Cotidiano

Cerveja de mandioca já virou música

Redação DM

Publicado em 28 de agosto de 2020 às 20:07 | Atualizado há 5 anos

O cantor Charles Valente, com grande atuação no nordeste
goiano, tem inspiração popular – ou, dependendo do olhar, “respiração popular”.
Já que joga para dentro tudo o que sente e devolve através de um peculiar olhar
cultural. 

Poeta das ruas e bardo dos acontecimentos (sejam no interior
goiano ou sobre o cosmo em que a pequenininha Terra se insere), ele tem feito
crônicas sonoras com seus acordes maiores e menores.  Aqui ou em qualquer parada da Via Láctea, é
ele e Goiás na sonoridade que repercute.

O artista tem quatro CDs impecáveis: “Ecologicamente Correto”,
“Liberdade”, “A Cor do Rei” e “Danado de Bom”. Numa só palavra: experiência. Valente
é um artista que já experimentou a música e conseguiu devolver lindas canções e
melodias.

CERVEJARIA

O cantor está impregnado de Goiás e de Brasil. Recentemente,
após uma cervejaria nacional, a Ambev, resolver se instalar no Estado, ele
escreveu uma música sobre o tema. A cerveja será feita de mandioca colhida por
comunidades de moradores.

“Uma parceria firmada entre Governo de Goiás e a Ambev vai produzir
cerveja de mandioca”, explica. Segundo o músico, Cavalcanti, Flores de Goiás e
Posse serão beneficiadas com a medida. Os povos kalungas, por exemplo, estão
contemplados no projeto.

“Estamos vendo que está chegando a nossa hora”, diz o
cantador, que se inspirou no empreendedorismo para compor o xote: “…a cerveja
é feita de macaxeira/Tira gosto na esteira/É beiju de tapioca…”.   

A previsão é de que a empresa compre 100 toneladas de
mandioca para produzir a cerveja. “Vão adquirir da região mais humilde de
Goiás, com o IDH mais baixo. Vamos expandir isso e fazer com que as pessoas
tenham renda e recuperem sua capacidade de sobrevivência”, disse o governador
Ronaldo Caiado sobre o empreendimento.

De Anápolis, mudou-se para Posse (GO), no nordeste goiano,
onde passou sua infância. Deu um pulo na Bahia e de lá levou sua prosa sonora
para o nordeste brasileiro. “Neste pedaço de Brasil, convivi de perto com
poetas e artistas de teatro, brincadeiras de rua, cantigas de roda, cantadores
de coco, baiões e repentes, cantigas de lavadeiras, danças folclóricas e religiosas
e toda forma de manifestação popular”, recorda o artista.

CHAPADA

O Cantador Charles Valente já entoou suas cantigas em Goiás,
principalmente no Nordeste Goiano e na Chapada dos Veadeiros, São Paulo, Bahia,
Roraima, Tocantins, Minas Gerais e Brasília. Tocando suas canções e recitando
seus poemas, o Cantador cumpre a sina da viola navegando em versos e sonhando
sempre com um Brasil melhor e mais justo para com os seus filhos.

O último CD, “Danado de bom”, é a trilha perfeita para as
festas juninas. Revela a riqueza das tradições em uma releitura moderna, mas
nos limites do respeito ao cânone do cancioneiro.

No disco “A Cor do Rei”, traz Oswaldinho do Acordeon, Rufino
Guerra (Magrão), Toninho Ruiz e Elton do Pandeiro para criarem camadas de
musicalidade brasileira em sua goianidade pra lá de global.

Ao apresentar uma obra com quatro discos, o cantador deixa um
desafio aos ouvintes: se emocionarem como ele com as cores e sons de um Goiás
encravado no Cerrado e pronto para ser descoberto pelo mundo.

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