A internet como palco dos criminosos
Diário da Manhã
Publicado em 2 de fevereiro de 2018 às 00:36 | Atualizado há 4 meses
Com a expansão e facilitação do acesso à internet nos últimos anos, as atividades e práticas ilegais também aumentaram. Seja utilizando a internet como entretenimento, estudos ou para facilitar a rotina de uma empresa.
Os crimes cibernéticos estão por toda parte e entender o que são é fundamental para evitar e impedir essas práticas. Não são somente as crianças e os adolescentes que estão sujeitos a serem vítimas de crimes na internet; adultos e grandes empresas estão na mira dos hackers.
Segundo o levantamento de uma empresa de segurança da Rússia, Kaspersky, o Brasil é o sexto país mais vulnerável a vírus do tipo ramsonware, um código malicioso que torna inacessíveis os dados armazenados em um equipamento, geralmente usando criptografia, e que exige pagamento de resgate (ransom) para restabelecer o acesso ao usuário. Até o momento, esse vírus já afetou 12,5 milhões de contas via e-mail. Em 2015, o Brasil ocupava a 10ª posição de acordo com o 20º Relatório de Segurança contra Ameaças na Internet.
Os crimes cibernéticos possuem uma definição ampla e podem buscar atingir diretamente uma pessoa por meio da internet ou apenas o próprio computador do usuário. O criminoso, além disso, pode cometer vários crimes ao mesmo tempo e em diversos lugares ao mesmo tempo, utilizando diversos computadores.
VÍTIMA
A empresária Anna Paula Barros tem uma empresa de eventos e foi vítima do vírus chamado black mirror, que é tão potente que conseguiu desativar o antivírus da máquina. O prejuízo só não foi pior porque ela utilizou HD externo como uma outra alternativa de armazenamento de dados.
O crime foi descoberto quando a empresária tentou acessar os documentos da empresa e percebeu que não estavam acessíveis. “Tivemos problema com uma placa de HD e precisamos pagar 10 mil reais para recuperar, ainda estamos com nosso sistema comprometido”, diz a empresária, que até hoje não sabe qual era a intenção dos hackers em invadir o sistema da sua empresa.
Coordenador de suporte de uma empresa de TI, Paulo Sérgio Aguiar Trigueiro alerta que grande parte dos crimes cibernéticos é provocada pelo descuido ou desconhecimento dos colaboradores. Paulo relata ainda que é importante que seja oferecido um treinamento para os colaboradores para que todos fiquem atentos a possíveis ameaças que possa de algum modo atravessar os sistemas de proteção. “Devem ser “instruídos a não abrir anexos de e-mail cuja origem é desconhecida ou suspeita”. Também limitar o acesso aos computadores de forma a não utilizar os computadores da empresa para acessar conteúdo de entretenimento, etc. A grande maioria dos golpes virtuais tem origem nestes ambientes e na ingenuidade do usuário”, alerta.
Ao suspeitar que está sendo vítima de um crime cibernético, Paulo Sérgio garante que isolar da rede os computadores, servidores infectados é o ideal, e esse serviço pode ser feito pelo departamento de TI da empresa, caso não tenha, é preciso contratar uma empresa especializada para dar o suporte. Em seguida, restaurar os sistemas e arquivos através de backups locais ou armazenadas na nuvem, se a empresa não possui backup é muito difícil conseguir se restabelecer após um ataque. Se possível tente identificar o foco do ataque, corrija a brecha e alerte aos colaboradores quanto às precauções para que esse tipo de ataque não ocorra.
SE PREVINA
Algumas formas de ataque envolvendo descuido dos colaboradores ou fragilidades na empresa que facilitam os ataques dos hackers:
– Mensagens de e-mail suspeitas ou de remetentes desconhecidos oferecendo ofertas vantajosas e com anexos infectados ou que apontam para sites maliciosos;
– Senhas simples, sem complexidade são fáceis de serem descobertas ou quebradas;
– Links duvidosos, não clique em nada que você perceba que tenha algum endereço estranho diferente dos habituais;
– Anúncios em diversos sites de internet, atente-se ao link que muitas vezes passa despercebido sendo parecido com o de uma empresa real e na verdade não é;
– Utilização na empresa de um pendrive que pegou emprestado ou trouxe de casa, muitas vezes esses dispositivos são causadores na disseminação de vírus e ameaças sem que o colaborador tenha ciência.
