Cotidiano

Ainda há quem use telefone fixo

Redação DM

Publicado em 1 de junho de 2018 às 01:39 | Atualizado há 5 meses

“Eu uso o telefone celu­lar para conversar com amigos, marcar con­sultas médicas e para fazer várias outras coisas do dia a dia”. A frase da professora universitária Caro­lina Goos, de 38 anos, vem sendo cada vez menos usual de se ouvir por aí, mas ainda não é totalmen­te coisa de outro mundo escutá-la por aí. Adepta do telefone fixo, que ocupa um lugar especial em sua residência, ficando na sala com quadros que decoram o ambien­te, a professora está na contramão da tendência constatada em vários lares. Atualmente, cada vez mais, opta-se pelo uso dos aplicativos de comunicação em detrimento ao telefone fixo. “Você está no bar, bebendo uma cerveja e respon­dendo mensagens do patrão, fa­zendo com que as pessoas fiquem 24 horas em cima de seus apare­lhos”, esclarece Carolina.

Doméstica e amiga de Caro­lina, Keila Aparecida, 43, relatou que também opta pelo uso do aparelho telefônico fixo. “Ligo para minhas filhas pelo telefone fixo e faço vários outros contatos típicos do dia a dia pelo apare­lho”, afirma. De acordo com ela, ainda que seja cada vez menos usual ter esse tipo de hábito, o aparelho tradicional está presen­te em sua vida e ela não faz ques­tão alguma de escondê-lo. “Por meio dele (do telefone fixo) con­verso com Carol, aos domingos, ligo para meu pai, minhas filhas e faço várias outras coisas”, garante. Para ela, o telefone fixo está cada vez sendo menos utilizado pelas pessoas por conta do uso exacer­bado de celulares, o que pode ser um dos fatores que somou para a consolidação do distanciamento entre as pessoas. “Cadê o contato cara a cara?”, diz.

O servidor público Tiago Mou­ra, 22, disse que utiliza pouco o te­lefone fixo, porém reconhece que os celulares geram dependência nas pessoas e fazem com que cada vez menos se converse cara a cara. Em sua casa, garante ele, o apare­lho foi usado por bastante tempo apenas para ligar para algum pa­rente distante, mas com o passar do tempo o aparelho foi deixa­do de lado e, agora, tem a finali­dade apenas de diminuir a conta dos planos oferecidos pelas em­presas de telefonia. “Hoje em dia, com plano de celular que abrange fixos e celulares de outros DDD´s, não se usa mais o fixo”, diz. “Ape­nas deixa-o ativo o plano mais bá­sico possível para só manter a in­ternet e ganhar um desconto. Não se usa mais telefone”, frisa ele, que é entusiasta das novas tecnologias.

ANATEL

No iní­cio deste ano, a Agência Nacional de Telecomunica­ções (Anatel) anunciou que ligações telefônicas de fixos para móveis ficaria 12% mais baratas nas chamadas lo­cais e 7% nas interurbanas em re­lação ao preço praticado por várias empresas de telefonia. Em Goiás, 1,2 milhões de pessoas devem ser beneficiadas pela iniciativa da esta­tal, o que poderia voltar a fomentar o uso do fixo por parte das pessoas. A queda nas tarifas valerá para cha­madas de usuários dos planos bási­cos de serviço das concessionárias de telefonia fixas, como Claro, Al­gar, Oi, Sercomtel e Vivo.

Em janeiro, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) pu­blicou no Diário Oficial da União possíveis mudanças que podem ocorrer nos contra­tos de concessão de serviços de telefonia fixa, que incluem alterações nas metas de universalização dos serviços. Os contratos devem ser assinados com as empresas Oi, Telefonica, Embratel, Sercomtel e Algar e de­vem vigorar até 2025.

De acordo com o novo Planos de Metas de Universalização (PGMU), a instalação dos orelhões públicos em localidades melhores devem ser feita somente sob demanda do próprio usuário. Já foram retiradas as obrigações atuais de densidade e de distância mínima entre os apare­lhos previstos em planos anteriores. Escolas, bibliotecas, hospitais, pos­tos de saúde, delegacias, aeropor­tos e rodoviária terão atendimento prioritário para a instalação de ore­lhões, segundo o PGMU.

O preço médio das chamadas locais cairá de R$ 0,18 para R$ 0,12 livre de impostos. Já para as cha­madas de fixo-móvel de longa dis­tância, com DDDs iniciando pelo primeiro dígito igual, como DDD 61 (Distrito Federal) e para 62 (Goiâ­nia), o preço médio diminuirá de R$ 0,55 para R$ 0,39. As demais li­gações interurbanas irá de R$ 0,62 para R$ 0,45. Por meio de nota, a Anatel justificou a redução das cha­madas de fixo-móvel, e disse que tal medida deve-se à redução das tari­fas de interconexão. “Elas são co­bradas entre as empresas pelo uso de suas redes de telecomunicações”. No ano passado, a empresa tam­bém havia anunciado uma redução nos custos de ligações para fixo-mó­vel. Assim como em 2017, o atual aumento não irá atingir os usuários de planos alternativos.

CELULAR

Divulgada pelo Instituto Bra­sileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na última quarta-feira, a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAC) revelou que 645 mil residência estão sem aces­so à internet em Goiás. O número representa 28% dos lares do Esta­do. Fontes ligadas ao setor de tele­comunicações dizem que o maior impasse encontrado no estado para melhor o acesso à internet é a burocracia. Em 2016, por outro lado, a estatística já havia mostrado uma grande exclusão digital em vá­rias residências de Goiás. Na épo­ca, a justificativa era de que o custo para aderir a um plano de acesso à internet era caro. A pesquisa ainda acentuou outra desigualdade que há no país: a do acesso ao conhe­cimento e informação.

Mesmo com todos esses dados alarmantes, Goiás ainda está aci­ma da média nacional de pessoas com acesso à internet em relação a 2016. Na ocasião, eram 71,8% dos 2,2 milhões de lares estavam co­nectados para uma média nacio­nal que girava em torno de 69%, o que significava que o Estado estava em consonância com a dependên­cia percebida no âmbito nacional. Por mais fora do comum que pos­sa parecer, a internet ainda não ha­via chegado em aproximadamen­te 41% dos lares. De acordo com o IBGE, um dos motivos para que ainda haja desigualdade digital é o desinteresse. Mas isto parece não ocorrer entre os mais jovens.

 



 

Hoje em dia, com plano de celular que abrange fixos e celulares de outros DDD´s, não se usa mais o fixo”

Tiago Moura, servidor público

 

Você está no bar, bebendo uma cerveja e respondendo mensagens do patrão, fazendo com que as pessoas fiquem 24 horas em cima de seus aparelhos”

Carolina Goos, professora universitária

 


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