Interconf é encerrada com preocupação eleitoral
Redação DM
Publicado em 13 de setembro de 2018 às 04:07 | Atualizado há 7 anos
A 11ª Interconf (Conferência Internacional de Pecuaristas) encerrou-se ontem ao final da tarde, registrando o comparecimento de mais de mil pecuaristas, no Centro de Convenções de Goiânia. Os temas técnicos e econômicos predominaram na ampla programação. Mas, a preocupação com o destino político do Brasil ficou demonstrada durante os debates. Quem sucederá o presidente Michel Temer é a maior interrogação.
Sem citações de nomes, as lideranças querem alguém que disponha de uma pauta onde prevaleça a segurança jurídica, reformas básicas sem contingenciamento ideológico, eliminação ao máximo da burocracia, fortalecimento do Ministério da Agricultura, relações exteriores que promova os produtores agropecuários do País, logística nos transportes, inserindo ferrovia, hidrovia, rodovia e portos.
Praticamente, Maurício Velloso, que assumiu a Associação Nacional de Pecuária Intensiva (Assocon) num novo sistema de gestão descentralizada, constituiu-se no intérprete dos pecuaristas. Em sua opinião, “o Brasil precisa retomar a esperança”. Esse desejo significa a retomada do crescimento brasileiro. Conseqüente geração de empregos. Quanto à logística de transportes, lembrou que a Ferrovia Norte-Sul está em construção há mais de 30 anos.
“Por isso, pagamos um frete rodoviário que onera os grãos, carnes, frutas e hortaliças, refletindo no prato de comida de cada cidadão, sobretudo os mais pobres”, considerou o presidente da Associação Goiana do Novilho Precoce. Segundo ele, o produtor poderia estar escoando a soja, o milho, as carnes pelas hidrovias, com embarques nos portos de Santarém, no Pará, e outros em São Luis, Maranhão, Santos, São Paulo, entre outros.
O presidente em exercício da Faeg, Bartolomeu Braz, proclamou a necessidade de mudanças no Congresso Nacional. As “reformas de base são necessárias para o Brasil crescer”, disse. Antônio de Salvo, representante da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil, entende que “não se pode mais eleger um presidente errado”. Luciano Vaccari, de São Paulo, vê necessidade de uma reforma tributária, chamando a atenção para o ônus elevado nas taxações nacionais. E criticou as ações de caráter ideológico sobre o bem-estar animal e da preservação ambiental.
CONFINAMENTO RECUA
A elevação dos preços da soja e do milho freou o avanço do confinamento de bovinos. No ano passado, 3,3 milhões de animais foram terminados no cocho, número que deve se repetir em 2018, estima a Assocon. “Os custos aumentaram 25% em 2017, enquanto a arroba não se valorizou na mesma proporção”, na observação do gerente executivo, Bruno de Jesus Andrade.
No começo do ano, a entidade projetava um crescimento de 12% ante 2017, o que foi revisado depois de grandes confinamentos e boiteis de Mato Grosso e Goiás não fecharem o número de animais projetado, destacou na Interconf.
Maurício Velloso acredita que haverá um recuo no setor. Caso a perspectiva se concretize, o número de animais confinados no País chegaria a 2,9 milhões de cabeças neste ano. “Achamos que teríamos um aumento de 9% a 13%, mas depois da greve dos caminhoneiros, essa perspectiva deu ré e a queda deve ser de no mínimo 12%”, estima.
Velloso foi eleito na segunda-feira para compor o conselho diretor da associação, que também será formada por Sergio Przepiorka, dono do Boitel Chaparral, de Rancharia (SP), um dos maiores confinamentos de gado do Brasil, e por outro integrante não definido.
Embora tenha uma perspectiva mais otimista para o número de animais confinados neste ano, o gerente de confinamento da DSM, Marcos Baruselli, concorda que a elevação dos preços de soja e milho diminuíram o número de animais terminados no cocho. “Esperávamos algo em torno de cinco milhões de animais, mas esse número deve fechar o ano em torno de 4,7 mil cabeças.”
A má notícia para os pecuaristas é que os preços de soja e milho, que são base da alimentação do gado confinado, não devem ceder tão cedo. “A guerra comercial entre China e Estados Unidos deve fazer com que o Brasil exporte o máximo possível desses grãos e que o esmagamento de soja caia ao mínimo possível, para suprir a demanda por biodiesel. Com isso, vamos ter uma menor oferta de farelo e os preços serão sustentados”, disse Rafael Marsola, da Cargill.
EXPERIÊNCIA DO MÉXICO
Jesus Vizarra Calderón, presidente do grupo SuKarne, contou, ontem, sobre a história, desenvolvimento e desafios do líder mexicano na produção de proteína animal. É “algo” que chama a atenção, conforme confessou numa roda de conhecidos Janaína Flor, confinadora em Goiás, e que conhece esse gigante latino-americano.
Por 50 anos, a SuKarne tem sido um fator chave na transformação da indústria de carnes no México e no mundo, mantendo os mais altos padrões de qualidade e buscando a inovação contínua de seus processos.
A empresa criou processos operacionais inovadores, reestruturando os paradigmas da indústria e revolucionando o sistema de produção-comercialização, em benefício dos consumidores e de toda a cadeia de valor.
“Nosso modelo de negócios e filosofia operacional têm sido fundamentais para o desenvolvimento bem-sucedido e o crescimento constante”, revelou Calderón, apresentando, também, o lado social da corporação. Salud Digna, nome do programa de assistência, atua fortemente na prevenção de múltiplas doenças. Entre elas, combate ao câncer, exames de papanicolau, de vistas etc.
Em cerimônia realizada na residência oficial de Los Pinos, na Cidade do México, o fundador da instituição, Jesus Vizcarra Calderón, e o diretor geral, Juan Carlos Ordóñez, representando Digna Saúde para Todos IAP, que receberam pelo presidente da República, Enrique Peña Nieto, o Prêmio 2016 de Qualidade Nacional, a mais alta distinção mexicana de excelência e qualidade organizacional.