A banalidade do mal: em Trindade, adolescentes torturam amiga por ciúmes
Redacão
Publicado em 4 de outubro de 2016 às 15:15 | Atualizado há 9 anosA filosofa política Hannah Arendt já antecipou em expressão o que ocorreu na última semana em Trindade: a banalidade do mal.
Mal por ser uma aversão aos valores humanos. E perverso por revelar um lado obscuro pouco compreendido e percebido no início da adolescência: a coação física e a submissão corporal através da força.
Ou a falta de empatia em seu grau máximo, quando o ato de não se importar com o outro vai ao extremo de machucá-lo.
VEJA O VÍDEO
O fato: um grupo de três adolescentes de 13 a 16 anos torturou e preparou o homicídio de uma amiga de 14 anos, possivelmente motivadas por ciúmes e inveja.
A motivação: a vítima organizava uma festa de debutantes e teria convidado um ex-namorado de uma das suspeitas de praticar o ato infracional.
O que mais choca é a existência de imagens, que revelam a perversidade e o “iter criminis” em sua fase mais dramática: a execução. Uma das participantes gravou o ato infracional.
A fase 1 do ‘caminho do crime’ ocorreu na terça-feira da semana passada, 27, em reunião na casa de uma das algozes, quando tramaram o ato violento.
Investigadas pela Delegacia da Mulher, as adolescentes foram conduzidas para o Poder Judiciário, após expedição de mandado de apreensão.
Nos relatos preliminares, que devem constar do relatório do inquérito policial, a história é descrita em fases e que ocorreram em um período de três horas:
a) Ainda na terça-feira, 27, após a reunião em que premeditaram o crime, elas cavaram a cova.
b) As meninas convidaram a vítima para uma festa e no local a renderam, amarraram e iniciaram a sessão de tortura.
c) As adolescentes enfiaram absorvente sujo na boca da adolescente. Em seguida, usaram um facão e martelo para ferir a vítima.
d) Com o martelo, atingiram a cabeça da adolescente.
e) Em seguida, jogaram a jovem dentro da cova.
f) De fora, cortaram o tendão do braço da vítima.
g) Uma das torturadoras foi então lavar as mãos sujas de sangue, deixando a adolescente no chão.
h) Quando percebeu que existia a possibilidade de fuga, a adolescente, segundo seu relato, pulou no muro do lado e pediu ajuda ao vizinho, que identificou as supostas torturadoras.
i) A Polícia Militar de Goiás foi então chamada para realizar a prisão em flagrante: executa a apreensão das adolescentes suspeitas pelos crimes de tortura, lesão corporal, cárcere privado, dentre outros.
Inicialmente, a PM apreendeu uma das suspeitas na residência e outras duas logo após, em buscas que foram realizadas em Trindade.
Em entrevista para a TV Anhanguera, a vítima confirmou o motivo: “Elas falaram que era inveja do meu aniversário. Eu chamei o ex-namorado dela e ele ficou de ajudar na liberação”.