Sabe aquele espirro de última hora ou o nariz que não para de coçar? Os olhos ficam vermelhos, lacrimejando, a garganta arranha e, em alguns casos, provoca até falta de ar. Esses são alguns sintomas de alergia e as causas podem estar onde você menos imagina. Por isso, é necessário falar sobre o assunto que acomete milhões de pessoas no mundo todo.
Mas o que são as doenças respiratórias? De acordo com a presidente da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia – Regional Goiás (ASBAI-GO), Germana Pimentel Stefani, doenças respiratórias "são as doenças que acometem as vias aéreas superiores e inferiores. Podem ser agudas ou crônicas, e determinadas por várias causas."
Vários aspectos, conhecidos como gatilhos podem favorecer o aparecimento de alergias, como ácaros, fungos, pólens, pelos de animais, poluição ambiental, exposição ao ar frio, fumaça de cigarro e infecções virais. A inflamação das vias respiratórias provocadas por alergias podem evoluir para quadros crônicos de asma, doença que afeta cerca de 300 milhões de pessoas no mundo.
No Brasil, estima-se que há aproximadamente 20 milhões de asmáticos, quadros responsáveis por faltas recorrentes de seus enfermos à escola ou ao trabalho. A asma é uma doença crônica que pode acometer crianças, adultos e idosos, por isso, é considerado um problema mundial de saúde.
Semana Mundial da Alegria
Para explorar esse assunto, a World Allergy Organization (Organização Mundial de Alergia) escolheu a asma e as doenças respiratórias alérgicas como tema da Semana Mundial da Alergia de 2022. As ações serão realizadas entre 5 e 11 de junho com o objetivo de alertar e aumentar a conscientização sobre essas doenças. Os corticoides inalados, popularmente chamados de “bombinhas”, mudaram a evolução natural da doença, inclusive a mortalidade.
Nos últimos 20 anos, houve uma redução superior a 75% no número de internações por asma em hospitais do Sistema Único de Saúde no país. Atualmente, é difícil encontrar pacientes em unidades de terapia intensiva em decorrência de crises de asma. Entretanto, a mortalidade pela doença ainda é alta, já que cerca de cinco a sete pessoas morre diariamente por asma no Brasil, seja por falta de tratamento especializado ou por diagnóstico tardio.
Mais de 80% dos pacientes com asma têm rinite e de 10% a 40% dos pacientes com rinite têm asma, sugerindo o conceito de “uma via aérea, uma doença”, relação chamada entre os especialistas de Doença Aérea Única (DAU). “As vias aéreas superiores e inferiores são consideradas uma unidade morfológica e funcional, e a conexão existente entre elas é observada há muitos anos, tanto na saúde quanto na doença. Há fortes evidências epidemiológicas, fisiopatológicas e clínicas que apoiam uma visão integrada da rinite e da asma”, explica Germana.
Goiás
A DAU também pode ser considerada uma síndrome de hipersensibilidade das vias aéreas, já que a rinite e a asma podem ser induzidas e reproduzidas por reações alérgicas ou não alérgicas. Um exemplo do que pode provocar as reações é o tempo seco e a baixa humidade do ar, muito comuns nessa época do ano, em Goiás. A umidade do ar costuma ficar abaixo dos 20% em todo o Estado e essa “secura” pode comprometer as vias aéreas e estimular o aparecimento dos sintomas.
Outro problema comum nesse período é a poluição do ar, decorrente das queimadas. “Esses fatores externos podem prejudicar ainda mais o paciente. É preciso melhorar a hidratação e procurar atendimento especializado para controlar as reações e dar mais qualidade de vida à pessoa”, explica a presidente da ASBAI-GO.
A rinite e a asma, assim como as alergias que atingem as vias aéreas, devem ser tratadas de forma integrada. Portanto, a Semana Mundial de Alergia busca orientar as pessoas sobre a importância da prevenção e sobre a atuação do médico alergista nestes casos, reforçando, inclusive, o avanço terapêutico para casos que, até pouco tempo atrás, tinham se esgotado os recursos.
Germana conta que as "infecções respiratórias mais comuns são as rinossinusites, otites e pneumonias. Podem ser de causa viral (a mais comum), bacteriana e fúngica. Geralmente são agudas, mas raramente podem crônificar.
Identificação da doença
As alergias podem acontecer em qualquer idade. Nem sempre acontece na infância e inclusive, pode iniciar na velhice. Segundo Germana, "os exames diagnósticos devem ser direcionados para a suspeita clínica. Existem exames de imagem( raio-x, tomografia, nasofibroscopia, exames infecciosos e PCR como o para diagnosticar casos de Covid-19 e exames funcionais.
Tratamento
O tratamento de doenças respiratórias depende do seu tipo, severidade e estado geral do paciente. A presidente da ASBRAI-GO aponta que nas 2 últimas décadas houve um grande avanço no tratamento das alergias respiratórias, o que permitiu uma redução da mortalidade por asma em 75%.
Ainda de acordo com ela, "é importante ressaltar que como são doenças crônicas que intercalam períodos de crise com remissão (estabilização das doenças), o tratamento deve ser de longo prazo. Os medicamentos não "viciam". Nos casos mais graves, é como a insulina para o diabético: difícil se manter bem sem se tratar."
Alguns cuidados ajudam a evitar/prevenir as doenças respiratórias
A presidente da ASBRAI-GO ressalta que a prevenção das doenças respiratórias alérgicas depende tanto dos cuidados com a própria via aérea quanto dos cuidados com o ambiente. "Pensando na via aérea, é muito importante manter ela sempre higienizada, com uma lavagem frequente com soro fisiológico várias vezes ao dia. A nebulização ou o aerossol com o soro fisiológico também são interessantes."
Ainda segundo ela, os cuidados com o ambiente implicam o "uso dos umidificadores (controlando o tempo de exposição). Além disso, é importante reduzir a exposição aos ácaros, cuidando para que não haja acúmulo de poeira, de preferência, utilizar o pano ao invés de varrer a casa. Retirar cortinas de tecido, tapetes, cobertores que são felpudos, usar capa anti-ácaro nos travesseiros e colchões."
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