Escondidas na falta de divulgação, bibliotecas enfrentam dificuldades
Diário da Manhã
Publicado em 6 de dezembro de 2017 às 00:31 | Atualizado há 4 meses
Apesar de muitos goianos não conhecerem, Goiânia é rica em bibliotecas. Públicas ou privadas, a falta de divulgação acaba somando à falta de interesse da população, que desperdiça uma grande oportunidade de frequentar e conhecer estes locais de leitura, que têm muito a oferecer como enriquecimento cultural.
Um bom exemplo é a Biblioteca Marieta Teles Machado, que fica na Praça Universitária. Quem passa por lá todos os dias, muitas vezes na correria da rotina, acaba não percebendo sua grande estrutura. Uma das bibliotecas mais tradicionais de Goiânia, o local conta com um acervo de 35 mil volumes. E mesmo com a grande estrutura, e sua importância para a memória da capital, o estabelecimento vem passando por grandes dificuldades nos últimos anos.
Quem relata os problemas é a bibliotecária e chefe do local, Márcia de Oliveira. Em entrevista ao Diário da Manhã, ela reportou que há dois anos a biblioteca foi assaltada e diversos itens foram roubados, incluindo computadores que são de suma importância para o funcionamento pleno do local. Sem reposição dos PCs desde então, a biblioteca continua sem nenhum tipo de segurança.
Os vinte funcionários, que se dividem em três turnos, contam com apenas dois aparelhos para registrar a locação e devolução de livros das 600 pessoas que visitam a biblioteca diariamente. Oliveira afirma que o estabelecimento já entrou com uma licitação no Ministério da Comunicação, no programa de inclusão digital para conseguir novos computadores, mas o resultado ainda não apareceu, e pode demorar um bom tempo.
A bibliotecária ressalta que a maioria dos funcionários já está aposentada, que a quantidade atual não é suficiente para a demanda e reclama que os números de concursos para novos cargos são muito baixos. O DM tentou conversar com os responsáveis pela biblioteca inúmeras vezes, mas não conseguiu obter contato.
O horário de funcionamento da Biblioteca Marieta Telles Machado é das 7h às 20h de segunda a sexta-feira. Lembrando que a biblioteca não abre aos finais de semana. Os visitantes podem locar dois livros por semana e a multa por atraso é de R$1,00.
PIO VARGAS
Outra biblioteca que acaba sendo despercebida pelos goianos é a Biblioteca Estadual Escritor Pio Vargas. Criada em junho de 1967, ela recebeu a atual denominação apenas em abril de 1991, em homenagem ao escritor Pio Vargas, que cedeu algumas de suas obras para a criação do museu, em 1967. A biblioteca possui um acervo de cerca de 60 mil títulos, entre 160 mapas, 28 atlas e vários tipos de periódicos, como revistas semanais e mensais e jornais. O espaço oferece uma sala exclusiva para crianças, decorada especialmente pelo desenhista e cartunista Jorge Braga.
O DM conversou com a superintendente de Patrimônio Histórico e Artístico da Seduce, Maria Abadia Silva, que afirmou que o processo de revitalização da biblioteca e de toda praça, os sete antigos prédios administrativos da região, irá acontecer. “A intenção é que a biblioteca crie rodas de leituras e que as escolas participem ativamente das futuras novas atividades” explica. Questionada sobre problemas de estrutura e pessoal, ela ressalta que o número de funcionários pode melhorar e argumenta que é muito difícil formar agentes culturais.
O horário de funcionamento é das 8h às 19h de segunda a sexta-feira.
CORA CORALINA
Entre as bibliotecas públicas que foram abordadas, nenhuma se apresentou mais ausente que a Cora Coralina. Além das dezenas de telefonemas não respondidas, nossa equipe compareceu ao local diversas vezes, sempre encontrando portas fechadas.
Com a ausência de justificativas por parte da administração, a reportagem procurou respostas com um comerciante que trabalha próximo ao local. Ele, que preferiu não ser identificado, contou que já viu o estabelecimento funcionando, mas que neste final de ano ela permanece, na maior parte do tempo, fechada.
Com essa nova informação, a reportagem tentou novamente entrar em contato, em busca de respostas. Mas, novamente, não foi atendida. Até o fechamento desta edição, continuamos sem sucesso. A biblioteca fica localizada na Avenida 24 de Outubro nº 120, no Setor Campinas
Quem foi Marieta Teles
Marieta Teles Machado foi a pioneira da Biblioteconomia em Goiás, uma das intelectuais mais importantes para a consolidação dos livros e das bibliotecas em nosso Estado. Escritora, prosadora, articulista cultural, ela deixou um importante legado. A escritora nasceu no antigo arraial de Santo Antônio das Grimpas, nome poético da hoje metropolitana Hidrolândia em 25 de setembro de 1935.
A escritora ingressou no Grupo de Escritores Novos (GEN), juntamente com outros notáveis escritores, foi secretária de Cultura da cidade de Goiânia e pertenceu à União Brasileira de Escritores em Goiás. Marieta Telles Machado foi, também, pioneira da Literatura Infantil em Goiás, ao produzir os primeiros trabalhos da área, além de estudos teóricos, na defesa do Cerrado e das lendas e tradições.