Cotidiano

Cresce o consumo de pílulas do dia seguinte

Diário da Manhã

Publicado em 7 de março de 2018 às 00:54 | Atualizado há 7 anos

A quantidade de contracepti­vos de emergência, conhe­cidos também como pílu­las do dia seguinte, comercializados em farmácias e drogarias brasileiras, cresceu 445% em dez anos. Passou de 1,976 milhão de doses em 2003 para 10,778 milhões em 2013, se­gundo dados reunidos na publica­ção Panorama da Contracepção de Emergência no Brasil, do Instituto de Saúde da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo. Em Goiás, só em 2013, foram vendidas mais de 500 mil doses, o maior montante entre os Estados do Centro-Oeste.

A anticoncepção de emergência é um método que visa prevenir a gestação após a relação sexual. Ele utiliza compostos hormonais con­centrados e atua por curto perío­do de tempo nos dias seguintes da relação. De acordo com informa­ções do Ministério da Saúde, di­ferente de outros anticonceptivos que atuam na prevenção da gravi­dez antes ou durante a relação se­xual, a pílula do dia seguinte tem indicação reservada a situações es­peciais ou de exceção, com o obje­tivo de prevenir uma gestação ino­portuna ou indesejada, a exemplo de situações de emergência, como casos de abuso sexual ou de falhas de outros métodos contraceptivos.

Segundo a farmacêutica He­lisley Regina, na unidade em que trabalha foram vendidas, em um único mês, 45 doses do contracep­tivo de emergência. “Geralmente, 50% das mulheres que vêm com­prar é porque esqueceram de to­mar a pílula anticoncepcional e têm medo de engravidar. A outra metade toma o anticoncepcional mais a pílula”, informa.

Na Pesquisa Nacional de De­mografia e Saúde da Criança e da Mulher (PNDS), de 2006, cerca de 12% das mulheres de 15 a 49 anos, sexualmente ativas, que já haviam utilizado um método contracep­tivo alguma vez, afirmaram já ter usado a pílula do dia seguinte de emergência. Esse porcentual sobe para 23,2% se for considerada ape­nas as mulheres solteiras.

Segundo a ginecologista San­dra Portella, normalmente uma pílula convencional, de uso contí­nuo, possui eficácia de 99%. A pí­lula de emergência tem eficácia de 94%, sendo um anticoncepcional de eficácia menor. Se a paciente faz uso repetido, como usar nova­mente após uma semana, o efeito vai baixando para 92%. Em relação aos possíveis efeitos colaterais, a médica informa ser uma dosagem grande de hormônio que se toma de uma vez só, o que vai alterar o ciclo menstrual e provocar sinto­mas como retenção de líquido, dor nas mamas e inchaço.

A ginecologista considera que “o alto índice de uso da pílula de emer­gência se deve à falta de informação e ao não entendimento das pessoas da necessidade de prevenção, de usar camisinha, ou de passar em consulta com o médico e solicitar anticoncepcional oral ou injetável”.

De acordo com o informativo “Anticoncepção de Emergência”, do Ministério da Saúde, de 2011, apesar de existirem diferentes mé­todos anticonceptivos, a incidên­cia da gravidez indesejada ainda é muito elevada em todo o mun­do, particularmente em países em desenvolvimento devido necessi­dades não satisfeitas de planeja­mento familiar, por falta de acesso a métodos anticonceptivos apro­priados ou por informação e apoio insuficientes para utilizá-los e tam­bém porque todos os métodos an­ticonceptivos podem falhar.

No Brasil, o acesso das mulhe­res à contracepção de emergência foi aprovado em 1996 e a assistên­cia à saúde sexual e reprodutiva de mulheres no Sistema Único de Saú­de do Brasil está prevista na Política Nacional de Assistência Integral à Saúde da Mulher. As pílulas do dia seguinte não exigem receita médica.

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