Hackers fazem caixas eletrônicos cuspirem dinheiro
Pode até parecer algo saído de um filme, mas, desta vez, estamos falando da realidade – hackers estariam fazendo caixas eletrônicos cuspirem dinheiro nos Estados Unidos. A nova categoria de ataque depende de acesso físico aos ATMs e utiliza ferramentas um tanto especializadas, normalmente usadas na medicina, mas que podem ser obtidas online por qualquer pessoa.
Os grandes alvos das ações de “jackpotting”, como são chamadas, são caixas eletrônicos localizados em lugares públicos, como farmácias, lojas de conveniência ou grandes varejistas. Disfarçados como técnicos de manutenção, os criminosos se aproximam e utilizam um endoscópio, normalmente conectado a um smartphone, para localizar um ponto de conexão interna para seus notebooks. Na sequência, se conectam às máquinas e instalam um malware, que faz com que o equipamento exiba uma mensagem de “fora de serviço” para os clientes.
A segunda parte do golpe acontece remotamente, com hackers que também fazem parte da quadrilha se conectando aos aparelhos e forçando-os a cuspir as notas em seu interior. Em questão de minutos, todo o dinheiro é coletado pelos criminosos, que, ao desconectarem seus notebooks do ATM, também permitem que ele volte a seu funcionamento normal, como se nada tivesse acontecido.
O golpe já vinha acontecendo desde o ano passado em países da Europa e da Ásia, sendo citado, inclusive, como um dos mais sofisticados golpes bancários já analisados, de acordo com a empresa de segurança da informação FireEye. Agora, em sua chegada aos Estados Unidos, o ataque já estaria chamando a atenção de gente grande, com o Serviço Secreto emitindo alertas para instituições financeiras sobre os casos já revelados.
A recomendação do governo é que tanto bancos quanto as operadoras de tais máquinas tomem atitudes para prevenir os ataques, que apesar de sofisticados, estão ganhando corpo e podem se tornar uma tendência. Entre as máquinas mais afetadas estariam dois modelos da fabricante Diebold, que teriam sido alvo de ataques coordenados, com o roubo de centenas de milhares de dólares ocorrendo ao longo das duas últimas semanas.
Entretanto, isso não significa que outras empresas do ramo podem ficar tranquilas. Muito pelo contrário – especialistas em segurança já identificaram mais de 40 pragas associadas a ataques de jackpotting, capazes de afetar centenas de modelos de caixas eletrônicos presentes em mais de 80 países. Muitos deles ainda rodam o Windows XP, o que os tornam especialmente vulneráveis.
Até mesmo a localização dos responsáveis é complicada. As quadrilhas por trás dos golpes seriam grandes e coordenadas, contratando “mulas” para realizarem o acesso físico ao caixa e coleta do dinheiro, enquanto os verdadeiros mentores do crime ficam à distância, cuidando da porção remota do golpe e da coleta das notas. O mesmo ATM, dificilmente, é alvo mais de uma vez.
Os golpes desse tipo acontecem desde 2013, o que já levou à tomada de medidas de segurança pelas companhias do setor. Na época, bastava um notebook conectado ao ATM e uma mensagem de texto para que o equipamento começasse a cuspir as notas. As atualizações tornaram a proteção das máquinas mais arrojada, mas, junto com esse aspecto, também aumentou a sofisticação de ataques do tipo.
Notícias sobre malwares capazes de fazer com que caixas eletrônicos cuspam dinheiro ou provas de conceito dessa categoria são notícias comuns no noticiário de tecnologia. Entretanto, elas aparecem de maneira esporádica, com esta sendo a primeira vez em que a suspeita é de um ataque coordenado. As autoridades americanas não se pronunciaram sobre o assunto, nem confirmaram a realização de uma investigação sobre o caso.