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Resistência e luta marcam mês da consciência negra

Por Caroline Santana

No último sábado (27), foi realizado em Abadia de Goiás (GO), distante 22 km da capital, a Semana da Consciência Negra, com programação voltada para oficina de tranças e turbante, danças culturais, entrega do Título de Honra ao Mérito e uma deliciosa feijoada como comida típica e servida gratuitamente. Realizada pela Associação Quilombo Recantos Dourados com o apoio da MECAT Filtrações, Prefeitura de Abadia de Goiás e Secretaria Municipal do Bem Estar Social, o evento aconteceu no Centro de Esportes da cidade (CEPAC), das 08h30 às 14h.

A presidente da Comunidade Quilombola, Maria Elisângela Antunes Pereira disse que a Semana da Consciência Negra foi para trilhar novos caminhos e articular novas demandas. “Durante a Semana trabalhamos atividades voltadas ao esclarecimento da anemia falciforme, evasão escolar e a falta de negros nos poderes legislativo, executivo e Secretaria do município”, ressaltou a presidente.

A Associação tem como base a colaboração recíproca dos seus associados, fundamentada nos princípios da ética, cooperação solidária e autogestão da organização. “Nosso objetivo principal é congregar os quilombolas Recantos Dourados proporcionando através da representação de forma conjunta o interesse social e econômico deles”, disse Maria Elisângela. Ela explicou que a cultura negra ainda não é aceita pela sociedade.

“Sou mulher preta nagô com descendência de remanescente quilombola, guerreira, sonhadora e tenho como objetivo galgar novas oportunidades para que a igualdade exista. Não vou parar de lutar até que Deus assim permita porque sou resistência negra”, contou. Para a empresária, diretora para Assuntos Comunitários da Prefeitura de Abadia de Goiás e diretora administrativa do Grupo MECAT, Eliana Regina Turchetti, a Semana da Consciência Negra foi um momento de resgatar a tradição do povo quilombola, já que a cidade tem uma grande quantidade de remanescentes.

Eliana disse que a entrega do Título para os remanescentes da Associação Quilombola Recantos dos Dourados ressalta a importância da luta contra o racismo. “Ele continua sendo um dos maiores problemas sociais dos nossos tempos. Precisamos todos os dias nos atentar para isso e construirmos juntos, sem medir esforços, uma sociedade mais igualitária e antirracista”, frisou. A empresária e diretora também é parceira da Associação e madrinha.

Oficinas e Entrega do Título

Durante a solenidade foi entregue o Título de Honra ao Mérito para as matriarcas e patriarcas. “Eles trilharam um caminho antes de nós em nosso território”, afirmou a presidente. A Oficina de Turbante realizada no espaço serve após sua elaboração como produto da economia criativa.

“Cerca de 12 mulheres participaram com a intenção de mergulhar em suas raízes e com a oportunidade puderam praticar o lucro através das vendas. A mulher preta de descendência quilombola já vem preparada para as oficinas de turbantes e tranças da resistência passando seus conhecimentos e tradições adquiridas dos antepassados”, citou Maria Elisângela durante o evento. Ministrada por Lidiane Pereira, a Oficina de Turbantes foi presencial utilizando tecidos tradicionais em sua produção.

O espaço ainda contou com a apresentação da Dança da Peneira que rememora o trabalho tanto na senzala quanto na roça, além da quilombola. Um grupo de pessoas também se uniu para contribuir com as despesas e preparar a feijoada solidária para a Semana. “Além de parceira, a MECAT é uma grande colaboradora com trabalhos sociais e respeitosos para com a nossa história”, enfatizou a presidente sobre o apoio da empresa na realização da programação.

Próximos passos

De acordo com a presidente Maria Elisângela, para o final de ano ela aguarda o alinhamento de ações já realizadas no plano de trabalho. “Para 2022 estamos preparando uma reunião extraordinária que acontecerá em janeiro para buscarmos em conjunto, fomentos de políticas públicas internas para um novo plano de trabalho”.

Segundo Eliana, a programação para 2022 está repleta de eventos. “Sempre com o objetivo de resgatar a cultura popular afro-brasileira em nosso município. A cultura negra é importante para a sociedade, pois ela, além da brasilidade, preserva, faz superar e dar voz para o antirracismo”, reforçou.

Para fazer parte da Associação é necessário elaborar um levantamento da ancestralidade de cada um, levar para aprovação em ata, enviar a documentação e encaminhar ao governo federal para validação. Qualquer dúvida ou informação, basta entrar em contato pelo e-mail: [email protected].

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