivas para ela e a família à Corregedoria da Polícia Militar de São Paulo, que foram negadas.

Além disso, ele também pleiteou um pedido de prisão preventiva do comandante e a suspensão do porte e posse de arma dele.

A Polícia Militar disse, por nota, que recebeu a denúncia e imediatamente instaurou um inquérito policial militar para apurar rigorosamente os fatos. A investigação continua sendo conduzida pela Corregedoria da Polícia Militar.

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