Empresário ligado ao PCC é suspeito de controlar rede de 30 postos em Goiás
Redação Online
Publicado em 4 de setembro de 2025 às 09:43 | Atualizado há 2 horas
A megaoperação Carbono Oculto, deflagrada em agosto de 2025, expôs um esquema bilionário de fraudes no setor de combustíveis, apontado como uma das maiores estruturas de lavagem de dinheiro ligadas ao Primeiro Comando da Capital (PCC) no Brasil. Entre os investigados está o empresário Armando Hussein Ali Mourad, suspeito de administrar e ser sócio em quase 30 postos de combustíveis espalhados por Goiás.
Armando é irmão de Mohamad Hussein Mourad, considerado um dos principais alvos da investigação. Mohamad é acusado de chefiar a rede criminosa que movimentou cerca de 52 bilhões de reais entre 2020 e 2024, envolvendo mais de mil postos em diversos estados do país. A Justiça já determinou o bloqueio de 7,6 bilhões de reais em bens e valores para tentar recuperar tributos sonegados.
Segundo a investigação, Armando assumiu não apenas postos de combustíveis, mas também distribuidoras em Goiás, utilizadas para dar aparência de legalidade aos negócios. Ele é ligado a oito postos localizados no Entorno do Distrito Federal, em cidades como Abadiânia, Alexânia, Goianésia, Luziânia, Niquelândia e Santo Antônio do Descoberto. Além disso, administra cerca de 20 unidades em municípios estratégicos como Goiânia, Aparecida de Goiânia, Catalão, Jataí, Morrinhos, Rio Verde, Senador Canedo e Terezópolis de Goiás.
Os estabelecimentos funcionavam, em grande parte, sob bandeira branca, o que facilitava a inserção de combustíveis adulterados no mercado. As investigações revelaram que o grupo criminoso importava irregularmente metanol, substância altamente tóxica e explosiva, utilizada em larga escala para adulterar combustíveis. Pela legislação da Agência Nacional do Petróleo (ANP), apenas 0,5% dessa substância pode ser utilizada, mas os percentuais encontrados eram muito superiores.
Além da adulteração, a operação descobriu que a estrutura criminosa se valia de fintechs controladas pelo grupo, fundos de investimento e empresas de fachada para movimentar e ocultar os recursos ilícitos. Esse sistema permitia ao PCC diversificar a lavagem de dinheiro e ampliar sua rede de influência no setor econômico.
A Carbono Oculto foi conduzida em 10 estados, com mais de 200 mandados de busca e apreensão e cerca de 350 alvos. Em Goiás, os investigadores destacaram que a presença dos postos controlados pelo grupo criminoso foi fundamental para sustentar financeiramente a expansão do esquema, atingindo diretamente consumidores e concorrentes do setor.
As autoridades afirmam que as apurações ainda estão em andamento e novas fases podem ser deflagradas para desarticular totalmente a estrutura empresarial do PCC ligada ao comércio de combustíveis. Enquanto isso, parte dos postos segue sob intervenção judicial, com bloqueio de contas e bens associados aos empresários investigados.