Cotidiano

Indústrias discutem defesa e segurança

Diário da Manhã

Publicado em 15 de agosto de 2018 às 04:01 | Atualizado há 4 meses

A cidade de Anápolis se pre­para para sediar um dos maiores eventos da área de defesa e segurança nacional, nos dias 16 e 17 de agosto próxi­mos, a Associação Comercial e Industrial de Anápolis e o Comi­tê da Indústria de Defesa e Segu­rança (Comdefesa-GO) vão rea­lizar o I Seminário da Indústria de Defesa e Segurança de Goiás. O evento com expectativa de pú­blico de 600 pessoas irá reunir im­portantes autoridades militares e políticas, além de empresas liga­das ao setor de Defesa. O objeti­vo é apresentar a cidade de Aná­polis como o melhor lugar para a implantação de um Centro de Aquisição do Ministério da Defe­sa, bem como a atração de empre­sas de nível 4.0 para a cidade.

A fim de viabilizar a conver­gência de união entre Indústrias, Forças Armadas e Universidade, que formam o Comdefesa-Goiás, durante o evento será firmado três importantes convênios: um Me­morando Interno entre UEG e o Departamento de Ciência e Tec­nologia Aeroespacial (DCTA) da Força Aérea Brasileira, que per­mitirá o convênio entre a Univer­sidade e o Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA); assinatu­ra da Declaração de Intenções para o estudo de implantação do Centro de Aquisição em Anápolis entre o Ministério da Defesa e os governos estadual e municipal; e também um Acordo de coopera­ção entre a Sudeco/FCO e a Acia – Comdefesa-Goiás, a fim de di­vulgar a viabilidade de financia­mentos para indústrias de Defe­sa de Anápolis.

COMDEFESA-GOIÁS

O Comitê da Indústria de Defe­sa e Segurança (Comdefesa-GO) é resultado dessas ações. A iniciati­va partiu da Acia e teve o apoio in­condicional da Federação das In­dústrias do Estado de Goiás (Fieg), que lançou o comitê no dia 26 de janeiro de 2018 na Casa da Indús­tria, em Goiânia.

O comitê atende aos padrões preconizados pelo Ministério da Defesa (MD) e é composto pelos representantes de 26 sindicatos fi­liados à Fieg e de mais seis repre­sentantes de entidades setoriais ligadas à cadeia produtiva do se­tor e instituições de ensino e pes­quisa. Por indicação do presiden­te da Fieg, Pedro Alves de Oliveira, o comitê é liderado por Anastá­cios Apostolos Dagios, presidente da Acia e Wilson de Oliveira, vice­-presidente da Fieg e presidente da Fieg Regional Anápolis.

O segmento de Defesa é res­ponsável pela geração de mais de 25 mil empregos diretos e 100 mil indiretos movimentan­do anualmente mais de US$ 3,7 bilhões, sendo US$ 1,7 bilhão em exportação e US$ 2 bilhões em importação, segundo dados da Associação Brasileira das In­dústrias de Materiais de Defesa e Segurança (Abimde).

PRESENÇAS

Estão previstas as presenças no evento de membros do Mi­nistério da Defesa; das Cidades; do governador de Goiás, José Eli­ton; de membros das Forças Ar­madas; do prefeito de Anápo­lis, Roberto Naves; de reitores de universidades; dirigentes em­presariais, diretores da Abimde, membros de Embaixadas e adi­dos militares; consultores de ne­gócios; investidores; diretores da Fieg e Fiesp, além de outras per­sonalidades do setor produtivo, científico e tecnológico. Entre os palestrantes o destaque é para o astronauta Marcos Pontes, que fará o encerramento do evento. Mais informações pelo site: aciaa­napolis.com.br/seminario2018

 

Anápolis na rota da base industrial de defesa

Anápolis é um dos melhores lugares para se investir e viver no Brasil, com clima ameno na maior parte do ano devido a altitude ele­vada, o município com quase 400 mil habitantes faz parte do segun­do maior corredor de desenvolvi­mento econômico do País, situa­do entre as capitais Brasília (130 Km) e Goiânia (50 Km).

Considerada a cidade mãe da capital federal, sua localiza­ção geográfica faz de Anápolis o “coração do Brasil” com o en­troncamento de três importan­tes rodovias federais BR 153 (Be­lém-Brasília), BR 060 e a BR 414, sendo que a BR 153 é o acesso ao norte do país, ou seja, o por­tal da Amazônia.

