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“Autismo não é aquilo que vimos no cinema”

‘Autismo é quando as primeiras palavrinhas não aparecem, o tchau não acontece, a imitação também não. Autismo é quando invés de empilhar os blocos, ele bate o bloco no chão, ou quando no parquinho, ele quer empurrar o balanço ou a gangorra, invés de brincar neles. Autismo é quando seu filho não se interessa por outras crianças, pode até brincar, mas é nítida a preferência em estar sozinho. Quando não gosta de festa de aniversário, do barulho, dos “parabéns”. Autismo não é aquilo que vimos no cinema, uma criança agressiva, que balança o tempo todo, rodando rodinhas, e olhando pro teto. Propagam o estereótipo do autismo e quando buscamos respostas para o comportamento dos nossos pequenos, não nos identificamos”, diz Mari Zacas mãe de gêmeas Autistas.

O Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) é uma condição caracterizada por déficit na comunicação social e comportamento. As principais características são comportamentos restritos e repetitivos.

“Nós podemos dizer que a criança com autismo tem essa díade do interesse restrito, comportamento restrito e da linguagem e comunicação social. Uma característica bem marcante, uma das que os pais mais observam é a interação. ‘Há, meu filho não interage comigo, não brinca com outras crianças quando está no parquinho, ele fica mais isolado, não quer entrar na brincadeira, os amiguinhos chamam e parece que ele não está ouvindo’. E aí, o que acontece diante dessas características, as famílias e as escolas já têm os sinais de alerta e com esses sinais de alerta, eles começam a procurar os profissionais especializados, afirma a fonoaudióloga especialista em análise do comportamento aplicada (ABA) e em Intervenções Precoce Daniella Sales Brom.

Não existem exames laboratoriais para chegar ao diagnóstico e o grau de autismo de cada pessoa é o que vai definir em que medida ela precisa de ajuda. No nível 1: leve (necessita de pouco suporte); nível 2: moderado (necessitam de suporte) e nível 3: severo (necessitam de maior suporte/apoio).

“Um autista moderado vai precisar de apoio em algumas particularidades, como por exemplo, na aprendizagem na escola, pode ser que ela precise de uma assistente terapêutica de uma psicopedagoga. O autista grave nível 3, pode precisar de terapias ao longo da vida”, explica Daniella.

Conforme a fonoaudióloga, o diagnóstico precoce é fundamental e um dos maiores problemas que temos hoje no Brasil é a falta dele.

“O diagnóstico precoce é fundamental para que a criança possa ser inserida, tanto na questão das terapias precocemente que tem ali a janela de oportunidades na primeira infância, como a questão da família para que a família entenda e comece a participar do processo o mais precocemente, então o diagnóstico é fundamental e nós podemos dizer que é primordial”, ressalta Daniella.

Mari Zacas relata que quando uma das filhas foi diagnosticada com autismo severo, ela tinha muitas dúvidas se a criança iria falar, desfraldar, atender comandos, andar de mãos dadas na rua e não disparar e acompanhar a escola regular.

“Hoje, graças à muita terapia e outras abordagens, temos tudo isso. Portanto, de todo coração eu lhe peço que se seu filho ou uma criança próxima à você apresenta atrasos, busque um profissional habilitado para avaliá-lo. A intervenção precoce e intensiva pode transformar o futuro dessa criança”, pontua.

Segundo Daniella, o tratamento do autista é praticamente com uma equipe multi e transdisciplinar. A equipe transdisciplinar é quando tem várias áreas, psicólogo, fonoaudiólogo, psicopedagogo, terapeuta ocupacional, que se interagem para tratar daquele caso, fazendo ali um tratamento personalizado, porque cada ser é único e todos nós temos as diferenças.

“Então os profissionais precisam conversar entre si, se tornando transdisciplinar para que o tratamento seja completo. Os dois profissionais mais atuantes na área do autismo são o psicólogo e fonoaudiólogo. O terapeuta ocupacional tem sua particularidade, principalmente nas questões sensoriais que nós vemos nas pessoas com autismo. O neuropediatra é quem faz o diagnóstico e o acompanhamento, seja ele para as questões medicamentosas ou para tratamento clínico”, afirma a fonoaudióloga .

Para finalizar, Daniella faz um apelo para que a inclusão de pessoas com autismo se torne cada vez mais comum na sociedade.

“Eu gostaria que a população quando for ler essa matéria, pense um pouco o quanto nós temos um olhar de exclusão, sendo que a gente coloca sempre o diagnóstico na frente da pessoa. A gente precisa ver que a inclusão está aí na nossa porta e que nós precisamos praticar, não é somente chegar no banco e ter lá a plaquinha do símbolo do autismo, precisamos praticar a inclusão, entender que o autista muitas vezes tem uma sensibilidade para usar a máscara, por exemplo, e que naquele lugar, embora ele esteja sentadinho ou em pé, ele tem uma necessidade sim. As escolas precisam acolher e adaptar as questões das tarefas, por exemplo, fazer o PEI, que é o Programa de Ensino Individualizado, a questão da inclusão é uma questão primordial para que a nossa sociedade tenha êxito”, destaca.

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