Cotidiano

A revolução começa em casa

Redação DM

Publicado em 18 de abril de 2017 às 03:21 | Atualizado há 8 anos

As crianças têm o costume de copiar tudo que um adulto faz, principalmente quando se trata das tarefas domésticas. É nesta fase que os pais podem aproveitar para ensiná-los a manter o ambiente limpo e organizado, mas sempre explicando o porquê de estarem realizando tal atividade. Portanto, os pais que incentivam seus filhos a ajudar nas tarefas de casa, estão ao mesmo tempo educando para a vida
Mesmo com pouca idade, a criança já possui capacidade motora suficiente para desempenhar várias atividades. É importante para o desenvolvimento do pequenino, e quando se trata das tarefas domésticas, passa a participar da dinâmica familiar, e percebe então como as atividades feitas pelos pais são difíceis e cansativas, e então ela acaba valorizando o serviço realizado.
A psicóloga Silvana Santos considera importante a inclusão da criança na rotina dos afazeres domésticos, e destaca que uma criança de três anos venha ter mais interesse do que uma criança de 10 anos. “O ideal é começar com tarefas básicas, como recolher seus próprios brinquedos, organizar o quarto, ou até mesmo alimentar o animal de estimação. Gradualmente os pais devem aumentar o nível de dificuldade e o número de atividades”, diz a psicóloga que destaca também a importância de os pais demonstrarem como se realiza cada atividade e fazer elogios.
A criança que auxilia a família nas atividades domésticas, jamais podem ser vistas ou tratadas como empregados. Segundo Silvana, os pais não devem permitir que seu filho se torne o único e responsável pelos afazeres domésticos. “O excesso de trabalho sobrecarrega a criança e contribui para que ela perca o interesse nas atividades escolares resultando em um baixo rendimento escolar. Além disso ela pode apresentar irritabilidade, sonolência e fadiga”, justifica.
Os pais devem acompanhar seus filhos nos afazeres domésticos, como lavar louças, e também devem respeitar o seu desenvolvimento. Precisam ter consciência na escolha das tarefas que serão desempenhadas por suas crianças, respeitando sua faixa etária, sua capacidade física e preservando sua saúde.
De acordo com a ONG Criança Segura, 70% das hospitalizações infantis são causadas por acidentes domésticos. Na casa da Kayla Tyara Calixto, ela tem todo cuidado ao destinar as tarefas para suas crianças. Ela tem três filhos, Ana Beatriz, 7 anos, Mariana, 5 anos e Rodrigo Filho, 2 anos. As duas meninas levantam e arrumam a cama, lavam as louças, mas somente vasilhas de plástico e não cortantes, também varrem a casa e passam pano. O caçula da família, mesmo com pouca idade junta todos os brinquedos e quando termina uma refeição leva o prato, o copo ou a mamadeira para a pia. “Eles me ajudam dentro do que eles podem fazer, mesmo mal feito, eu não refaço, agradeço e parabenizo pelas tarefas cumpridas.
Kayla destaca ainda a importância da divisão de tarefas e acredita que todas as mães devem ensinar seus filhos a se organizarem. “É um dos passos que nós mães devemos dar para termos um futuro melhor. Assim mostrando que não só em casa, mas por onde passar é importante a limpeza de um ambiente para o bem-estar de uma sociedade”, conclui.
Benefícios
Os benefícios para as crianças que ajudam em casa são muitos, pois nessas situações que aprende a ter disciplina, solidariedade e descobrem novas habilidades. Além de compreender sobre a importância da higiene e os valores de organização. E os serviços domésticos valem para meninos e meninas, todos devem ajudar.
Ana Célia Aleixo, tem 5 anos, mesmo com a pouca idade, faz questão de ajudar a mãe em casa. Ainda não é confortável a altura da pia, mas ela se esforça para lavar as louças, sempre com a supervisão da sua mãe, Thaynan Barreira. Além das louças, ela sempre guarda os brinquedos e suas roupas, além de manter tudo limpo e organizado. “Desde pequena ela sempre demonstrou interesse em ajudar em casa, começou pegando uma vassoura e hoje adora lavar as louças”, diz a mãe.
Diante de muitos benefícios, os pais também devem ficar atentos quanto aos limites de cada criança. As tarefas devem ser colocadas para a criança dentro de uma rotina, não podem ameaçar o seu bem-estar biopsicossocial, como a escola, lazer e as brincadeiras. Nunca devem apresentar a tarefa como forma de punição, mas sim, uma aquisição de autonomia, sempre incentivada como reconhecimento do que os filhos já têm capacidade de fazer. Caso as crianças venha a pensar que realizar as tarefas é como forma de punição, logo ela associará como algo ruim, podendo influenciar em seu comportamento.
A psicóloga Tatiane Alves Vieira da Silva, lembra a importância da forma de recompensa após um trabalho realizado. “Os pais devem ter o cuidado ao recompensar seus filhos com dinheiro, pois podem fazer as crianças pensarem em ganhar dinheiro e não na importância da sua contribuição nos afazeres domésticos para a família, correndo o risco das crianças não querem ajudar quando estiverem com certa quantia em dinheiro”, destaca.
Elogiar é um excelente incentivo, os pais não devem insistir na perfeição e buscar sempre reconhecer e incentivar mesmo quando a criança esteja com a tarefa em andamento. E o maior benefício desta nova rotina da casa de participação nas tarefas domésticas, será a aproximação da família, todos trabalhando juntos para o mesmo objetivo. “A importância de os pais incentivarem seus filhos a serem organizados os ajuda a terem responsabilidade com outros aspectos de sua vida, na qual crianças que ajudam em casa podem se tornar mais confiantes e disciplinadas, não desistindo facilmente das tarefas dadas para elas”, conclui a psicóloga Tatiane.

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