Cotidiano

Candidato ao Nobel critica desmatamento no Brasil

Redação DM

Publicado em 21 de julho de 2021 às 13:33 | Atualizado há 4 anos

“O desmatamento é um fator que nós temos de coibir. O desmatamento não é vantajoso para o Brasil. A agricultura não depende dele. Ao contrário”, afirmou Alysson Paolinelli durante palestra na conferência virtual “Entendendo a Amazônia”, que encerra amanhã, 22. De acordo com o ex-ministro da Agricultura, indicado ao Prêmio Nobel da Paz, “a continuar o desmatamento nas proporções atuais, poderá acontecer dificuldades nos chamados grandes rios aéreos”, que “abastecem” regiões produtoras com umidade quente. Essa umidade, que se encontra com as ondas frias que surgem do Sul, provocam chuvas que beneficiam as plantações do País, observa.

“Felizmente, o desmatamento não vem da agricultura: é um fenômeno de especulação de madeireiros que utilizam a madeira da Amazônia para exportar, o que não deve continuar acontecendo. Eles estão contra a lei. A lei ali tem de ser respeitada, porque não há nenhuma vantagem no Brasil com esse desmatamento. Estamos interessados muito mais na abundância biológica na Amazônia. É realmente o maior volume de biologia no mundo e poderá ajudar o Brasil no desenvolvimento pela ciência da bioeconomia, nova fase em que nós vamos entrar”, complementou o ex-ministro da Agricultura.

Mineiro, Paolinelli tem 84 anos e começou a atuar na agricultura há seis décadas. Nesse período, além de ter assumido o Ministério em 1974, foi secretário da mesma área de Minas Gerais e dirigiu a então Escola Superior de Agricultura de Lavras. No Ministério da Agricultura, sua gestão foi responsável pela criação da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Esse trabalho contribuiu para que esse personagem histórico fosse indicado à edição de 2021 do Prêmio Nobel da Paz.

“O Brasil criou, nesses últimos 40 anos, uma agricultura tropical altamente sustentável, com a vantagem de que, só com as tecnologias existentes hoje, poderemos, na área antropizada, ter condições de suportar toda a demanda mundial de alimentos em 2050”, analisou Paolinelli. “No Brasil, a árvore está valendo mais do que em pé. Nós temos esperança de que a ciência mostre e demonstre o contrário. Essa é uma tarefa que teremos daqui em diante”, finalizou.

A conferência, que tem duração de 19 a 22 de julho, tem o objetivo de informar corretamente a sociedade em geral e buscar melhores caminhos para essa riqueza, integrando a preservação com a produção sustentável. Tudo isso sem conotação política partidária. São 28 palestras destinadas a todos os públicos no Brasil e no exterior.

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