Brasil jorra ódio
Diário da Manhã
Publicado em 11 de outubro de 2018 às 03:02 | Atualizado há 4 meses
Uma onda de ódio assola o nosso país. Os dois candidatos que disputam a final presidencial representam partidos antagônicos, e se colocam nas extremidades de ideais e pensamentos. A intolerância toma conta dos brasileiros e a onda de barbárie tem feito suas vítimas. No Brasil, falar em política, se tornou-se um risco.
CARAVANA LULA
Atentados contra a militância política deixou seus primeiros rastros na caravana de Lula, em 27 de março. Dois dos três ônibus da caravana do ex-presidente Lula que participavam de uma mobilização política no sul do país foram alvejados por três tiros, na estrada entre Quedas do Iguaçu e Laranjeiras do Sul, no Paraná. Os disparos em dois dos três veículos foram relatados por integrantes da caravana. Ninguém ficou ferido. O ônibus em que estava Lula não foi atingido.
IDOSO ATIRA EM CANDIDATO
Idoso é preso após atirar em candidato que foi à sua casa e insultou o ex-presidente Lula.
Ele tem 67 anos de idade e foi preso em flagrante depois de atirar contra o candidato a deputado estadual que havia entrado na sua residência para pedir voto para ele e para Bolsonaro como presidente. O caso aconteceu no Bairro São Lucas, em Açailândia no Maranhão.
O idoso alegou que o candidato entrou em sua residência para pedir voto. Quando o senhor respondeu que votaria em Lula (PT) ou em quem ele indicasse, o candidato teria se irritado e lhe apontado o dedo.
Segundo o dono da casa, o político chamou Lula de ladrão e disse que quem o apoiasse também seria. O idoso se ofendeu, pediu para o candidato esperar e que ia fazer ele aprender a respeitar as pessoas. Entrou em um quarto e saiu com uma espingarda, efetuando um disparo.
O candidato a deputado sobreviveu, mas perdeu a orelha e não teve o nome divulgado. De acordo com a Polícia Militar, por sorte pegou apenas na orelha da vítima. As pessoas que estavam no local acionaram o 190 que chegou no local 80 minutos depois e prendeu o idoso.
DISPUTA DE MILITÂNCIAS
Um homem se envolveu em um incidente em frente ao Instituto Lula, em São Paulo, teve traumatismo craniano e foi internado no Hospital São Camilo, em frente ao escritório do ex-presidente Lula.
Ele fazia parte de um grupo de pessoas que se manisfestavam a favor da prisão de Lula. Segundo relatos, ele proferiu xingamentos contra petistas. A Provocação deu início a uma confusão com manifestantes pró-Lula. Foi empurrado e bateu a cabeça na caçamba de um caminhão em movimento e caiu desacordado.
De acordo com a rede médica, ainda na quinta-feira, o rapaz passou por exames que constataram o quadro de traumatismo craniano e foi submetido a intervenções cirúrgicas.
FACADA
O presidenciável Jair Bolsonaro é esfaqueado na região do tórax em ato de campanha na cidade de Juiz de Fora, Minas Gerais.
O candidato era carregado por apoiadores na rua Halfeld , centro da cidade, quando foi atingido por uma faca de 13 centímetros. Depois do ataque, o candidato a presidente foi levado à Santa Casa. A perfuração atingiu parte do fígado, do pulmão e da alça do intestino. Jair Bolsonaro sobreviveu ao atentado.
MESTRE DE CAPOEIRA
O mestre de capoeira e militante da cultura negra Romualdo Rosário da Costa de 63 anos, conhecido como Moá do Katendê foi morto por apoiador de Bolsonaro após ter um discussão política, quando declarou voto à Haddad. O crime aconteceu em Salvador, na Bahia, na madrugada de segunda-feira (08/10), por volta das 0h41.
CAPIM
Um vídeo que circula nas redes sociais flagrou supostos apoiadores do presidenciável Jair Bolsonaro oferecendo “capim” para a população nordestina em uma carreata.
A cinegrafista amadora relata em tom indignado: “A galera oferecendo capim para a população. Isso é um absurdo”.
NAZISMO
Sistema de segregação racial instituído na Alemanha entre 1933 e 1945, período que também ficou conhecido como Terceiro Reich, liderado por Adolf Hitler.
