A destruição do refluxo
Diário da Manhã
Publicado em 3 de fevereiro de 2018 às 22:18 | Atualizado há 7 anos
A doença do refluxo afeta cerca de 12% dos brasileiros, ou seja, cerca de 20 milhões de pessoas já aprenderam a “conviver” com os sintomas de azia e má digestão. O gastroenterologista Luiz Henrique Filho explica que sintomas como azia, regurgitação e dor abdominal podem ser sinais do aparecimento da Doença do Refluxo Gastroesofágico (DRGE), uma condição crônica causada pelo retorno de parte do conteúdo do estômago para o esôfago e/ ou órgãos próximos.
“Esse retorno causa situações variáveis em sintomas que podem ser esofágicos ou extraesofágicos e que podem estar associados ou não a lesões teciduais”, descreve o especialista. Ele observa que as causas são variadas, mas algumas das possibilidades são a demora do estômago em esvaziar ou o afrouxamento do esfíncter inferior (músculo do esôfago que permite a passagem dos alimentos), por causa de abuso de álcool e cigarro.
A obesidade, acrescenta Henrique, também pode ser uma causa do refluxo visto que o acúmulo de gordura no abdômen aumenta a pressão no estômago e exige mais do esfíncter. Outros sintomas apontados por ele, os quais podem ajudar a identificar a doença são a saciedade precoce, rouquidão, dor torácica, engasgos noturnos, dor ao engolir, tosse crônica, aftas orais e desgaste do esmalte dentário.
Ele destaca que apesar de ser comum em bebês, a doença não tem idade específica para surgir e é preciso estar atento aos sintomas para procurar um médico e buscar tratamento específico com rapidez. “Se não tratada, a DRGE pode evoluir com o estreitamento do esôfago, hemorragia digestiva e até mesmo câncer de esôfago. Além disso, essa condição piora doenças respiratórias, como rinite e asma e pode causar doenças pulmonares e até distúrbios do sono”, adverte.
DENTES
A odontóloga e professora Hellen Matias alerta que além da sensação desagradável de sentir o líquido na garganta, o retorno do ácido estomacal ocasiona outros problemas, como os relacionados à saúde dos dentes. “Um refluxo que atinge a boca com ácido gástrico variando o seu pH entre 1.2 a 3.0 influencia negativamente na quantidade e qualidade da saliva promovendo essa queda brusca do pH oral, e dissolvendo os sais de cálcio e o fosfato que compõem o esmalte do dente, fenômeno chamado de erosão dental. Um ph saudável deve estar em 7, pois abaixo de 6,5 já se torna um ph corrosivo’, afirma.
De acordo com ela, a acidez gera lesões nas oclusais dos dentes, sensibilidade, muita dor e perda de estrutura dental. “Em casos mais leves o uso de um creme dental específico pode proteger o esmalte, o acompanhamento com o médico gastroenterologista para controlar o refluxo, junto com uma mudança alimentar, é fundamental. Em casos mais s e veros será necessário reab i l i t a r e s se paciente que perde estrutura dental e dimensão vertical, e também realizar tratamento de canal para aliviar a dor em casos severos”, avalia Hellen.