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Reportagem Especial

Guerras e rumores de guerras: o cumprimento das Profecias do Fim dos Tempos?

O DM entrevistou o Reverendo e escritor Manauara Caio Fábio D'Araújo Filho sobre o assunto

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O conflito entre Israel e o grupo extremista Hamas tem raízes profundas que remontam a formação do Estado de Israel em 1948. Os palestinos reivindicam territórios historicamente significativos, enquanto Israel defende seu direito à existência e segurança. Desde então, confrontos e negociações têm sido intercalados, mas ainda assim a região continua sendo um caldeirão de tensões.

No último mês de outubro, um ataque orquestrado pelo Hamas a uma festa rave que ocorria em Israel foi perpetrado. Membros do grupo terrorista dispararam contra os participantes do evento resultando na perdas de milhares de vidas e no sequestro de outras centenas. O conflito já dura mais de 31 dias, intercalado com tentativas de negociações por um cessar fogo, novos bombardeios e novas baixas dos civis.

Com os fatos em tela ainda em curso, diversas teorias passaram então a circular pelas redes sociais, argumentando se esses eventos estão de alguma forma ligados às profecias religiosas. Alguns cristãos fundamentalistas veem esses conflitos como um sinal do fim dos tempos, baseando-se em interpretações bíblicas, como o Livro de Daniel e o Apocalipse.

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Os posicionamentos religiosos sobre o conflito, no entanto, variam amplamente. Há nestes casos, correntes teológicas que discordam sobre o significado de tais eventos em relação ao “fim dos tempos”.

O DM conversou sobre o assunto com o pastor e escritor manauara, Reverendo Caio Fábio D’Araújo Filho. Ele que atualmente é radicado no Distrito Federal (DF) argumenta que a teoria da possível ligação dos conflitos em curso com profecias bíblicas nada mais é do que uma invenção religiosa utilizada para criar o sentimento de “aflição” na sociedade.


		Guerras e rumores de guerras:  o cumprimento das Profecias do Fim dos Tempos?
Arquivo Pessoal Caio Fábio


“Isso é invenção religiosa para criar essa aflição que vai se generalizando, cobrindo a Terra inteira, e é essa aflição que mais provoca o perigo de uma hecatombe relacionada a esse tipo de guerra, onde um dos protagonistas tem provavelmente o terceiro exército mais bem armado do planeta, que é Israel, e luta contra um grupo terrorista” Reverendo Caio Fábio

Caio, ou “Caião” como é carinhosamente chamado por seus seguidores mais próximos, afirma que este frenesi escatológico criado pelo que ele chama de “profetas do fim do mundo” pode ser capaz de desencadear um conflito de proporções nucleares incluindo outros países próximos a Israel, como Irã e Síria.

“Existe um instrumental nuclear e de guerra muito maior que pode ser atiçado por esse Ocidente inteiro em estado de frenesi escatológico, promovido pelos profetas do fim do mundo, dentro da igreja especialmente, e é uma coisa que só começou a acontecer de 1948 para cá” Reverendo Caio Fábio

Caio se apresenta como voz dissonante do discurso que circula em vídeos virais pela internet, ele pondera que aqueles que creem que Jesus voltará por causa dos conflitos que ocorrem em Israel, por exemplo, estão muito enganados.

“Mas dizer que é por causa disso que Jesus vai voltar, eles estão muito enganados. Isso pode até acabar num conflito muito pior do que a gente jamais imaginou, e as pessoas ficarem olhando para cima, esperando Jesus voltar e Jesus não aparecer, como já aconteceu dezenas de vezes antes, por razões diferentes. Então, a ignorância é que cria esse espaço extraordinário para essa expectação escatológica, apocalíptica, mórbida.” Reverendo Caio Fábio

O Reverendo, que anualmente visita a “Terra Santa” guiando excursões, e marcando presença em locais com referências históricas para os Cristãos, disse a reportagem do DM que o conflito visto na região do Oriente Médio, entre Israel e Hamas, é um “negócio de família”.


		Guerras e rumores de guerras:  o cumprimento das Profecias do Fim dos Tempos?
Arquivo Pessoal Caio Fábio


“É um conflito que começou dentro da tenda do patriarca Abraão, entre Sarah e Agar e entre os filhos Isaac e Ismael. Esse negócio já tem quase 4 mil anos. É ódio de família, de vingança, uma situação que se acalmou durante muitos anos. [...]” Reverendo Caio Fábio

Caio prossegue argumentando que atualmente este e outros conflitos, procedem da ganância e da ambição.


