Cotidiano

Doença que te faz dormir

Diário da Manhã

Publicado em 12 de dezembro de 2015 às 21:56 | Atualizado há 4 meses

A doença do sono, conhecida também como narcolepsia, é um distúrbio que atinge um em cada 200 mil pessoas e faz com que seus portadores durmam em momentos inapropriados. Apesar de demonstrar um risco quase nulo a saúde, a narcolepsia é preocupante devido ao número de acidentes que pode causar. Estima-se que mais de três milhões de pessoas sofram de narcolepsia atualmente.A especialista do sono, Fernanda Chispim, fala que a narcolepsia é uma doença que pode ser confundida com outros distúrbios do sono, como a apneia. Porém, diferente desses distúrbios, os narcolépticos têm um sono restaurador e conseguem descansar mesmo com apenas 15 minutos.

Os ataques narcolépticos consistem em principalmente por súbitos ataques de sono, no qual os pacientes simplesmente dormem durante suas tarefas diárias. “Eles dormem no trabalho, na escola. Uma paciente até me falou que dormiu enquanto cozinhava”, afirma a doutora.Os ataques de sono podem vir a causar outros problemas ao narcolépticos, como: alucinações, paralisia do sono, cataplexia e também mudanças de humor. Durante os ataques de sono, mesmo estes sendo restauradores, se impedidos de dormir apresentam um aumento da irritabilidade, além da perda de concentração. Essa reação pode ser confundida, muitas vezes, como preguiça ou desinteresse por aqueles que não conhecem a doença.

Diagnóstico

Exame de polissonografia é utilizado para descobrir se paciente é narcoléptico (Foto: Isan Med)

De acordo com Fernanda, para diagnosticar se uma pessoa tem narcolepsia é necessáriofazer um disgnóstico clinico e exames de polissonografia seguidos de um teste de múltipla latência do sono. Durante o exame o paciente dorme durante a noite e ainda é testado pelos médicos tirando cochilos programados durante o intervalo de duas em duas horas. “Nesse teste vemos como está o sono da pessoa, quantas vezes ela consegue dormir, se o sono é rem ou se dorme muito rápido”, explica.

A narcolepsia é uma doença que permanece em constante pesquisa pois é não possui cura conhecida. Alguns cientistas que estudam sua origem afirmam que ela tenha origem genética e hereditária. A doutora explica que por esse ponto de vista as pesquisas se baseiam na falta de hipocrepina, um neurotransmissor produzido no hipotálamo lateral do cérebro que regula o sono a vigília e o apetite das pessoas. Essa ausência gera os ataques de sono característicos da narcolepsia.

Riscos e tratamento

Mesmo não causando riscos graves a saúde a narcolepsia pode causar ao seus portadores e àqueles que os acompanham um certo risco, pois os narcolépticos podem ter ataques de sono em momentos que podem colocar a vida deles mesmos e a de outros em risco. Por isso não é aconselhável dar a pessoas narcolépticas trabalhos que exijam muita concentração, como dirigir ou operar máquinas de grande porte.“A narcolepsia costuma aparecer na segunda metade da vida, ou seja, na adolescência ou no início da vida adulta e em mulheres com idade mais avançada”, explica Fernanda. A especialista ainda fala que existe tratamento para a doença.

Para regular os ataques da narcolepsia o paciente deve ter uma boa rotina do sono, dormir em horas certas, programar cochilos durante o dia, para evitar os ataques de sono, e, caso necessário, tomar os remédios indicados por um profissional para o manter acordado.A médica também ressalta que pessoas com sono constante devem procurar investigação profissional pois esse tipo de sintoma não é típico apenas da narcolepsia. Outros distúrbios que provocam sono em exagero, podem causar males maiores e devem ser diagnosticados.

Saiba mais

Sintomas

A narcolepsia costuma se manifestar durante a adolescência ou no início da vida adulta. Ela ainda não tem cura conhecida, então acompanha seu portador pelo resto da vida, mas pode ser controlada.

Existem pelo menos três sintomas para identificar o problema. Eles podem aparecer sem quadro prévio de outras doenças e apenas 10% das pessoas com narcolepsia sofre de todos os sintomas, o que torna ainda mais difícil sua identificação, pois eles são comumente encontrados, porém com menor frequência, em pessoas com estado de saúde normal.

Sono em momentos de vigília

O cataléptico pode passar por uma crise de sono enquanto está fazendo suas atividades diárias. Geralmente aquelas que tragam um sentimento de monotonia, como ao dirigir em estradas prolongadas ou quando é algo que não seja do seu interesse.

Essas pessoas conseguem dormir poucos minutos após acordar, mesmo que se sintam bem e descansadas. Também acordam desse sono com a mesma facilidade com que dormem.

Cataplexia

Cataplexia é o nome dado a paralisia momentânea, sem perda da consciência, que se apresenta em resposta a reações emocionais bruscas, como enfado, receio, alegria, gozo ou surpresa.

Paralisia do sono

As crises de paralisia podem aparecer durante o adormecer ou imediatamente ao acordar. Esse tipo de paralisia está geralmente associada ao sentimento de terror. A pessoa também pode sofrer de debilidade das extremidades, o que a faz derrubar as coisas que está segurando ou mesmo cair no chão.

Alucinações

A narcolepsia pode provocar alucinações visuais e auditivas no início do sono ou, com menor frequência, no momento do despertar. Essas são muito parecidas com as alucinações normais, porém mais frequentes e intensas.

Clinomania não é narcolepsia

Clinomania é a dificuldade em se levantar pela manhã (Foto: Reprodução EBC)

A clinomania é um distúrbio que pode, muitas vezes, ser confundido com a narcolepsia. A diferença entre os dois distúrbios é que enquanto a narcolepsia é identificada por episódios de sono incontrolável, a clinomania consiste na vontade de ficar deitado e não conseguir levantar da cama pela manhã, mesmo que não se tenha sono. Essa doença é também confundida com outros distúrbios do sono, fadiga crônica e depressão.Seu diagnóstico é tão complicado que deve ser obtido através de eliminação. É necessário que se façam os testes para diagnosticar se o paciente não sofre de um doença orgânica, para só depois assumir que se trata da clinomania. Mesmo que seja uma doença, a clinomania, assim como a narcolepsia, não necessita de problemas prévios, mas pode vir acompanhada de outros.

Um exemplo bem simples é sua comparação com a depressão. Naturalmente quem sofre de depressão tem dificuldade de se levantar da cama pela manhã, mas isso só acontece devido ao sentimento de desanimo ao encarar o mundo.A pessoa depressiva senta agonia em se levantar. Já para quem clinomania o sentimento é diferente. Essas pessoas sentem um enorme prazer em ficar deitadas e podem ficar assim por dias inteiros sem se incomodar, sem sentir necessidade de sair de sua cama.

Apesar de descansar após um dia estressante ser algo normal, quando esses descansos se prolongam por muito tempo ele pode vir a se tornar clinomania. Esta costuma atingir principalmente mulheres entre os 20 e 40 anos de idade e idosos.

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