Aterro privado de Padre Bernardo é interditado após colapso estrutural; “Tragédia anunciada”, diz titular da Semad

A secretária de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), Andréa Vulcanis, classificou como “tragédia anunciada” o desabamento no aterro privado de Padre Bernardo, interditado após mais um colapso estrutural. Em visita ao local na quinta-feira (19/06), ela denunciou o quadro de abandono e a instabilidade da pilha de resíduos, ao afirmar que o risco segue alto.

“A pilha aqui atrás ainda está instável, fez uma movimentação agora há pouco, então pode cair ainda mais resíduo dentro do córrego”, declarou.

Vulcanis criticou duramente as decisões judiciais que permitiram o funcionamento do aterro, mesmo diante dos alertas técnicos da Semad e do Ministério Público.

“A questão ambiental é técnica e não pode deixar de ser observada. Estamos vendo o resultado da interferência de um poder em outro, sem respeitar os requisitos e ordenações que a secretaria fez”, afirmou. Segundo ela, a operação no local era “irregular, muito precária, uma tragédia anunciada”.

A secretária relatou rachaduras e problemas estruturais visíveis. “Há muitas rachaduras, problemas graves de falta de manutenção. E neste período, quando nem está chovendo, isso mostra que a manutenção não era feita. Há recobrimento com material inadequado”, alertou.

Vulcanis ainda afirmou que, no dia da vistoria, não havia nenhum responsável da empresa Ouro Verde no local.

Técnicos da Semad identificaram contaminação na água do Córrego Santa Bárbara e do Rio do Sal, que recebem os resíduos do aterro.

Apesar do impacto, o Rio Descoberto, que abastece parte de Brasília, não foi afetado. A Semad, com apoio da Procuradoria-Geral do Estado (PGE), busca nova decisão judicial para embargar as atividades da empresa.

Foto: Reprodução/Instagram (@andrea_vulcanis)