Bloqueios em rodovias goianas chegam ao fim
Diário da Manhã
Publicado em 1 de junho de 2018 às 01:48 | Atualizado há 7 anos
Todos os 52 pontos de bloqueios em rodovias goianas foram liberados pelas forças policiais. O anúncio foi feito quarta-feira, pelo governador José Eliton e o secretário de Segurança Pública, Irapuan Costa Júnior. “Goiás trabalha com afinco desde o início da paralisação para minimizar os impactos do movimento à população”, afirmou o governador.
Além da liberação das rodovias, uma operação coordenada pela Polícia Militar, Exército Brasileiro e Polícia Rodoviária Federal resultou em 368 escoltas em todo o Estado. Mais de 420 caminhões com cargas de combustível, medicamentos, animais vivos, gás de cozinha e alimentos foram acompanhados pelas forças policiais.
As ações tiveram início na última segunda-feira, após decisão do Gabinete de Monitoramento da Paralisação do Transporte Rodoviário de Cargas (GMPTC), coordenado pela Secretaria de Segurança Pública (SSP).
Duas linhas telefônicas foram disponibilizadas para que empresas e motoristas solicitassem as escoltas e denunciassem crimes relacionados à mobilização, como bloqueios, comércio ilegal de produtos e furtos e roubos de cargas. “O trabalho foi feito de acordo com a necessidade de cada região”, explicou Irapuan Costa Júnior.
Os desbloqueios das rodovias estaduais foram coordenados pelo comandante de Policiamento Rodoviário, coronel Márcio Vicente da Silva, com apoio do comandante do 2º Comando Regional da Polícia Militar. Também participaram das ações tropas do Comando de Missões Especiais (Choque, GRAer, Bope e Cavalaria).
O gabinete instalado pelo Governo de Goiás continuará com as ações de monitoramento de saúde, abastecimento e de divisas nos próximos dias. Caso necessário, solicitações de escoltas ainda podem ser feitas pelo telefone (62) 3201-6101, pelo e-mail [email protected] ou nos comandos regionais da PM. O disque denúncia também continua em funcionamento por meio do número (62) 3201-2052.
DEFESA DO CONSUMIDOR
O Procon-Goiás realizou diversas ações de fiscalização desde o início do movimento. Todas as denúncias de preços abusivos de produtos e serviços estão sendo apuradas.
Somente em Goiânia, o órgão fiscalizou 183 postos de combustível. Foram registradas 18 denúncias de prática abusiva na venda de gás de cozinha. Dois estabelecimentos foram autuados por terem comercializado o produto por R$ 150. As ações de fiscalização também terão continuidade nos próximos dias. Consumidores podem denunciar irregularidades pelo disque denúncia 151 ou pelo telefone (62) 3201-7124.
O trabalho foi feito de acordo com a necessidade de cada região”Irapuan Costa Júnior, secretário de segurança pública
Goiás trabalha com afinco desde o início da paralisação para minimizar os impactos do movimento à população”
José Eliton, governador de Goiás
Estimados em mais R$ 500 milhões prejuízos com bloqueio de estradas
A greve dos caminhoneiros, que durou mais de semana, antes apoiada ou vista com simpatia por diferentes setores da sociedade, apresenta o balanço dos prejuízos. O desabastecimento e a insistência dos grevistas em manter a paralisação, apesar de acordos firmados por suas lideranças com o governo, fez com que muitos sentissem na pele ou no bolso o impacto. O abastecimento tende a demorar mais uns dez dias para se normalizar na Ceasa-Goiás, situada no eixo Goiânia-Anápolis. Os preços de vários produtos, principalmente de verduras e legumes, estão pelos “olhos da cara” nos supermercados locais e do interior do Estado.
A Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg) e o Instituto para o Fortalecimento da Agropecuária de Goiás (Ifag) estimam em mais de R$ 500 milhões os prejuízos para os produtores rurais com os nove dias de bloqueio nas estradas devido à paralisação dos caminhoneiros. Este valor é referente às perdas de Valor Bruto da Produção (VBP), que mede a estimativa de faturamento bruto na produção “dentro da porteira”.
“Entre as principais cadeias produtivas rurais afetadas pela paralisação, destacam-se as atividades ligadas a produção de leite, carnes (aves, suínos, gado e peixes), cana-de-açúcar e hortifrutigranjeiros”, aponta o diretor executivo do Ifag, Edson Novaes.
No caso da cana-de-açúcar, Goiás possui, atualmente, 36 usinas de processamento, das quais 25 não estão operando. São cerca de 600 colhedeiras no campo em todas as regiões produtoras do estado, além de tratores e caminhões para o transporte que necessitam de diesel para operarem. Lembrando que a colheita da cana ocorre em três turnos, 24 horas por dia. Durante o período de paralisação, foram pelo menos 250 mil toneladas de cana deixadas de ser colhidas diariamente, que se transformariam em 9,6 milhões de litros de etanol e 1,9 mil toneladas de açúcar.
Em relação aos hortifrútis, de acordo com a Central Estadual de Abastecimento (Ceasa-GO) são comercializados diariamente cerca de 4,7 mil toneladas de hortaliças e frutas. Com as paralisações este volume registrou redução de 60%, motivada principalmente pela falta de produtos oriundos de outros estados. Além do desabastecimento de alguns produtos, os impactos também foram sentidos nos preços, como no caso da batata lisa que registrou aumento de 366% na última semana.
Na pecuária, os impactos mais graves ocorreram na produção de leite, em função da impossibilidade de transportar o leite das propriedades rurais aos centros consumidores. Dos 8 milhões de litros produzidos diariamente, cerca de 7 milhões foram descartados nas propriedades pela não coleta. A estimativa é que as perdas no faturamento bruto do setor cheguem a até R$ 100 milhões.
No caso das cadeias de carne do estado, os maiores impactos foram gerados em função do retardamento dos abates previstos para o período, uma vez que segundo o Sindicato das Indústrias de Carnes e Derivados do Estado de Goiás (Sindicarne), 18 plantas frigoríficas estão paradas, impedindo o abate de mais de 35 mil cabeças/dia, que geram elevação de custos e atrapalham o adequado planejamento operacional das propriedades e indústrias. Sem contar nos impactos aos setores de avicultura e suinocultura, com mortandade de aves e com aves e suínos sem ração.
Para os grãos, os maiores impactos foram sentidos no ritmo de comercialização, com novos negócios travados em função da impossibilidade de transporte interno com destino as indústrias e aos portos.
POSICIONAMENTO
A Faeg sempre apoiou movimentos e realizou ações objetivando reduzir os altos custos e a carga tributária excessiva que assola não somente o setor produtivo rural, mas a toda a sociedade brasileira. E assim foi com o movimento dos caminhoneiros, apoiado inicialmente por entender como legítimo e justo.
No entanto, a continuidade do movimento está sendo danoso e prejudicial a todos os goianos e brasileiros. Que a continuar, a médio e longo prazo, ocorrerá uma situação de desestruturação de todos os setores produtivos e de toda a economia brasileira.
Em função do atendimento das demandas solicitadas pelos caminhoneiros por parte do Governo Federal, a Faeg acredita que o momento agora é de retomada nas atividades, evitando o aprofundamento dos prejuízos das atividades produtivas e um possível caos social gerado pela falta de abastecimento.