		Guerras e rumores de guerras:  o cumprimento das Profecias do Fim dos Tempos?
Crédito: Hani Alshaer/Anadolu Agency via Getty Images


“Até 1948 exclusivamente a Palestina que cobria aquela região inteira do Oriente Médio e só passou a ter diferenciação outra vez entre palestinos de um lado e israelenses de outro depois de 1948. Então isso tudo é resultado da ambição como diz o irmão de Jesus o apóstolo Tiago, as guerras procedem do pecado da cobiça, da ambição, da ganância, da vontade de poder de dominação, é disso que toda a guerra nasce, dos interesses os mais medíocres dependendo inclusive da ocupação do lugar de comando. Se não fosse o Benjamin Netanyahu, o primeiro-ministro de Israel, isso não estaria acontecendo. Ele fomentou o que está acontecendo agora durante os últimos anos.” Reverendo Caio Fábio

Caio Fábio, que já foi um expoente “venerado” por uma ala do seguimento protestante brasileiro, hoje se apresenta como um ferrenho crítico das teorias que a tudo tentam “espiritualizar”. Ele que é fundador do “Movimento Caminho da Graça” ficou “irado” quando questionado sobre a possibilidade de uma “permissão divina” para que tamanhas barbaridades ocorram pelo mundo.

“Cara, Deus não tem bonecos. Deus não é manipulador. Eu fico vendo as vezes essas perguntas, elas me deixam irado. Essa é a minha resposta, eu fico irado de ver o seguinte, a gente acaba com a Terra [...] olha o que a gente está fazendo, a calamidade que está. Divino, é ação do homem desde a Revolução Industrial nos últimos 200 anos, e ninguém para. você pergunta por Deus? Deus é que está perguntando por ti, por mim, e perguntando aos homens, que diabo vocês se tornaram? O que vocês estão fazendo? Agora, querem o quê? Que Deus jogue um videogame? Que fique jogando aí, puxa para lá, puxa para cá, mata esse, tira aquele? Pelo amor de Deus, essa é uma pergunta que não mereceria nem resposta com o nome de Deus incluído.” Reverendo Caio Fábio

Ele prossegue dizendo que nestas situações Deus estaria dizendo: “me inclua fora dessa”

“Nossas guerras são feitas por aquilo que eu respondi há pouco, pelos nossos caprichos, ganâncias, dominação, pelo nosso narcisismo, pela vontade de controle, de escravização do próximo. Tem a ver com ser humano, deixa Deus longe. Deus é que diz, me deixa fora dessa, me inclui fora dessa. O juízo é de vocês e as consequências do que vocês fazem cairão exatamente na cabeça de vocês. É por isso que a gente foi criado com inteligência, com livre arbítrio, com possibilidade de bom senso, com capacidade matemática de fazer cálculos e de calcularmos que a conta é errada, alguém paga e no caso somos nós que dividimos o mesmo lugar comum chamado planeta Terra e aí ficam inventando bíblia para cá e para lá” disse. Reverendo Caio Fábio

Caio finalizou a entrevista pontuando que, o principal sinal do fim dos tempos está pautado nas palavras ditas pelo apóstolo Paulo, a apostasia da fé no Evangelho.

“Paulo disse que o principal sinal do final dos tempos não tinha nada a ver com Israel, tinha a ver com a apostasia da fé no Evangelho. Ou seja, o maior sinal do final dos tempos é o cristianismo ter se endiabrado e suas lideranças terem se satanizado e o povo ter caído numa alienação de demência absolutamente chocante, como a gente vê em todo o Ocidente da Terra entre os cristãos, na sociedade judaica cristã, no fanatismo islâmico e em alguns outros grupos que não são religiosos, mas são religiosamente fanáticos. Pelo poder e pela dominação. Paulo diz que esse é o sinal mais veemente da volta do Senhor, essa apostasia, que a meu ver já está insuportável” finalizou Reverendo Caio Fábio

O mundo permanece desafiado por complexas questões geopolíticas, e a esperança, certamente, está na capacidade da humanidade em superar diferenças e trabalhar unida para que seja construído um futuro mais pacífico. A compreensão das profecias religiosas devem ser acompanhadas de um apelo à moderação, ao diálogo e à cooperação internacional.

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