Além disso, o marco zero de interligação da Ferrovia Norte­-Sul com os ramais da Centro­-Atlântica (FCO) está no muni­cípio, ambas integradas com o Porto Seco Centro-Oeste. Trata­-se de um terminal alfandegado privado de uso público, destina­do à armazenagem e à movimen­tação de mercadorias importa­das, ou destinadas à exportação.

Na Estação Aduaneira, que fica dentro do Distrito Agroindustrial de Anápolis (Daia), as empresas que operam em comércio exte­rior encontram todos os serviços próprios reunidos em um só lu­gar, com a presença constante da Receita Federal do Brasil; Anvi­sa (Agência Nacional de Vigilân­cia Sanitária)–Ministério da Saú­de; e do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Além disso, segundo o superintenden­te do Porto, Everaldo Fiatkoski, a Estação de Anápolis possui auto­rização federal para receber e des­pachar cargas militares.

Pelos modais rodoviário e ferroviário o Terminal interliga todo o mercado do Centro-Oes­te a outros pontos do país, trans­formando grandes distâncias em distâncias economicamente competitivas e em breve estará interligado com o Aeroporto de Cargas da cidade, o que possibi­litará a operação da Plataforma Logística Multimodal da cidade, consolidando assim o Polo Lo­gístico de Anápolis.

Outro importante empreendi­mento da cidade é o Centro de Convenções, recém inaugurado e local de realização do I Seminário da Indústria de Defesa e Seguran­ça de Goiás. Esse empreendimen­to promete impulsionar o turismo de negócios na região.

SETOR PRODUTIVO

O tripé estrutural do desen­volvimento de qualquer região (Governo, Indústria e Acade­mia) está muito bem alicerça­do na cidade do interior goiano que tem cara de metrópole. Isso por que, além do Polo Logístico, estão consolidados em Anápo­lis os Polos Farmacêutico e Uni­versitário, que contribuem para puxar outros setores como co­mércio e construção civil.

As indústrias farmacêuticas instaladas dentro e fora do Daia fazem da cidade o 2º Polo Farma­cêutico do País e o maior fabrican­te de genéricos da América Latina. A cidade possui 10 faculdades e dois centros universitários, além de um Instituto Federal.

As principais instituições pú­blicas são a Universidade Esta­dual de Goiás (UEG), sediada em Anápolis, com dois campi e um Centro de Aprendizagem e Rede; e o Instituto Federal de Goiás, que além dos cursos técnicos de nível médio, oferece cursos de graduação e mestrado.

As principais instituições pri­vadas são a Faculdade Católica de Anápolis, com duas unida­des, o centro universitário Unie­vangélica e a Faculdade De Tec­nologia Senai Roberto Mange, que oferece cursos de gradua­ção nas áreas de exatas.

 

Acordo de cooperação entre Acia e UEG visa análise socioeconômica de Anápolis

Durante a 45ª Reunião Ordi­nária da Acia, realizada na últi­ma quarta-feira (8), a Associa­ção e a Universidade Estadual de Goiás (UEG), por meio do Com­defesa-Goiás, assinaram acordo de cooperação para promoção de interfaces entre o setor pro­dutivo e a academia.

O objetivo é realizar uma aná­lise socioeconômica de Anápolis a fim de viabilizar a implantação de um Centro e Parque Tecnoló­gicos em Anápolis. Segundo o reitor da UEG, professor Harol­do Reimer, uma área, aos fundo do Campus Henrique Santillo de Anápolis já foi disponibiliza­da para esta finalidade.

Ele também explicou que já foi criado um Grupo de Pesquisa em Desenvolvimento de Tecnologias Aplicadas (Gedetec), que irá atuar apoiando pessoas e organizações de Anápolis e, principalmente, do eixo Goiânia-Anápolis-Brasília. O Gedetec é formado por um grupo de dez professores-doutores do Campus de Ciências Exatas e Tec­nológicas (CCET) da UEG.

A partir desse acordo de coo­peração com a Acia e Comdefe­sa-Goiás, foi possível uma parceria com o Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA) da Força Aérea Brasileira, que per­mitirá o convênio entre a Univer­sidade e o Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA). Este convênio será firmado durante o I Seminário da Indústria de Defesa e Seguran­ça de Goiás, que será realizado nos dias 16 e 17 de agosto próximos.

