Goiás paralisado
Diário da Manhã
Publicado em 25 de maio de 2018 às 00:55 | Atualizado há 7 anos
- Paralisação de caminhoneiros afeta aulas em escolas e universidades do País. Voos em Goiânia foram cancelados. Gasolina chega a R$ 10 no Distrito Federal e R$ 7 em Luziânia
A greve dos caminhoneiros afetou postos de combustível e provocou alta no preço de frutas e verduras em Goiânia. Mesmo com a situação caótica, os grevistas chegaram ontem a pôr fogo em vários pneus na GO-330, entre os municípios de Ouvidor e Anápolis, que é um dos 33 pontos que estão bloqueados. Conforme noticiado pelo Diário da Manhã na última terça-feira (22), o aumento do diesel pelo presidente Michel Temer (MDB) teve reflexo em vários setores da economia, e os manifestantes não recuaram e exigiram a redução do preço fixado. Para se ter uma ideia, as aeronaves do aeroporto Santa Genoveva estão praticamente sem combustível, mas o Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo no Estado (Sindiposto) disse que não tem informações a respeito do problema.
Por outro lado, o Tribunal de Justiça de Goiás (TJ-GO) determinou que caminhoneiros em greve devem liberar as rodovias federais BR-060 e 153, na altura da Capital goianiense. Na decisão, o juiz Ronnie Paes Sadre, da 6° Vara Cível da Capital, estabeleceu que caso haja descumprimento da medida haverá multa diária no valor de R$ 50 mil, o que teria papel fundamental para a resistência da greve. O magistrado disse ainda que a paralisação “não é um direito absoluto”. “A manifestação em voga inviabiliza a continuidade dos serviços públicos fustigados, tolhendo os direitos fundamentais assegurados aos demais cidadãos pela Constituição Federal, eis que estão sendo indubitavelmente impedidos de trafegar livremente pelas retro mencionadas rodovias federais”, afirma.
Até o momento, a paralisação nacional dos caminhoneiros teve reflexo nos preços dos alimentos nos supermercados. Apesar de a Associação Goiana de Supermercados (Agos) não ter informações acerca da falta de produtos, a Associação Brasileira de Supermercado (Abras) afirmou que encontrou dificuldades em algumas regiões do Brasil. Em nota, a entidade disse que “o problema poderá se estender em todo o País nos próximos dias”. Segundo a Abras, a falta de alimentos pode gerar aumento nos preços e consumidores não poderão contar com alguns produtos. Na Capital, em contrapartida, motoristas de transporte particular protestaram anteontem contra a alta do combustível nos postos, no Setor Central.
As manifestações contra o preço do combustível começaram na última segunda-feira (21). Além disso, a categoria exigia que o Projeto de Lei (PL) 528, que estabelece valor mínimo para frete, fosse sancionado pelo presidente Michel Temer. Ontem, a juíza Ítala Silva determinou por meio de liminar que os caminhoneiros liberem todas as rodovias do Estado no prazo máximo de 24 horas. Caso a determinação não for cumprida, a magistrada estabeleceu multa diária no valor de R$ 200 mil. Caminhoneiros de outros 24 Estados mais o Distrito Federal (DF) estão em greve, o que causou impacto na redução no número da frota de ônibus em várias cidades do País e desabastecimento de supermercado.
Na última sexta-feira (18), a Petrobras anunciou o quinto reajuste diário seguido no valor do óleo diesel, que começou a vigorar no sábado e foi o estopim para os atos nas rodovias do Brasil. A estatal subiu o valor do combustível em 0,80% e os da gasolina em 1,34% nas refinarias. Em comunicado oficial, e empresa disse que “as revisões de preços feitas pela Petrobras podem ou não se refletir no preço final ao consumidor”. “As distribuidoras não têm a Petrobras como seu supridor exclusivo e os demais produtores e importadores praticam sua própria política de preços”, finaliza.
ALIMENTO
A paralisação dos caminhoneiros autônomos teve impacto no setor produtivo de carne. Em nota, a Associação Brasileira das Indústrias Exportadores de Carne (Abiec) e a Associação Brasileira de Proteína Animal (Abpa) disseram que “o movimento é um direito da categoria, mas reafirmam a importância da manutenção do transporte de alimentos para a população”. Para as entidades, “as consequências já ganharam contornos graves e o setor produtivo entende que é necessário que sejam tomadas as devidas medidas por parte dos governantes para que a situação seja sanada o quanto antes”.
Por meio de nota, as duas instituições reforçam que estabelecimentos menores, especialmente de cidades do interior, os produtos já estão com o abastecimento comprometido. Os bloqueios impedem tanto o acesso dos insumos necessários à produção quanto o escoamento de alimentos. Ainda de acordo com a Abiec e Abpa, todos os dias, 1,2 containers de carne bovina deixam de ser embarcados por conta da paralisação. Já carne, frangos e suínos, 25 mil toneladas não são exportadas, o que equivale uma receita de US$ 60 milhões. Fornecedores também estão sendo afetados pela greve.
A manifestação em voga inviabiliza a continuidade dos serviços públicos fustigados, tolhendo os direitos fundamentais assegurados aos demais cidadãos pela Constituição Federal”Ronnie Paes Sadre, Juiz da 6° Vara Cível da Capital