Elos da mesma corrente
Redação
Publicado em 20 de outubro de 2015 às 00:03 | Atualizado há 10 anosElos da Mesma Corrente é título do romance da escritora Rosarita Fleury, mulher nobre na conduta e no nome de família. A autora, letrada, culta e criadora, é fundadora da Academia Feminina de Letras e Artes de Goiás –Aflag, pioneira na condução da cultura feminina de Goiás, na confraria literária goiana. O título da obra, originalíssimo e revelador do contexto do romance, não aceita paráfrase (desenvolvimento do texto de um livro ou de um documento conservando-se as ideias originais), daí porque tomo emprestado para escrever este escrito. O livro, cujo significado é transcrito pelo escritor Bento Fleury, é explicado no título com as seguintes palavras: “A família é como uma corrente – falou, erguendo-os nas mãos. Uma porção de elos presos uns aos outros. Em todas as famílias esses elos deviam ser bem fortes, bem resistentes, bem rijos, de sorte a representar uma força capaz de se fazer respeitar e contra a qual ninguém pudesse abrir forças e lutas. Assim é que devia ser. Muitas vezes, porém, acontece diferente. Os irmãos não se entendem, não se ajudam, tornam-se egoístas e, só muito mais tarde, chegam a compreender o valor de uma família unida. Infelizmente é o que se vê quase sempre. Se a corrente é forte nem um touro consegue parti-la. Mas se possui um elo fraco, um só, por pequeno que seja, fica a corrente inutilizada.” Esta transcrição do livro me lembra citações do falecido presidente chinês Mao Tse Tung, o maior líder do maior contingente humano até hoje (na época a China tinha 800 milhões de habitantes e ele era o líder consagrado e incontestado na nação chinesa). Sejam elas: “A pesquisa é comparável a uma longa gestação e a solução de um problema no dia do parto. Pesquisar sobre um problema é resolve-lo. O único método que permite conhecer uma situação é o de pesquisar, na sociedade, a realidade viva das classes sociais. Os que assumem uma tarefa de direção se consagram, seguindo um plano definido, a algumas cidades, algumas aldeias, para ali efetuar investigações minuciosas, aplicando o ponto-de-vista essencial do marxismo, isto é a análise das classes: eis o método fundamental de conhecer uma situação.” Nas eleições que se processam na OAB-GO (novembro/2015) a imprensa goiana está envolvida. Manifestações dos candidatos e do apoio partidário são diários nos jornais goianos O Popular, Diário da Manhã, e os semanários Jornal Opção, O Repórter e demais. Na edição de 11 a 17 de outubro corrente, o Jornal Opção publicou palavras de apoio de 13 advogados consagrados, sendo duas advogadas, e o jornal Diário da Manhã do dia seguinte, 12 pp, a repetiu, inclusive com fotografias dos apoiadores ao candidato da OAB Forte. Não cito nomes porque somos todos eventuais protagonistas, enquanto a entidade é o valor associativo incondicional. Assim, valorizamos a OAB-GO por sua função e seu destino agregativo e não dissociativo. Eu sei, porém que o fator dissonante da agregação dos advogados e das advogadas é o dinheiro e a soma de vaidades e confortos familiares e sociais que ele promove dentro da sociedade. Romper os elos da mesma corrente dentro da OAB-GO e das congêneres brasileiras, é ignorar que por trás dos apoiadores mais transluzentes estão esposas, filhas, netas, sobrinhas, tias, cunhadas, todas gozando o usufruto das boas condições de vida que permitem apreciá-la e não como a maioria dos advogados e das advogadas da periferia e do interior do Estado, para quem a vida é muito dura não podendo apreciá-la. Resta saber nas eleições de novembro/2015 quantos votos os apoiadores mais transluzentes transferem ao seu candidato, ou se se repetirá o quadro político nacional em que os candidatos populares contam já com quatro vitórias consecutivas nas urnas eleitorais. Eu quero a OAB-GO transluzente na transparência da administração externa e interna, mês a mês, não sendo possível hora a hora. Tchau!
(Eugênio Rios, advogado)