Amazônia perdeu 724 mil km² de floresta e vegetação em 33 anos
Redação DM
Publicado em 2 de julho de 2020 às 14:50 | Atualizado há 5 anos
Em 33 anos a Pan-Amazônia, região da floresta amazônica que abrange 9 países, perdeu 724 mil km² de cobertura florestal e vegetal. A análise foi feita pelo MapBiomas Amazônia e divulgada nesta quinta-feira (2).
A área analisada, que envolve Brasil, Bolívia, Peru, Equador, Colômbia, Venezuela, Suriname, Guiana e Guiana Francesa, foi sendo desmatada entre 1985 a 2018 e equivale à soma dos estados de SC, PR, SP, RJ, ES, ou a todo o território do Chile.
Segundo o estudo, desses 724 mil km², a maior parte (692 mil km²) era área de floresta, e 32 mil km², vegetação natural. Em 2018, 10% da floresta na Pan-Amazônia já tinha desaparecido em comparação com o ano de 1985.
“É a primeira vez que se enxerga a Amazônia como um todo. Com isso, a gente consegue entender onde estão acontecendo as transformações mais rápidas, onde está mudando a cobertura de uso do solo”, afirma Tasso Azevedo, coordenador-geral do MapBiomas.
Dos nove países que a região abrange, o Brasil concentra a maior parte do bioma (61,8%) e foi também o país que mais perdeu em floresta, 624 mil km² a menos.
Em seguida, vem Bolívia, com 36 mil km²; Peru, com 16 mil km², e Colômbia, com 14 mil km².
Ao contrário da Guiana e Suriname que ganharam cobertura florestal, com 1,7 mil km² e 600 km², respectivamente.
Avanço da pecuária e agricultura na região
A área destinada à agricultura e pecuária teve aumento de 172% no bioma, no mesmo período.
Em 1985 eram 415 mil km² com atividades de agropecuária em toda a Pan-Amazônia. Em 2018, a quantidade quase triplicou, chegando a 1,12 milhão de km².
As atividades cresceram de maneira significativa em áreas brasileiras. Em 1985, eram 319 mil km² de terras para a agropecuária. Em 2018, eram 960 mil km².
Presença indígena e áreas protegidas
O desmatamento no período também atingiu unidades de conservação. Dos 692 mil km² de floresta amazônica perdida no período em toda a região, 50 mil km² estavam em territórios indígenas e áreas naturais protegidas.
De acordo com Tasso Azevedo, as unidades de conservação são meios importantes para conter a derrubada de florestas nativas.
Ele afirma que, entre 1985 e 2018, foram perdidos 1% de cobertura florestal nas áreas protegidas. “Nas áreas fora das unidades de conservação, perdemos 20%. O que mostra que as unidades de conservação e as terras indígenas são uma super barreira de proteção”, afirma.
Outro levantamento feito pelo Instituto Pesquisa Amazônia (Ipam) e o Núcleo de Altos Estudos Amazônicos (NAEA) da Universidade Federal do Pará (UFPA), indica que a Amazônia brasileira tem 23% de floresta em terras públicas não destinadas registradas ilegalmente como propriedades privadas.
O percentual equivale 11,6 milhões de hectares de florestas públicas “tomadas” ao longo de 21 anos (1997-2018). Ao todo, a Amazônia tem 49,8 milhões de hectares de florestas sem destinação.
Florestas em terras públicas não destinadas são áreas que não foram delimitadas, como unidade de conservação, área quilombola, ou terras indígenas, mas pertencem ao poder público.
*Com informações do G1