A indústria ainda está febril
Diário da Manhã
Publicado em 19 de novembro de 2017 às 02:06 | Atualizado há 7 anosA indústria brasileira vai mal das pernas, são as próprias lideranças industriais que o admitem. O país passa por um processo de desindustrialização precoce. Nos últimos anos, a participação da indústria nas exportações brasileiras caíram drasticamente. A participação da indústria brasileira no comércio internacional beira a irrelevância, não passa de 3%.
Ainda que o governo de Michel Temer venha encaminhando algumas propostas da agenda da indústria brasileira, formulada pela ConfederaçãoNacionaldaIndústria(CNI), não há sinal de recuperação do setor a curto prazo. Hoje a indústria brasileira se apega a tábuas de salvação para continuar na superfície.
O Termômetro da Indústria é uma ferramenta interativa que apresenta o desempenho recente da indústria brasileira. Foi criado pela CNI. Trabalha com dados do IBGE e da própria CNI. A situação da indústria é identificada pela combinação de um conjunto de indicadores. O último termômetro, divulgado pela entidade, revela um quadro de anemia profunda. A maior parte dos indicadores está negativo. Uns poucos se mostraram estáveis. Só o que mede a confiança do empresário industrial parece ter melhorado. Apesar das adversidades, quase metade dos industriais brasileiros continua acreditando que as coisas vão melhorar.
A importância da ferramenta é que ela permite identificar rapidamente se a indústria está crescendo ou não. A análise baseada em um conjunto de indicadores traduz de maneira mais apurada a situação da indústria. Ainda que a indústria apresente um bom desempenho, é possível que alguns indicadores registrem resultado negativo. O oposto também é verdadeiro. “Assim, para se evitar conclusões equivocadas, é importante considerar mais de um indicador”, afirma a CNI.
O mais importante é o indicador de produção. Variou positivamente em 0,2% em relação a setembro. Os dados divulgados pelo termômetro referem-se a outubro. Este índice vai de 0 a 100 pontos ou mais. Indicador mensal que estima a evolução da produção, ou melhor, do valor adicionado da indústria geral (transformação e extrativa), descontados os movimentos sazonais. Elaborado e dessazonalizado pelo IBGE, é um índice de base fixa, tendo como base a média de 2006 = 100, divulgado cerca de 30 dias após o fechamento do mês de referência. Atualmente, está em 87,3. Mas já chegou a mais de 105, em 2008. Ou seja. De lá para cá a produção medida por este índice só faz cair.
Este índice permite acompanhar o comportamento mensal da produção industrial brasileira, ou seja, do que é produzido dentro do Brasil pelas empresas das indústrias de transformação e extrativa. Antecipa a variação do PIB industrial, que será conhecido cinco meses depois do fechamento do trimestre.
Este índice de crescimento pífio repercutiu no faturamento negativo do setor industrial. A queda foi de 0,9% em relação a setembro. Depois de atingir um pico de 132,6% em agosto de 2013, o índice entrou em tendência brusca de queda, com pequenas altas seguidas de novas quedas. Em outubro do ano passado chegou a 100 pontos. De lá para cá, vem mostrando uma tendência algo tímida de crescimento, incertada por pequenas quedas. Depois de atingir 109 pontos em setembro, recuou de novo para 100.
Indicador mensal estima a evolução do faturamento, ou das vendas reais (descontada a inflação) na indústria de transformação, descontados os movimentos sazonais. Elaborado e dessazonalizado pela CNI, é um índice de base fixa, tendo como base a média de 2006 = 100, divulgado cerca de 30 dias após o fechamento do mês de referência. Permite acompanhar o comportamento mensal das vendas na indústria brasileira. É um dos primeiros indicadores a responder a variações da demanda. Quanto maior o indicador, maior o valor das vendas industriais, descontando o efeito da inflação.
O indicador de horas trabalhadas recuou 0,1% em relação a setembro. É o indicador mensal que estima a evolução do total de horas trabalhadas por todos os trabalhadores empregados na produção, incluindo as horas extras, descontados os movimentos sazonais ajuda a prever o movimento futuro no número de empregados: crescimento contínuo das horas trabalhadas resultam na necessidade de contratação de trabalhadores e vice versa.
Permite ainda acompanhar o comportamento mensal das horas trabalhadas na indústria brasileira. As horas trabalhadas são mais voláteis que o número de empregados, ou seja, respondem mais rapidamente a variações da produção. Por esse motivo, o indicador também pode ser usado como um estimador da produção. Quanto maior o indicador, maior o número de horas trabalhadas na indústria. Considerando que o aumento da produção requer mais horas de trabalho, o crescimento do indicador reflete a expansão da produção.
A exportações caíram 3,6% em relação a setembro. Em 2008, chegou a pontuar 113,9 pontos. Atualmente, está em 86,1%. O índice que marca o estoque efetivo planejado ficou estável aos 50,7 pontos. Indica que, embora não esteja havendo encalhe, as vendas também não estão lá essas coisas.
Já as unidades de capacidade instalada apresentaram queda, pontuando 41,8 pontos. Isto quer dizer que mais da metade das máquinas e equipamentos da industria brasileira estão ociosos. A situação já esteve pior. Em março de 2016 chegou a pouco mais de 30%. De lá para cá vem crescendo muito lentamente. De um modo geral, a produção ainda está desaquecida