O reitor Haroldo Heimer des­tacou que esse acordo visa pôr fim ao distanciamento histórico entre academia e setores produ­tivos, em contrapartida, o presi­dente Anastacios Apostolos Da­gios afirmou que os empresários precisam dialogar e utilizar me­lhor os recursos da universida­de a fim de potencializar ideias e recursos da iniciativa privada.

ALA 2 E GAP-AN

Em Anápolis está localizada a ALA 2 e o Grupamento de Apoio de Anápolis (GAP-AN), estratégi­cos e decisivos para garantir a se­gurança do espaço aéreo brasilei­ro. No projeto de reestruturação da Força Aérea Brasileira (FAB), além dos esquadrões Guardião (2º/6º GAV) e Jaguar (1º GDA), que já operavam na organiza­ção, o esquadrão Carcará (1º/6º) foi deslocado de Recife (PE) para compor a Ala 2. E a partir de 2019, a Unidade deve receber e sediar os caças suecos Gripen NG.

Por causa de todos estes moti­vos e também outros ainda mais estratégicos, em meados de 2015 a Associação Comercial e Indus­trial de Anápolis teve conheci­mento de que pela perspectiva da Escola Superior de Guerra, Anápolis reúne as condições mais favoráveis para sediar um Polo da Base Industrial de Defe­sa, seguimento que compreende armas, munições, veículos blin­dados, aeronaves, satélites, rou­pas e calçados, dentre outros.

E em junho do ano seguinte, em Reunião Ordinária na Asso­ciação, o presidente Anastacios Apostolos Dagios recebeu o en­tão Delegado Regional da Asso­ciação dos Diplomados da Esco­la Superior de Guerra (Adesg), o jornalista Gilberto Alves Ma­rinho. Ele destacou que o eixo econômico Brasília/Anápolis/ Goiânia, de acordo com estudos estratégicos do governo federal, vai ser, em 30 anos, o segundo mais importante do País, fican­do atrás, somente, do eixo Rio/ São Paulo. Isto significa mais in­vestimentos públicos e privados, melhoria na qualidade de vida e mais avanços educacionais para a região e também alertou que as lideranças de Anápolis precisa­vam se mobilizar.

A partir das informações for­necidas pela Adesg, a Acia in­tensificou a mobilização de todos os “stakeholders” do se­guimento empresarial, universi­tário, classista, então Base Aérea de Anápolis, hoje ALA 2 e Ga­pan, Militar do Planalto (Exér­cito) e do Fórum Empresarial da cidade, para perscrutar essa possibilidade, o resultado foi positivo, e a partir daí desenca­deou uma série de ações coor­denadas para a atração de em­presas desse seguimento para o município e que tem dado re­sultados significativos.

 

 

ENTREVISTA–ANASTACIOS APOSTOLOS DAGIOS, PRESIDENTE DA ACIA E DO COMDEFESA-GO

 

Quais as perspectivas de Anápolis com o novo Polo de Defesa do Brasil?

Anastacios Apostolos–Anápo­lis se tornou o maior Polo Indus­trial do Estado com ciclos econô­micos bem definidos: chegada da linha de trem (1936), construção de Goiânia (1947), construção de Brasília (décadas de 60/70), construção do Daia (inaugura­do em 1976), instalação do Porto Seco Centro-Oeste (1997-1999) e agora a expectativa da inaugu­ração do Aeroporto de Cargas da cidade. A perspectiva da classe empresarial com a implantação do polo é que um novo ciclo de crescimento se instale no muni­cípio como nos ciclos anteriores.

O que a Base Industrial de Defesa (BID) pode esperar desse novo polo?

Anastacios Apostolos–Devi­do Anápolis já ter um Centro Industrial e Comercial já con­solidado, a BID já encontrará as condições favoráveis neces­sárias, sobretudo com as faci­lidades que o Estado de Goiás já oferece; o acesso facilitado a recursos materiais devido à vo­cação logística da cidade e aos recursos humanos, com mão de obra especializada devido às uni­versidades presentes na cidade.

Quais as vantagens que a BID terá?

Anastacios Apostolos–A loca­lização estratégica da cidade no centro do Brasil e com proximi­dade a Brasília possibilita uma logística boa e barata, os incen­tivos fiscais são de baixo custo e as condições de financiamen­tos são facilitadas BNDS e FCO.

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