Cotidiano

Após um ano no ensino médio, um em cada quatro estudantes deixa a escola

Redação

Publicado em 5 de setembro de 2018 às 01:50 | Atualizado há 7 anos

O 1º ano do ensino médio e o 6º ano do ensino funda­mental têm as maiores ta­xas de reprovação e abandono dos estudantes, de acordo com dados divulgados pelo Ministério da Edu­cação (MEC). Essas taxas dimi­nuem ano a ano, mas na avaliação da pasta, ainda são preocupantes.

No 6º ano do ensino funda­mental, 15,5% dos estudantes re­provaram ou abandonaram os estudos em 2017. No 1º ano do ensino médio, esse índice aumen­ta para 23,6%, ou seja, quase um estudante a cada quatro ou repete ou deixa a escola após cursar um ano do ensino médio.

“Quando todos os alunos aprendem, eles não são reprova­dos. É simples, não estamos falan­do de coisas distintas. É preciso olhar para a aprendizagem para permitir que meninos e meninas aprendam na escola”, diz o minis­tro da Educação, Rossieli Soares.

Os dados, divulgados pelo MEC e o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Aní­sio Teixeira (Inep), fazem parte do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica, o principal in­dicador de qualidade da educa­ção brasileira, que mede tanto a aprendizagem quanto a aprova­ção dos estudantes. O Ideb é cal­culado a cada dois anos. Os dados divulgados hoje referem-se a 2017.

O 6º ano do ensino fundamen­tal e o 1º ano do ensino médio são anos que marcam mudan­ças de etapa. A partir do 6º ano, os estudantes passam a ter aula com vários professores e, no 1º, ingressam no ensino médio. “Es­sas etapas precisam de atenção, e os estudantes, de acompanha­mento escolar, para que apren­dam o esperado e possam passar de ano”, disse o ministro da Edu­cação, Rossieli Soares.

Apesar de ainda altos, os índices têm melhorado. Em 2005, a taxa de aprovação no 6º ano era 72,9% e, em 2017, subiu para 84,5%. No 1º ano do ensino médio, no mesmo pe­ríodo, passou de 65,6% para 76,4%.

QUALIDADE

Além do fluxo escolar, o Ideb leva em consideração o aprendizado dos estudantes em português e mate­mática, medido pelo Sistema Nacio­nal de Avaliação da Educação Bási­ca (Saeb). O MEC divulgou as notas das avaliações na semana passada. Os dados mostram que 70% dos es­tudantes terminam o ensino médio com aprendizado insuficiente em português. A mesma porcentagem se repete em matemática.

Levando em consideração as ava­liações do Saeb e o fluxo, o Brasil fi­cou abaixo da meta estabelecida pelo Ideb para os anos finais do ensino fundamental e no ensino médio. A meta foi cumprida apenas nos anos iniciais do ensino fundamental.

Sobre os resultados, o minis­tro Rossieli Soares disse que os anos finais do ensino fundamental merecem atenção, mas que a eta­pa mais crítica é o ensino médio. “Novamente vemos uma estagna­ção do ensino médio, que cada vez mais se distancia da meta. Há ne­cessidade muito grande de que a gente logo faça mudanças estrutu­rantes para o ensino médio”.

ENSINO MÉDIO

Segundo a presidente do Con­selho Nacional de Secretários de Educação (Consed), Cecilia Mot­ta, representante dos secretários estaduais, responsáveis por gerir a maior parte do ensino médio do país, os resultados não são novi­dades e tem se repetido nos últi­mos anos. Ela destaca o novo en­sino médio, aprovado em lei no ano passado e a Base Nacional Co­mum Curricular (BNCC) como reformas que podem melhorar o ensino. Pelo novo ensino médio, parte da etapa passa a ser flexí­vel e os estudantes podem esco­lher se aprofundar em matemáti­ca, linguagens, ciências humanas, ciências da natureza ou ensino téc­nico. A BNCC vai orientar a par­te comum a todos os estudantes.

“É o momento de repensarmos porque estamos parados há tanto tempo, estagnados há tanto tempo. Professor precisa de formação, o re­gime de parceria está sendo feito, estamos pensando em uma nova formação, temos a BNCC, o novo ensino médio”, disse Cecilia Motta

“Voltemos a nossos estados e partamos para um novo momento de implementação dos novos currí­culos, assim que a BNCC for imple­mentada”, conclamou.

Neste ano, pela primeira vez, o Inep divulga o Ideb por escola, no ensino médio. Até a última divulga­ção, em 2015, eram apresentados apenas os índices do ensino fun­damental. Assim, segundo o MEC, será possível mapear onde estão as maiores dificuldades e os maiores gargalos também no ensino médio.


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