Cotidiano

Acidentes de moto em Goiânia crescem e alertam para riscos no trânsito

Gabriel Maia - Estágio DM

Publicado em 16 de outubro de 2025 às 15:35 | Atualizado há 40 minutos

Hospitais de Goiás registraram milhares de atendimentos a motociclistas vítimas de acidentes no primeiro semestre de 2025 | Foto: Reprodução
Hospitais de Goiás registraram milhares de atendimentos a motociclistas vítimas de acidentes no primeiro semestre de 2025 | Foto: Reprodução

Entre entregas de delivery, deslocamentos para o trabalho ou atividades do cotidiano, em um cenário em que o trânsito da cidade está cada dia mais caótico, a motocicleta se tornou o meio de transporte mais rápido e um dos principais nas grandes cidades. No entanto, essa “popularidade” tem mostrado, em Goiânia, que os motociclistas são os mais expostos e vulneráveis quando se trata de sinistros e acidentes de trânsito.

Segundo dados disponibilizados pelo Hospital Estadual de Urgências Governador Otávio Lage de Siqueira (HUGOL), em 2024, foram registrados no total 6.254 acidentes de trânsito, deles 4.203 são com motos. Enquanto de janeiro a setembro deste ano, os acidentes de trânsito contabilizam 4.358, sendo 3.169 apenas envolvendo motociclistas.  

De acordo com o Atlas da Violência 2025, acidentes envolvendo motociclistas representam uma parcela preocupante das ocorrências fatais no Brasil. O Hospital de Urgências de Goiás Doutor Valmiro Cruz (HUGO), que também acompanha a tendência dos dados nacionais, considera preocupante a quantidade de pessoas acidentadas com múltiplas lesões, que demandam intervenções ágeis e especializadas. Conforme levantamento do próprio pronto-socorro, os motociclistas representam 75% das vítimas de acidentes de trânsito atendidas no hospital neste ano, até o momento.

Traumas recorrentes

O coordenador do Departamento de Emergência do hospital, Gustavo Moreira, explica que os traumas mais frequentes incluem fraturas fechadas e expostas, traumas cranioencefálicos e nas regiões torácica e abdominal. “O Departamento de Emergências do Hugo está preparado para oferecer suporte integral a esses casos, independentemente do tipo de veículo envolvido. Na prática, observamos uma alta incidência de motociclistas com quadros graves”, ressalta Moreira.  

A escalada da violência no trânsito em Goiás, por exemplo, coloca o Estado na 12ª posição no Brasil em número de mortes por acidentes envolvendo motociclistas. Apenas no primeiro semestre de 2025, o número de óbitos chegou a 243. De acordo com dados preliminares do Observatório da Segurança Pública, essas estatísticas podem ser ainda maiores no balanço final. O estudo revela que 40% do total de fatalidades em acidentes de trânsito no período decorre do excesso de velocidade, que aparece como principal causa das ocorrências. 

Em 2025, aproximadamente 60% das multas aplicadas por todos os órgãos autuadores do Estado de Goiás estão relacionadas ao excesso de velocidade. No primeiro semestre do ano, foram registrados 2,1 milhões de autos de infração, sendo 1,33 milhão relativos a condutores que trafegavam acima da velocidade permitida. O Detran-GO tem realizado campanhas frequentes para conscientização dos motoristas. O presidente do órgão, delegado Waldir, explica que a ideia da campanha é estimular a reflexão sobre pressas no trânsito. “Às vezes, para ‘ganhar’ três ou quatro minutos, colocamos em risco a nossa vida e a vida de terceiros”.  

Vítimas na Capital

Recentemente, cinco motociclistas morreram em decorrência de acidentes de trânsito em Goiânia. Somente nos três primeiros dias úteis deste mês de outubro, uma das cinco vítimas era mulher. Segundo a polícia, essas fatalidades ocorreram por excesso de velocidade ou desrespeito à sinalização. Entre as vítimas estava Ádria Naiara Romão Silva, de 31 anos, que perdeu a vida após a moto em que ela era carona colidir com um carro que fez uma conversão proibida na Avenida Bernardo Sayão, no Setor Centro-Oeste, no domingo (5).

Acidente que matou Adria Naiara após uma batida com um motorista de aplicativo bêbado | Foto: Reprodução

Outro acidente, registrado no Jardim Guanabara, na Avenida Goiânia, também na noite de domingo, deixou uma vítima fatal. Flávio Eduardo Gomes Arraes Filho, de 20 anos, perdeu a vida após a motocicleta que ele pilotava colidir com um carro que entrou repentinamente em sua frente. Perto desse mesmo local, na terça-feira (7), um motociclista identificado pelo apelido de “Cascão” morreu atropelado na Avenida Perimetral Norte, ao tentar passar entre um carro e um caminhão.

Já no final da tarde de terça-feira, um idoso de 71 anos bateu a moto em que trafegava violentamente contra um veículo Fiat Fiorino, que avançou o sinal de pare na Rua Sete de Outubro, no Bairro Jardim Presidente. A outra vítima da imprudência no trânsito foi o jovem de 21 anos, Luiz Felipe Oliveira. Ele perdeu o controle da moto que pilotava em uma baixada, na Avenida Colônia, no Jardim Novo Mundo, caiu no chão e bateu em um poste, morrendo no local.

Luiz Felipe Oliveira, de 21 anos, morreu ao perder o controle da motocicleta enquanto descia uma rua em alta velocidade e colidir com um poste | Foto: Reprodução TV Anhanguera

Ponto de atenção

Outro agravante que também chama atenção são as vítimas por sequelas. Não há dados específicos sobre o número de pessoas que ficam com incapacidade física, mas estima-se que a quantidade de feridos graves seja quatro a cinco vezes maior que as fatais. “Se partirmos desse pressuposto, só no primeiro semestre tivemos mais de mil pessoas gravemente feridas em acidentes envolvendo motociclistas”, comenta o delegado.

Os órgãos de saúde de Goiás fazem um alerta sobre os riscos da sensação de liberdade sobre duas rodas, um prazer que pode ter um preço alto, custando vidas e sobrecarregando o sistema público de saúde. Confira, a seguir, dados sobre atendimentos a vítimas de acidentes que deram entrada em hospitais do Estado.

Hugol (Goiânia): atendeu 2.662 vítimas de acidentes de trânsito no primeiro semestre; 1.948 (73,18%) eram motociclistas.

Hospital de Aparecida de Goiânia (Heapa): tratou 997 vítimas, sendo 736 motociclistas (73,82%). O custo estimado foi de R$ 4,1 milhões aos cofres públicos.

Hospital de Jataí (HEJ): recebeu 949 vítimas, das quais 736 (77,55%) em motocicletas, com gasto aproximado de R$ 3 milhões.

Hospital de Formosa (HEF): tratou 842 vítimas, sendo 478 (56,77%) motociclistas.

Hospital de Anápolis (Heana): registrou 1.394 atendimentos, entre eles 1.086 (77,9%) motociclistas.

Dados da Secretária de Saúde (SES) referente ao primeiro semestre de 2025 revela outras estatísticas de acidentes de trânsito preocupantes. Veja os dados:  

Acidente de trânsito

2023: 104.477

2024: 108.216

2025 (Janeiro a Junho): 42.821

Quantidade de óbitos no trânsito 

2023: 1.670

2024: 1.553

2025 (Janeiro a Junho): 633

Quantidade de óbitos de motociclista

2023: 620

2024: 585

2025 (Janeiro a Junho): 243

Um idoso de 70 anos morreu após colidir a moto com uma Fiorino no Jardim Presidente, em Goiânia. O carro chegou | Foto: Reprodução

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