Crime mandava de dentro dos presídios
Diário da Manhã
Publicado em 24 de novembro de 2017 às 01:01 | Atualizado há 4 meses
Polícia Civil cumpre mandados de prisão em 51 municípios para desarticular facção criminosa que comandava homicídios, roubos e tráfico de drogas dentro de presídios
Agentes e delegados da Polícia Civil desencadearam na manhã de ontem a Operação Insone que visa desbaratar uma bem montada organização criminosa que agia a partir de presídios no Estado. Foram cumpridos 174 mandados entre prisão e busca e apreensão em 50 cidades do interior mais a capital. As ações foram comandadas pela Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco), que conduziu as investigações.
Segundo o delegado Braynner Vasconcelos Cursino, que coordenou as investigações e a operação, o grupo agia dentro de presídios ordenando a prática de crimes diversos como roubos, homicídios de desafetos e a maior parte era ligada ao tráfico de drogas. “As ordens eram repassadas de dentro das unidades prisionais por advogados, parentes e visitantes, que foram monitorados e descobertos. Bilhetes, cartas e até ligações de celulares eram utilizados para repassar as ordens, que contavam com a conivência e omissão de servidores do sistema prisional que já são investigados na Operação Regalia e Livramento”, explicou.
Um contingente de policiais cumpriu mandados de prisão contra 15 pessoas que recebiam as ordens, executavam algumas e repassavam outras para indivíduos ligados ao Primeiro Comando da Capital (PCC). Essa facção criminosa é investigada há mais de três anos por ter ampliado seus domínios em Goiás e conseguido estabelecer uma rede de apoios entre agentes públicos e advogados.
“São pessoas perigosas que ordenam crimes tanto dentro quanto fora dos presídios. As ordens partem de dentro do presídio para pessoas que estão nas ruas cometerem tráfico de drogas, furtos, roubos e homicídios”, explicou o delegado Braynner.
Cidades que já estavam na rota do PCC e que têm grande incidência de casos de tráfico e roubos tiveram maior parte das ações dessa operação concentradas. Goiânia, Trindade, Aparecida de Goiânia, Anápolis, Itumbiara, Caldas Novas, Morrinhos, Rio Verde, Catalão, Santa Helena de Goiás e Goianésia estavam na maior parte dos alvos da operação.
LIVRAMENTO
A execução dos mandados foi antecipada porque os policiais descobriram que havia um esforço concentrado de advogados e do comando dos marginais para colocar em liberdade um grande número de criminosos que estão presos. Muitos deles voltariam para a senda do crime com autorização da Justiça mediante ordens conseguidas por advogados ligados à facção criminosa.
“É uma investigação contínua. Possivelmente, em breve, teremos novas investigações contra as facções que comandam crimes dentro dos presídios”, frisou o delegado.
O trabalho das equipes foi auxiliado por policiais militares e agentes do sistema prisional, para facilitar as ações nos presídios. O superintendente do Sistema Prisional, tenente-coronel Newton Castilho, ressaltou a importância da unificação de esforços para combater o crime organizado e impedir que esse domínio se prolifere em Goiás. “Isso demonstra que estamos agindo para impedir o avanço e que o Estado não está apático”, finalizou.