A ideologia política do nazismo surgiu após a Primeira Guerra Mundial (1914–1918), com a Alemanha destruída economicamente e humilhada por ter perdido a guerra. Neste cenário, surge um sentimento de revolta entre os alemães, que culpavam o governo pela situação do país e exigiam mudanças drásticas.
Em 1919 surgiu o Partido Nazi, abreviação de Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães (Nationalsozialistische Deutsche Arbeiterpartei, em alemão), que começava a disseminar ideais antissemitas entre a sociedade alemã.
O Partido Nazi alegava que a culpa de todos os problemas da crise que enfrentava a Alemanha eram dos imigrantes judeus, dos comunistas e dos liberais, que causavam a desordem e “roubavam” as oportunidades dos “alemães puros”, que segundo os nazistas pertenciam a uma “raça superior”; uma raça ariana.
Adolf Hitler nasceu em 1889, na Áustria, e havia participado da Primeira Guerra Mundial. Após a Grande Guerra e com a derrota alemã, Hitler integrou um grupo de ex-combatentes de classe média que planejavam uma ideologia para reacender a política e economia da Alemanha, além de recuperar a dignidade da nação.
E 1923, já sob a “alma” do Partido Nazi, Hitler liderou uma tentativa de derrubar o Estado, porém acabou sendo preso e condenado. Na prisão, escreveu o livro “Minha Luta” (Mein Kampf, em alemão), obra que se tornaria a “bíblia do Nazismo”.
Com a grande crise econômica de 1929 (que começou com a Quebra da Bolsa de Valores de Nova Iorque), a Alemanha se viu em desespero e o profundo desgosto com as condições de vida da população se intensificou. Esses sentimentos ajudaram a fortalecer o Partido Nazista e seus ideais.
INTOLERÂNCIA
O que chamamos de intolerância nos remetem ao nazismo observado na Alemanha, já que o sentimento que está instalado no coração dos brasileiros diz respeito a um sentimento antipetista, vez que os brasileiros temem que o Brasil mergulhe, através do comunismo, em uma crise que o leve a se tornar uma ‘Venezuela’.
Qualquer semelhança do texto acima com o atual momento político brasileiro não é mera coincidência.
Ademais, ideias que dividem o povo brasileiro tem sido disseminadas pelo candidato Jair Bolsonaro, que discrimina mulheres, negros e faz um apelo a uma pátria livre de gente inferior, qual seja a esquerda brasileira.
Uma declaração recente do filho de Jair Bolsonaro (PSL), Eduardo Bolsonaro (PSL/SP), que se tornou o deputado federal mais votado da história do país ao obter 1.814.443 votos neste domingo, segundo os resultados oficiais com 98,28% da apuração concluída, em ato a favor do pai, afirmou do alto de um trio elétrico que as mulheres da direita são mais bonitas e mais higiênicas do que as de esquerda. Eduardo fez as afirmações sobre o trio elétrico um dia após o ato de mulheres contra Bolsonaro, que reuniu multidões em diversas cidades por todo o país.
FASCISMO
Fascismo é uma forma de radicalismo político autoritário nacionalista que ganhou destaque no início do século XX na Europa e teve origem na Itália.
O fascismo é caracterizado por uma reação contra o movimento democrático que surgiu graças à Revolução Francesa, assim como pela furiosa oposição às concepções liberais e socialistas.
GENERAL MOURÃO
O candidato a vice presidente da República na chapa de Jair Bolsonaro, general Hamilton Mourão, afirmou dia 07/09, em entrevista à Globo News, que em situação hipotética de anarquia, pode haver um ‘autogolpe’ por parte do presidente com apoio das forças armadas.
General Mourão: “Eu vou colocar aqui para ti, Merval. Eu vejo. O Brasil tem quatro objetivos nacionais permanentes. Integridade do território, integridade do patrimônio, democracia e paz social. Quando você fala em integridade do território, integridade do patrimônio, é defesa da pátria. E quando você fala democracia e paz social, você está dentro das outras duas missões, que é a garantia dos poderes constitucionais e a garantia da lei e da ordem. Mas quando a gente vê que pode ocorrer uma anomalia, nós estamos falando aqui de uma situação hipotética, né, isso é hipotético. Quando você vê que o país está indo para uma anomia, na anarquia generalizada, que não há mais respeito pela autoridade, grupos armados andando pela rua…”
Cenário de crise, insatisfação popular e intolerância são os cenários perfeitos para que o país manifeste uma onda intolerante, com traços nazistas e fascistas, levando o país a cenários imprevisíveis.