Eleitores vão às urnas em segundo turno inédito na Argentina
Diário da Manhã
Publicado em 22 de novembro de 2015 às 10:15 | Atualizado há 9 anosBUENOS AIRES — Em clima de tranquilidade, os eleitores argentinos começaram a votar neste domingo em um pleito presidencial histórico que pode dar a vitória a Mauricio Macri, líder da aliança opositora Mudemos, na disputa com o peronista moderado Daniel Scioli. Essa é a primeira vez que um segundo turno é realizado no país desde a implementação do sistema, em 1994. Com o cenário ainda incerto, o candidato governista votou logo cedo, se mostrando confiante e esperançoso.
— Sabem o que sinto? Que hoje ganha o povo. Tenho muita fé e confiança — disse Scioli a jornalistas ao lado de sua esposa em um colégio eleitoral na região metropolitana de Buenos Aires, sem querer falar de seu adversário.
Mas as últimas pesquisas não apontam um cenário positivo para o peronista. Macri, que terminou o primeiro turno atrás de Scioli por uma margem pequena, conseguiu abrir vantagem no último mês e passou a liderar os levantamentos. Se o liberal vencer, será a primeira vez que um líder de direita e representante da alta sociedade conquista o poder em eleições livres. Esse resultado pode representar também uma mudança profunda do modelo econômico no país.
A previsão é que cerca de 32 milhões de pessoas compareçam ás urnas, enquanto os primeiros resultados devem começar a serem divulgados às 19h30 locais (20h30 em Brasília) e , por volta das 22h (23h em Brasília).
Mas seja qual for o resultado, o pleito põe fim a um ciclo de 12 anos do kirchnerismo. A presidente Cristina Kirchner, que assumiu o cargo depois do seu falecido marido, Néstor Kirchner, é reverenciada pelos pobres por seus generosos programas de bem-estar, bem como é criticada pelos controles impostos pelo casal sobre a economia. Impedida de buscar um terceiro mandato consecutivo, ela vai deixar o cargo no próximo mês com a Argentina profundamente dividida entre aqueles que querem que o governo continue com papel importante em suas vidas e os que apoiam as políticas de livre mercado da oposição.
Em um sinal de cansaço dos argentinos diante da economia estagnada e inflação alta, o candidato de Cristina, Daniel Scioli, perdeu sua condição de favorito após a votação de 25 de outubro, no primeiro turno. Macri, prefeito por dois mandatos de Buenos Aires e descendente de uma família rica, tinha vantagem confortável nas pesquisas de opinião para o segundo turno. Mas, com um em cada 10 eleitores indecisos, Scioli não pode ser desconsiderado.