Coach “red pill” ou líder religioso? André Valadão ataca população LGBTI+ durante palestra
Gregory Rodrigues
Publicado em 6 de junho de 2023 às 12:18 | Atualizado há 4 meses
Famoso
por seus posicionamentos controversos envolvendo assuntos sociais, o Pastor
André Valadão, líder da Igreja Batista da Lagoinha em Orlando (EUA) se viu
envolto em mais uma trama polêmica, desta vez através de uma palestra proferida
no último domingo, 04. Durante seu discurso transmitido pelo youtube, o pastor
afirmou que “Deus odeia o orgulho” fazendo clara alusão ao mês em que se
celebra o orgulho LGBTI+.
Sob um
palco com fundo escuro, com letras pintadas nas cores do arco íris, Valadão
misturou conceitos políticos e religiosos para confrontar a história de luta da
população sexodiversa, transformando o que deveria ser um culto em algo
semelhante a uma palestra “coach” no estilo “red pill”. O pastor afirma que
este mês “é o mês que Deus mais repugna na humanidade”.
“Uma das palavras mais difíceis para Deus é
orgulho. Deus odeia, Ele repugna qualquer atitude de orgulho. Só o uso da
palavra orgulho Deus já condena. Qualquer movimento ou ação na nossa vida que
carrega o termo orgulho, Deus abomina. Porque Deus não está com quem se
orgulha, mas com quem se humilha. O mês do orgulho eu considero ser o mês que
Deus mais repugna na humanidade porque só a expressão orgulho é a expressão que
mais provoca e irrita Deus. E Deus condena. Deus não está com os orgulhosos,
mas sim com os humildes” afirmou
Não é
a primeira vez que André apresenta críticas a população LGBTI, sua cruzada anti-diversidade
não começou ontem, no entanto, fato que chama atenção é a existência de um coletivo
de acolhimento para pessoas LGBTI+ dentro da estrutura da Igreja Batista da
Lagoinha, o “Movimento Cores”. O movimento realiza reuniões semanais e atua constantemente
em publicações nas redes sociais.
A publicação
do pastor provocou revolta de movimentos organizados da sociedade civil, e até
mesmo de parlamentares que representam os direitos da comunidade. Em resposta
ao ocorrido Deputada Federal Érika Hilton (PSOL/SP) apresentou denúncia ao
Ministério Público Federal, evocando as decisões emanadas do Supremo Tribunal
Federal (STF) e solicitando que o conteúdo seja retirado das redes onde foi
divulgado, considerando o “evidente caráter criminoso de seu conteúdo”.
Reprodução Redes Sociais
Valadão “incorreu na conduta criminosa
tipificada no artigo 20 da Lei 7.716/89, relativamente à conduta de praticar e
de incitar o preconceito e a discriminação homotransfóbica […] No que diz
respeito ao conteúdo da pregação, o representado busca associar as vivências
das pessoas da comunidade LGBTQIA+ a um comportamento ‘desviante’, ‘contrário
às leis divinas’ e, portanto, algo a ser rechaçado e odiado”
afirma a parlamentar.
Por meio de nota, a parlamentar paulista rechaçou
mais uma vez o comportamento de Valadão, justificando que não permitirá que
passem impunes as falas do pastor.
“Andre Valadão historicamente busca
projeção pessoal criando polêmicas e destilando violência lgbtfóbica, em
especial em datas comemorativas da comunidade”. “Não permitiremos que
suas falas passem impunes. Deus não odeia o orgulho. Quem odeia a diversidade
são os farsantes e mercadores da fé, que não perdem a oportunidade de pregar o
ódio contra populações vulneráveis, espalhando desinformação e estereótipos”
finalizou.
O mês de junho é reconhecido mundialmente pela população LGBTI+ em memória ao ocorrido no dia 28 de junho de 1969, quando frequentadores do “Stonewall Inn” se rebelaram contra as ações humilhantes da polícia local, fato que provocou uma série de confrontos e manifestações no bairro de Greenwich Village, em Nova York 2. Esta rebelião ficou conhecida como o marco zero do movimento contemporâneo pelos direitos humanos da população LGBTI+.
Reprodução Redes Sociais
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