O futuro cobra desafios
Redação DM
Publicado em 28 de setembro de 2021 às 12:02 | Atualizado há 4 anos
A atividade agropecuária tem enfrentado múltiplos desafios para superar as adversidades na busca de evolução segura e rentável. Os agropecuaristas, com o apoio dos pesquisadores e segmentos correlatos, têm sido verdadeiros arquitetos dessa engenhosidade. É complexo o atendimento do mercado cada vez mais exigente hoje e a tendência é de mais cobrança no futuro. Estima-se que até 2050 o cenário do agronegócio mudará de forma sensacional. Prevê-se que será necessária uma produção de grãos 70% maior do que hoje. E isso será possível por meio da inovação e tecnologia.
Roberta Carnevalli, pesquisadora da Embrapa Gado de Leite, responde à provocação, expondo questões que afetam a cadeia do agro e da pecuária: alterações climáticas, pressão ambiental, segurança alimentar do rebanho e sustentabilidade. O Código Florestal Brasileiro contribui de forma positiva para melhor esclarecimento da sociedade sobre o respeito à lei de conservação da natureza.
O ILFP, sistema integrado de produção, representa um modelo que até os americanos vêem como atraentes. E trata de uma criação brasileira com paternidade da Embrapa. No sistema convivem pecuária, árvores, pastagens. Satisfaz a questão ambiental, ambiência animal, manejo, renda para o produtor e o mais exigente mercado. Marize Porto, proprietária da Fazenda Santa Brígida, município de Ipameri, tem opinião formada sobre a importância do modelo aplicado em sua propriedade. O sistema lavoura, pecuária e floresta, implantado pela Embrapa Cerrados, é modelo dá certo.
Roberta pergunta e ela mesma responde: – Qual é a pecuária que nós queremos mostrar para o mundo? Ela apresenta uma imagem de vacas sem acesso à sombra, em colapso pelo calor. “Esse não é o tipo de leite que o mundo quer comprar! Não é esse cenário que vai vender leite fora do País, mas é o cenário que mais encontramos no País”. A pesquisadora convida o setor produtivo a buscar melhores soluções para uma produção sustentável: “Quando falamos de mudanças climáticas, a responsabilidade é de todos. Quando falamos que os jovens não querem mais tomar leite porque está poluindo o ambiente, a responsabilidade é de todos”.
A produção mundial de alimentos precisa aumentar 20% em 10 anos para que não falte comida para a população global. “Para que esse crescimento seja de 20%, o Brasil tem que crescer 41%. É um desafio formidável para a nossa nação”, afirmou o ex-ministro da Agricultura Roberto Rodrigues, na conferência Entendendo a Amazônia. Para ele, o mundo confia no País por três razões: terras disponíveis, gente capaz e tecnologia tropical sustentável que tem avançado, principalmente, a partir da década de 1990.
Transformações
“A pecuária brasileira passa por profundas transformações, investindo de forma constante na melhoria de processos, na adoção de novas tecnologias e no fomento de uma produção que alie cada vez mais segurança, bem-estar animal, sanidade, maior eficiência no uso de recursos e a preservação ambiental. Todos esses elementos reunidos resultam em uma carne de altíssima qualidade, que atende aos mercados consumidores mais exigentes. Não à toa, em 2020 batemos o recorde de exportações, com mais de US$ 8 bilhões em receita”. Resume Antônio Jorge Camardelli, presidente da ABIEC.
E diz que “além das conquistas obtidas nos últimos anos, temos muito ainda a evoluir e, nesse sentido, o Desafio da Pecuária Responsável é uma iniciativa de suma importância ao estimular o desenvolvimento de projetos que busquem solucionar algumas das missões do hoje e do amanhã. O Brasil já é um dos principais fornecedores de alimentos para o mundo e sua importância deve crescer ainda mais nos próximos anos. Temos o dever de seguir produzindo com responsabilidade, respeitando os recursos naturais e garantindo um produto de excelência, com a qualidade que fez da carne brasileira uma das mais valorizadas do globo. Para isso, a inovação é parte do cardápio principal”.
Rebanho Bovino
O Brasil possui o maior rebanho de bovinos, com 215 milhões de cabeças. Contudo, a taxa de lotação ainda é baixa, com 1,5 cabeça/hectare, e com produtividade média de menos de dez arrobas por hectare/ano. Isso significa que o setor tem um potencial de crescimento elevado, com a possibilidade de expandir de três a cinco vezes mais, sem a necessidade de abertura de novas áreas ou de qualquer tipo de transformação no meio ambiente. Esses dados foram fornecidos pelo engenheiro agrônomo Francisco Beduschi Neto, executivo da National Wildlife Federation no Brasil.