Caminhoneiros protestam contra aumento do diesel
Diário da Manhã
Publicado em 22 de maio de 2018 às 01:40 | Atualizado há 7 anos
Após a Petrobras anunciar aumento do óleo diesel para amanhã nas refinarias de todo o País no último domingo (20), um grupo de caminhoneiros autônomos bloqueou na madrugada de ontem a entrada da Base de Distribuição de Combustível (Poll) no Jardim Novo Mundo, na região leste de Goiânia. No interior do Estado, por sua vez, os motoristas fecharam rodovias e impediram com pneus o fluxo de veículos nas estradas, que funcionou em meia pista durante o dia todo. A categoria pede que o Projeto de Lei (PL) 528 que fixa o valor mínimo do frete a ser pago seja colocado em prática o mais rápido possível. Os trabalhadores deixaram claro que o objetivo principal da greve é fazer com que o governo federal assine as melhorias que eles reivindicam e abaixem o valor do diesel.
A manifestação teve início por volta das quatro da madrugada de ontem. Na Capital goianiense, dezenas de motoristas foram chegando à distribuidora e aderiram ao ato antes mesmo de o dia raiar. Ao todo, Goiás conta com 26 distribuidoras de combustíveis que já foram alvo de atos contra o aumento do combustível no passado. No final da manhã, após reunião com a Polícia Militar (PM), o Sinditac liberou a entrada de 100 caminhões na distribuidora. O sindicato também estimou que 300 caminhoneiros não conseguiram abastecer seus veículos ou descarregar suas cargas por conta do protesto, o que teria provocado prejuízo. Segundo o advogado da Cooperativa de Motoristas de Goiás, Vinícius Biazus, o estrago no primeiro dia do protesto girou em torno de R$ 16 milhões. Mais de R$ 8 milhões de litros de combustível são carregados no local diariamente.
Atualmente, o valor do frete é estabelecido pelas empresas que contratam os serviços de transporte. Segundo o Sindicato dos Transportadores Autônomos de Cargas de Goiás (Sinditac), 70% dos caminhoneiros trabalham como autônomos e, por isso, a categoria cobra aprovação do PL, que lhes garantiria renda mínima. O sindicato sugere ainda que haja uma tabela compensatória que tenha preço fixo de R$ 0,70 o quilômetro rodado para cargas simples e R$ 0,90 para perigosas, ao contrário do cenário atual que não assegura uma quantia exata pelo trabalho prestado por parte do contratado. Outro ponto criticado pelos trabalhadores é o valor do óleo diesel. O presidente do Sinditac, Vantunir José Rodrigues, 75% do frete é direcionado para encher o tanque dos caminhões.
No final da tarde, a Associação Brasileira dos Caminhoneiros (Abcam) divulgou levantamento onde estimava que os caminhoneiros estavam parados em 17 Estados do País. De acordo com a Abcam, Minas Gerais é o Estado que conta com o maior número de trabalhadores em greve, registrando 15 profissionais encostado nas estradas. Em seguida, aparece a Bahia, com 13, e Rio de Janeiro, 11, e Santa Catarina, 10. Por outro lado, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) também informou que rodovias de 17 Estados estavam bloqueadas até o fechamento desta edição. Conforme levantamento da PRF, até às 16h de ontem, as unidades da federação que tiveram a maior quantidade de paralisações foram Paraná (19), Bahia (14), Minas Gerais (14) e Goiás (10).
Os caminhoneiros conseguiram aprovação do PL que estabelece preço mínimo para frente. Autor do projeto, o deputado federal Assis do Couto (PDT-PR) disse que a vitória simbolizava uma conquista à categoria. “É preciso que os trabalhadores se mobilizem, venham a Brasília, conversem com os deputados da CCJ para que o projeto seja o mais rápido possível votado”, afirmou ele, na ocasião. Surgido em 2015, o tabelamento mínimo ganhou força no âmbito nacional por causa da intensidade dos protestos que aconteceram à época. A definição dos preços que devem ser colocados em prática leva em conta a oscilações e a importância do valor do óleo diesel e dos pedágios na composição dos custos.
REUNIÃO
Por conta das paralisações dos caminhoneiros, o presidente Michel Temer (MDB) se reuniu no domingo a noite com o ministro de Minas e Energia, Moreira Franco, da Casa Civil, Eliseu Padilha, e o titular da fazenda, Eduardo Guardia, para debater questões relacionadas aos preços do combustível. De acordo com o presidente, a alta inflação e redução do poder de compra provocou o reajuste no valor. Em evento no Rio de Janeiro realizado na sexta-feira, o ministro Moreira Franco afirmou que o governo estava pensando em formas de reduzir o preço. “O imposto é muito alto e temos que repensar essa questão, como PIS, Cofins e ICMS”, disse o ministro.
Em janeiro deste ano, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) informou que o preço dos combustíveis sofreram 115 reajustes desde nos últimos seis meses, quando a política de Temer começou a vigorar. Além da mudança adotada pela Petrobrás, o que contribuiu para que houvesse alta nos preços por parte do governo federal foi a alíquota de PIS/Cofins. Na gasolina, por exemplo, passou de R$ 0,3816 para R$ 0,7925 por litro. Em Goiânia, em julho do ano passado, alguns postos chegaram a comercializar combustível com preço médio de R$ 4,00 a gasolina de R$ 3,00 o álcool. Na ocasião, caminhoneiros fizeram greve na BR-153, em Aparecida de Goiânia.
O imposto é muito alto e temos que repensar essa questão, como PIS, Cofins e ICMS”Moreira Franco, ministro de Minas e Energia