Cotidiano

A liberdade do espírito

Diário da Manhã

Publicado em 18 de janeiro de 2018 às 02:19 | Atualizado há 7 anos

 

Fábio Nasser, um dos mais promissores filhos da imprensa goiana, foi-se deste mundo ain­da muito precocemente, o que retirou um pouco da alegria de muitos corações daqueles que o conheciam. Em 1999, sua per­da deixou tanto os veículos da mídia goiana, além do próprio Diário da Manhã, quanto o próprio dever cí­vico do jornalista mais insí­pidos e murchos.

Filho de Batista Custódio e Consuelo Nasser (jornalis­ta e advogada), Fábio Nasser foi editor, repórter e articulista do Diário da Manhã. Ele é au­tor de uma série de artigos que narra os sofrimentos que en­frentou em clínicas psiquiátri­cas. Realizou também pesquisas sobre a vida do ex-ministro e polí­tico goiano Alfredo Nasser. O jor­nalista morreu aos 33 anos, após enfrentar uma severa crise psiquiátrica, fato que desen­cadeou o comportamento de tirar a própria vida.

Apesar de autor de tex­tos densos e, por muitas vezes, pessimistas com o comportamento humano, Fábio era extremamente divertido e gostava de tocar vio­lão. Os amigos próximos lem­bram dele como jovem feliz que caminhava sempre com uma Coca-Cola na mão e o violão Di Giorgio colado no peito.

Ainda que num céu bastante estrelado, é notório quando o mais brilhante astro do firmamento se apaga. A mais vivaz e penetran­te luz daquele que foi, e continua sendo, um dos mais importantes jornais do País se foi numa dolo­rosa tragédia sem despedida. Mas como todo espírito que se vai de um mundo banhado em desva­rio, e cada vez mais submerso no esdrúxulo e asqueroso véu do absurdo, o páramo da reflexão foi, sem dúvidas, seu primei­ro destino. Ali teve o privilé­gio de ver, pela primeira vez, a face de Deus, e finalmente pôde correr para seus braços, encontrando o enorme con­forto por quê tanto buscava.

Hoje, caminhando “no quintal de Deus”, como nas suas próprias palavras, re­gistradas em psicografias, é impossível deixar de notar que Fábio está num lugar de­veras aprazível e reconfortante. Em floridos campos, deitado so­bre a relva fresca de um paraíso que nem a mais venusta das idealizações seria capaz de se aproximar daquilo que realmente exista, o jovem e resplandecente espírito de Fábio Nasser contem­pla o cosmos mais próxi­mo da abóbada celeste.


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