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Cuidado ou cerceamento de liberdade? Controle do acesso a internet por menores é a bola da vez

Acesso sem supervisão pode conduzir jovens e adolescentes a “predadores” virtuais

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Há quem acredite por aí que os bebês da atualidade já nascem com um aparelho de celular nas mãos. O método utilizado por muitos pais para ficarem livres da preocupação, e conseguirem se dedicar a outras tarefas diárias, pode exercer influência negativa nas mais diversas áreas da vida de uma criança, em especial no tocante ao aprendizado.

Os bebês crescem, tornam-se crianças, adolescentes, jovens, mas os hábitos não mudam. Com o acesso em larga escala e a popularização da internet, é praticamente improvável encontrarmos algum adolescente ou jovem que não possua um perfil estruturado em algumas das redes sociais disponíveis na word wid web. Ali ele compartilha seu dia a dia, suas preferências pessoais e conversa com amigos, ou desconhecidos.

É compreensível que alguns considerem que a democratização do acesso a internet seja benéfico para a sociedade como um todo, podendo ser estratégia que proporcione o aprimoramento do conhecimento e o encurtar das distâncias. Ela pode facilitar certas ações da vida, desde que utilizada da maneira correta.

Na grande rede, além do conhecimento, entretenimento e diversão, estão escondidos grandes perigos, que podem levar aqueles que a utilizam a lugares obscuros. Menores de idade são os mais vulneráveis diante deste quadro, tendo em vista que em sua maioria não detém a maturidade necessária para a compreensão de determinados fatos, dificultando o entendimento de seus perigos.

O discurso de ódio, a desinformação e as Fake News invadiram os lares de milhões de brasileiros através da internet. Este fenômeno, atinge todos os dias também pessoas adultas, que, por dedução, haveriam de ter maior cuidado e entendimento para se desvencilhar das armadilhas que estão espalhadas pela web.

Alguns países como Estados Unidos da América do Norte, e a Inglaterra, já promovem debates sobre a aprovação de legislações que obriguem as controladoras das redes sociais a estabelecerem restrições quanto ao acesso de menores de idade a suas plataformas. Dentre as proposições já existentes nestes países, estão o fator horário limitado para utilização, com bloqueios estabelecidos entre 22:30hs às 6:30h, ou até mesmo a proibição do aceite de novos usuários menores, sem autorização expressa dos pais ou responsáveis.

No Brasil a temática suscita debates acalorados, como é de costume, e desperta o interesse de especialistas. Para o Mestre em Psicologia, Jairo Stacanelli, (MG) o que se pensava ser espaço de convivência e comunhão, se tornou palco de difusão de ideias preconceituosas.

“Aquele lugar que seria um lugar de comunhão e divisão de conhecimento se tornou ainda mais difusão de ideias que são racistas, machistas, misóginas, que fazem muito mal a nossa sociedade” Psicólogo Jairo Stacanelli

		Cuidado ou cerceamento de liberdade? Controle do acesso a internet por menores é a bola da vez
Arquivo Pessoal/Jairo Stacanelli

Jairo alerta que em sua visão, as redes sociais não devem ser consideradas um bom lugar para a oque ele chama de “meninada”.

“Dizer que a rede social é um lugar bacana para menores de idade é uma mentira. Lugar legal para a meninada é escutar o ‘Mundo Bita’, é escutar o disco de Chico Buarque e Vinícius de Moraes. É levar bons filmes para a garotada assistir. Eu tenho muita restrição e medo com o excesso das telas desde muito cedo” Psicólogo Jairo Stacanelli

Stacanelli reforça com certa veemência, que as redes sociais podem ser causadoras de traumas e sofrimentos a diversas pessoas. É como ocorre frequentemente com alguns famosos através de vazamentos de fotos íntimas, por exemplo. Ele argumenta que as limitações devem ser avaliadas também para adultos.

“Tentar limitar via justiça nunca deu certo, mas é preciso que se estabeleça regras. Para que, se porventura uma pessoa seja exposta, essas plataformas que ganham muito dinheiro, sejam responsabilizadas. É preciso supervisionar a rede social, mas o controle é muito difícil”

O psicólogo mineiro faz um alerta a todas as famílias:

“Menores de idade precisam sim serem aconselhados e supervisionados. Uma criança de 10 anos, que tem um “Iphone 50”, e o balança como uma bandeira, se colocando como instrumento de status social, precisa ter seu comportamento revisado pela maioria das casas, pela maioria dos pais. Os pais devem sim monitorar as redes sociais, o celular e tudo aquilo que os “filhotes” estão fazendo, promovendo conhecimento de qualidade dentro de casa, através de conversas dentro do ambiente familiar, há que se preocupar com a qualidade de vida dos filhos”. Psicólogo Jairo Stacanelli

Mas e no âmbito jurídico? A aprovação de medida semelhante a dos EUA, no Brasil seria poderia ser considerada legal? Para o Advogado Marcel Jeronymo, especialista em Direitos Humanos, a medida encontra respaldo nas leis brasileiras.

“Pela legislação brasileira é totalmente legal. Segundo o texto da lei, os pais têm o total dever de acompanhar a vida dos filhos, eles são responsáveis pelas ações destes até que completem a maior idade, ou seja 18 anos.”

Jeronymo, no entanto, salienta que, mesmo que seja essencial o monitoramento do acesso de menores pelos pais, o bom senso é primordial.


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Arquivo Pessoal/Marcel Jeronymo

“Há que se respeitar a boa convivência entre pais e filhos. A intimidade também faz parte do processo de desenvolvimento dos adolescentes. Porém, nos tempos atuais é fundamental o acompanhamento realizado pelos responsáveis, tendo em vista que a internet também além de ser um espaço onde se adquire conhecimento, é um utilizada como meio de aliciamento sexual e drogadição” Advogado Marcel Jeronymo

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