Justiça afasta subcomandante-geral da PM suspeito de liderar grupo de extermínio
Redação
Publicado em 5 de abril de 2018 às 03:29 | Atualizado há 4 meses
- Investigação não revela quem são os ex-secretário de Segurança e da Fazenda que podem estar envolvidos
O subcomandante-geral da Polícia Militar, coronel Ricardo Rocha Batista, que já é investigado na Operação Sexto Mandamento, foi afastado pela Justiça Federal em Formosa (GO) por suspeita de homicídios. O coronel e mais um grupo de policiais militares é apontado como autor de mais de 100 mortes em Goiás. A maioria das vítimas não tinha condenação judicial, incluindo adolescentes e crianças residentes no Entorno do Distrito Federal, onde o oficial é apontado como líder do bando. Segundo a Polícia Federal, o integrantes do grupo eram recompensados com dinheiro, veículos, promoções na corporação, dentre outros.
A decisão foi do juiz Luiz Rocha Cubas e proíbe o investigado de utilizar porte de armas, viaturas e a exercer qualquer função dentro da PM. Está liberado para trabalhar, somente nas funções administrativas, em locais afastados do policiamento das ruas. Esta decisão se deve pelo fato do oficial utilizar do exercício das funções para cometer fraudes processuais ou suspensões de provas, além de intimidar as testemunhas. O juiz relata que alguns informantes que poderiam ajudar a elucidar o caso se recusaram a colaborar com medo de se tornar vítimas do grupo de extermínio.
Em 2011, Ricardo ficou preso por quatro meses pelo mesmo motivo, porém foi liberado. No entanto, em 2016 foi absolvido por unanimidade da acusação de assassinar Alessandro Ferreira Rodrigues, o Nego Léo, em setembro de 2006.
Em nota, a Secretaria de Segurança Pública (SSP) informou que só pronunciará sobre o caso quando tomar conhecimento. A Polícia Militar não vai se pronunciar sobre o caso até que seja notificada.
OPERAÇÃO SEXTO MANDAMENTO
A decisão da Justiça faz parte do processo da Operação Sexto Mandamento, o nome é uma referência ao sexto mandamento da Bíblia; “Não matarás”. A primeira fase foi deflagrada no dia 15 de fevereiro de 2011, pela Polícia Federal em Goiás (PF). O objetivo é desarticular uma organização criminosa com alto poder de influência e de intimidação composta por Policiais Militares de Goiás das mais diversas patentes.
De acordo com as investigações da Superintendência da Polícia Federal em Brasília aponta 11 militares integrantes da organização que atuavam no Entorno e no norte do estado. O bando era financiado por políticos, fazendeiros e empresários da região que estão sendo investigados pela PF.
A organização criminosa, que é especialista na ocultação de cadáveres, tem como principal atividade a prática habitual de homicídios com a simulação de que os crimes foram praticados de outra forma, como um acidente de trânsito ou praticados em confrontos com as vítimas. Alguns crimes praticados pela organização criminosa, foram praticados durante o horário de serviço e com o uso de viaturas da PM.
Em novembro de 2016, a PF cumpriu 11 mandados contra 11 PMs acusados de integrar ao grupo de extermínio, além de expedir 17 mandados de condução coercitiva.
Entre os investigados, que não tiveram os nomes divulgados, ainda há um ex-secretário de Segurança Pública e um ex-secretário da Fazenda de Goiás.